Publicado 07/05/2022 11:08
Rio - Um professor que estava na Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, na Ilha do Governador, durante o ataque do aluno contra colegas, com uma faca, escreveu uma carta em que relembra os momentos de pânico, mas também de solidariedade e de comprometimento dos professores. "Os servidores públicos de todas as áreas estarão sempre ali, sendo o que de melhor podemos ser", ressaltou Bruno Silva de Souza, que leciona História.
O ataque do aluno do 8º ano, na manhã de sexta-feira, dia 6, deixou três colegas feridos, que já receberam alta. Segundo a mãe do jovem, de 14 anos, ele passa por tratamento psicológicos. A Polícia Civil segue investigando o caso, e trata a ação como ato infracional análogo a homicídio tentado.
O ataque do aluno do 8º ano, na manhã de sexta-feira, dia 6, deixou três colegas feridos, que já receberam alta. Segundo a mãe do jovem, de 14 anos, ele passa por tratamento psicológicos. A Polícia Civil segue investigando o caso, e trata a ação como ato infracional análogo a homicídio tentado.
Confira a carta do professor:
"Carta em tempos difíceis
Sou professor do município do Rio de Janeiro, estava atendendo responsáveis e alunos da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, na Ilha do Governador, nesta última sexta-feira. Em instantes, uma aluna chegou abraçada por colegas, chorando e com manchas de sangue no uniforme: "Me ajuda, tio!". Vou escutar por muitos dias aquele apelo, ver aquele sangue nas minhas mãos, estendidas para o amparo. Água não apaga.
O restante do ocorrido está noticiado. Mas como estava lá, onde estou todos os dias, trago uma narrativa complementar. Vi crianças em pânico, adultos em desespero, mas também vi, neste meio, alunos ajudando a acolher outros colegas; funcionários se dividindo em vários, buscando acalmar os pais (era dia de reunião) e conduzir as crianças; professores protegendo seus alunos, inclusive pondo em risco a própria integridade.
Sou professor do município do Rio de Janeiro, estava atendendo responsáveis e alunos da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, na Ilha do Governador, nesta última sexta-feira. Em instantes, uma aluna chegou abraçada por colegas, chorando e com manchas de sangue no uniforme: "Me ajuda, tio!". Vou escutar por muitos dias aquele apelo, ver aquele sangue nas minhas mãos, estendidas para o amparo. Água não apaga.
O restante do ocorrido está noticiado. Mas como estava lá, onde estou todos os dias, trago uma narrativa complementar. Vi crianças em pânico, adultos em desespero, mas também vi, neste meio, alunos ajudando a acolher outros colegas; funcionários se dividindo em vários, buscando acalmar os pais (era dia de reunião) e conduzir as crianças; professores protegendo seus alunos, inclusive pondo em risco a própria integridade.
É preciso mencionar o pronto atendimento da polícia, guarda municipal e bombeiros, que foram acionados imediatamente pela direção da escola, que chorava para dentro. Membros da Coordenadoria regional, o próprio prefeito Eduardo Paes, junto ao secretário de Educação. Quem trabalha lá na escola em outros dias ou horários se dirigiu prontamente para prestar auxílio e solidariedade.
A escola é um recorte do mundo, mas está dentro dele. É local de confrontos, conflitos mas, acima de tudo, conforto, e atenção individualizada a cada aluno e responsável. Sabemos hoje, mais do que há dois anos, a falta que o convívio e rotina escolares representam: da sociabilidade à segurança alimentar.
Infelizmente, o trágico é fluído como a água. Mas a escola pública e os servidores públicos de todas as áreas estarão sempre ali, sendo o que de melhor podemos ser.
Bruno Silva de Souza, professor de História ".
A escola é um recorte do mundo, mas está dentro dele. É local de confrontos, conflitos mas, acima de tudo, conforto, e atenção individualizada a cada aluno e responsável. Sabemos hoje, mais do que há dois anos, a falta que o convívio e rotina escolares representam: da sociabilidade à segurança alimentar.
Infelizmente, o trágico é fluído como a água. Mas a escola pública e os servidores públicos de todas as áreas estarão sempre ali, sendo o que de melhor podemos ser.
Bruno Silva de Souza, professor de História ".
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