Publicado 12/05/2022 22:38
Rio - Após a retirada do memorial criado por familiares e movimentos sociais em homenagem mortos na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio, o advogado que representa 14 famílias de 28 mortos durante a operação, João Tancredo, disse nesta quinta-feira (12) que vai entrar na Justiça para a solicitar a reconstrução do monumento. De acordo com o advogado, medidas serão tomadas para que o poder público refaça o memorial e que arque com os danos de sua destruição.
"Tomaremos medidas para que o poder público autorize a construção do novo memorial e seja obrigado a construí-lo - porque seus agentes o destruíram - e a mantê-lo de pé", explicou o advogado.
Relembre o caso
Uma placa de concreto com os nomes dos 28 mortos na Operação Exceptis, em maio do ano passado, foi demolida pela Polícia Civil na tarde da última quarta-feira (11), do interior da comunidade do Jacarezinho, com a justificativa de se tratar de apologia ao tráfico de drogas. Colocado por movimentos sociais, o memorial não tinha autorização da Prefeitura para ser construído em via pública. Além disso, continha o nome do agente André Frias, o único policial morto na operação.
A O DIA, a viúva do agente, Jaqueline de Souza, disse que não concordava com a inclusão do nome. "O André (Frias) confrontou para libertar os oprimidos pelo tráfico naquele ambiente hostil de criminalidade. Um homem íntegro, honesto, trabalhador e reconhecido policial. É um insulto à memória do nome dele, essa citação neste monumento em conjunto com os nomes de suspeitos e traficantes. Respeitem a minha dor", disse.
Para a ação de retirada, agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foram chamados. Uma corda foi amarrada ao bloco de concreto que continha os nomes fixados em pequenas placas de metal, e foi tracionada por um veículo blindado. Após a queda, os agentes usaram marretas para destruir o restante do concreto fixado.
A placa havia sido colocada na última sexta-feira (6), ocasião de um ano da operação. Para alguns movimentos sociais, a ação se tratou de uma chacina. Para a polícia, foi uma operação legítima.
Responsável pelo memorial, o Observatório da Cidade Integrada explicou que o monumento foi feito como parte de uma programação de atividades que marcaram um ano da operação policial.
“Tudo isso foi realizado visando mostrar que a violência não pode ser o único caminho do Estado se fazer presente nas favelas”, informou o Observatório em nota.
As investigações feitas pela Força-Tarefa do Ministério Público se encerraram no mesmo dia da inauguração do memorial. Nela, 10 das 13 investigações foram arquivadas. Os arquivamentos são relacionados a 24 das mortes. Já três agentes foram acusados pelo Ministério Público de execução; um quarto por fraude processual.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.