Publicado 18/05/2022 14:17
Rio - O sonho do casal Graziele Gomes da Silva, 20 anos, e Patrick Theylo Dantas, 21, de ter uma filha durou pouco menos de oito meses e terminou neste último Dia das Mães como caso de polícia. Segundo a jovem, a negligência dos profissionais do Hospital da Mulher Heloneida Studart (HMHS), em São João de Meriti, contribuiu para que ela perdesse a criança e, por pouco, também perdesse a própria vida. O caso foi registrado na 64ª DP (São João de Meriti) no dia 12 de maio.
Devido a complicações no final da gestação da filha Luna, Graziele e o marido buscaram atendimento no dia 30 de abril, na unidade de saúde, primeira da rede estadual de saúde totalmente especializada no atendimento às gestantes e bebês de médio e alto risco, além de ser a principal unidade de referência para este tipo de atendimento na Baixada Fluminense.
Graziele conta que ao chegar na unidade, por volta das 15h, informou que a bolsa havia estourado. Após realizar exames, a médica responsável disse que ela estava com 32 semanas de gestação, por isso deveria ficar internada por uma semana para que o bebê não nascesse tão prematuro. "Eu tive uma gestação muito tranquila, sem grandes problemas, mas realmente na fase final as coisas complicaram, mas eu nunca imaginei que poderia perder minha Luna", disse Graziele, que tem um filho de 1 ano chamado Gael.
Durante os dias internada, a paciente sinalizou que estava perdendo muito líquido e que não teria recebido atenção devida das enfermeiras. No dia 6 de maio, às 23h30, ainda internada, Graziele percebeu que já não sentia mais a filha se mexer na barriga. Uma enfermeira, com o uso de um aparelho sonar portátil, a examinou e com uso de três aparelhos diferentes, não constatou os batimentos do bebê.
"A gente não conseguia mais ouvir o som do coração, só dava apenas para ver um número no aparelho. Aí me disseram para ficar tranquila e ir dormir porque minha filha estava bem. No dia seguinte eu fui examinada novamente e a enfermeira disse que não havia batimento cardíaco", lembra a jovem.
Para Graziele, o erro da unidade foi não ter agido com urgência na noite anterior. Ela acredita que se tivesse alguma ação mais efetiva da equipe de plantão, talvez o bebê pudesse ter sido salvo. "Logo depois deles perceberem que, de fato, não havia batimento, me levaram às 12h para fazer uma ultrassonografia, onde tiveram a confirmação da morte. Depois me informaram que iam fazer o trabalho de indução do parto para a retirada do corpo do bebê", explicou.
No entanto, o casal foi informado que não havia médico naquele dia para fazer o procedimento e que teriam que esperar dois dias para que a remoção fosse feita. Com medo de também perder a esposa, Patrick assinou o comunicado de evasão hospitalar, quando o paciente sai do hospital sem autorização médica e sem comunicação da saída ao setor de internação.
O casal então buscou atendimento de urgência no Hospital Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 8 de maio. "Assim que eu cheguei a equipe prontamente iniciou os preparativos para o processo de indução, para que o corpo da minha filha fosse retirado. Foi um atendimento excelente e com urgência, como deveria ter sido no Hospital da Mulher, mas não foi", lamentou Graziele, que agora não corre mais risco de vida.
Graziele conta que ao chegar na unidade, por volta das 15h, informou que a bolsa havia estourado. Após realizar exames, a médica responsável disse que ela estava com 32 semanas de gestação, por isso deveria ficar internada por uma semana para que o bebê não nascesse tão prematuro. "Eu tive uma gestação muito tranquila, sem grandes problemas, mas realmente na fase final as coisas complicaram, mas eu nunca imaginei que poderia perder minha Luna", disse Graziele, que tem um filho de 1 ano chamado Gael.
Durante os dias internada, a paciente sinalizou que estava perdendo muito líquido e que não teria recebido atenção devida das enfermeiras. No dia 6 de maio, às 23h30, ainda internada, Graziele percebeu que já não sentia mais a filha se mexer na barriga. Uma enfermeira, com o uso de um aparelho sonar portátil, a examinou e com uso de três aparelhos diferentes, não constatou os batimentos do bebê.
"A gente não conseguia mais ouvir o som do coração, só dava apenas para ver um número no aparelho. Aí me disseram para ficar tranquila e ir dormir porque minha filha estava bem. No dia seguinte eu fui examinada novamente e a enfermeira disse que não havia batimento cardíaco", lembra a jovem.
Para Graziele, o erro da unidade foi não ter agido com urgência na noite anterior. Ela acredita que se tivesse alguma ação mais efetiva da equipe de plantão, talvez o bebê pudesse ter sido salvo. "Logo depois deles perceberem que, de fato, não havia batimento, me levaram às 12h para fazer uma ultrassonografia, onde tiveram a confirmação da morte. Depois me informaram que iam fazer o trabalho de indução do parto para a retirada do corpo do bebê", explicou.
No entanto, o casal foi informado que não havia médico naquele dia para fazer o procedimento e que teriam que esperar dois dias para que a remoção fosse feita. Com medo de também perder a esposa, Patrick assinou o comunicado de evasão hospitalar, quando o paciente sai do hospital sem autorização médica e sem comunicação da saída ao setor de internação.
O casal então buscou atendimento de urgência no Hospital Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 8 de maio. "Assim que eu cheguei a equipe prontamente iniciou os preparativos para o processo de indução, para que o corpo da minha filha fosse retirado. Foi um atendimento excelente e com urgência, como deveria ter sido no Hospital da Mulher, mas não foi", lamentou Graziele, que agora não corre mais risco de vida.
Procurada, a direção do Hospital da Mulher confirmou que Graziele deu entrada no dia 30 de abril relatando perda de líquido e contrações esparsas. Disse ainda que no mesmo dia a paciente recebeu antibióticos para tentar retardar o tempo de latência, como é chamado o período em que começam a dilatação e as contrações, com o intuito de adiar o parto para que o bebê pudesse ter maior tempo de formação dentro do útero.
Na nota enviada ao Dia, o hospital não citou o ocorrido no dia 6 de maio, quando Graziele relatou à enfermeira que já não sentia mais o bebê. "No dia 7, após avaliação diária da equipe, não foi identificado batimento cardíaco fetal. A equipe realizou uma ultrassonografia, que confirmou o óbito fetal", disse.
Ao explicar sobre o processo de indução, a unidade também não disse quanto tempo levaria até que o procedimento fosse realizado na paciente. "A paciente foi comunicada sobre o óbito e a equipe explicou sobre a necessidade da indução do trabalho de parto. A paciente, no entanto, não aguardou a transferência para o setor indicado para o início do procedimento e deixou o hospital por conta própria, no mesmo dia".
Por fim, o Hospital da Mulher lamentou o ocorrido e se solidarizou com a família. "O objetivo da equipe do HMHS é sempre prestar um atendimento com qualidade e humanizado."
Fim de um sonho
Salva e de volta para casa, Graziele e Patrick registraram todo o ocorrido na 64ª DP (São João de Meriti), que está investigando o caso. Para eles, a dor é grande, mas é preciso tomar alguma atitude para que outras mães não passem pela mesma situação.
"Vamos seguir em frente, agora é doar algumas roupinhas da Luna para outras crianças que vão precisar. É difícil, mas Deus sabe de todas as coisas. Era uma coisa que eu queria, era meu sonho ser mãe de menina. Tem um macacão dela que eu tenho desde quando eu brincava de boneca, era da minha prima e eu guardei esse tempo todo para que um dia eu usasse nela, mas infelizmente não deu tempo”, desabafou a jovem.
O corpo de Luna foi enterrado na última sexta-feira (13). Procurada, a Polícia Civil não informou se os profissionais do hospital vão prestar depoimento nos próximos dias.
Fim de um sonho
Salva e de volta para casa, Graziele e Patrick registraram todo o ocorrido na 64ª DP (São João de Meriti), que está investigando o caso. Para eles, a dor é grande, mas é preciso tomar alguma atitude para que outras mães não passem pela mesma situação.
"Vamos seguir em frente, agora é doar algumas roupinhas da Luna para outras crianças que vão precisar. É difícil, mas Deus sabe de todas as coisas. Era uma coisa que eu queria, era meu sonho ser mãe de menina. Tem um macacão dela que eu tenho desde quando eu brincava de boneca, era da minha prima e eu guardei esse tempo todo para que um dia eu usasse nela, mas infelizmente não deu tempo”, desabafou a jovem.
O corpo de Luna foi enterrado na última sexta-feira (13). Procurada, a Polícia Civil não informou se os profissionais do hospital vão prestar depoimento nos próximos dias.
Leia a nota do Hospital da Mulher na íntegra
"A direção do Hospital da Mulher Heloneida Studart (HMHS) informa que a paciente Graziele Gomes da Silva foi atendida na unidade, no dia 30/04/2022, relatando perda de líquido e contrações esparsas. Como estava na 32ª semana de sua segunda gestação, foi recomendada a internação, após a confirmação de que a bolsa havia se rompido antes do início do trabalho de parto.
No mesmo dia, a paciente recebeu antibióticos para tentar retardar o tempo de latência, como é chamado o período em que começam a dilatação e as contrações, com o intuito de adiar o parto para que o bebê pudesse ter maior tempo de formação dentro do útero. Além disso, foram realizados exames laboratoriais para rastreio de infecções e ultrassonografia para avaliação fetal.
Na enfermaria, a paciente teve o acompanhamento diário de equipe multidisciplinar, para avaliação de sinais de trabalho de parto prematuro, de infecção e da vitalidade fetal. Contudo, no dia 07/05/2022, após avaliação diária da equipe, não foi identificado batimento cardíaco fetal. A equipe realizou uma ultrassonografia, que confirmou o óbito fetal.
A paciente foi comunicada sobre o óbito e a equipe explicou sobre a necessidade da indução do trabalho de parto. A paciente, no entanto, não aguardou a transferência para o setor indicado para o início do procedimento e deixou o hospital por conta própria, no mesmo dia (07/05).
A direção da unidade lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com a família. O objetivo da equipe do HMHS é sempre prestar um atendimento com qualidade e humanizado."
No mesmo dia, a paciente recebeu antibióticos para tentar retardar o tempo de latência, como é chamado o período em que começam a dilatação e as contrações, com o intuito de adiar o parto para que o bebê pudesse ter maior tempo de formação dentro do útero. Além disso, foram realizados exames laboratoriais para rastreio de infecções e ultrassonografia para avaliação fetal.
Na enfermaria, a paciente teve o acompanhamento diário de equipe multidisciplinar, para avaliação de sinais de trabalho de parto prematuro, de infecção e da vitalidade fetal. Contudo, no dia 07/05/2022, após avaliação diária da equipe, não foi identificado batimento cardíaco fetal. A equipe realizou uma ultrassonografia, que confirmou o óbito fetal.
A paciente foi comunicada sobre o óbito e a equipe explicou sobre a necessidade da indução do trabalho de parto. A paciente, no entanto, não aguardou a transferência para o setor indicado para o início do procedimento e deixou o hospital por conta própria, no mesmo dia (07/05).
A direção da unidade lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com a família. O objetivo da equipe do HMHS é sempre prestar um atendimento com qualidade e humanizado."
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.