Publicado 21/05/2022 18:05 | Atualizado 22/05/2022 07:54
Rio - "Ele gostava de ajudar as pessoas, se via alguém sem camisa, morador de rua, ele dava a roupa do corpo. Um menino muito bom, bobo. Tanto que não correu", disse Sueli Santos, emocionada, à reportagem. Ela é mãe de Fabrício dos Santos Silva, 24 anos, conhecido como Salah e jogador do time de futebol amador São Caetano. Testemunhas ouvidas pelo DIA afirmaram que, por ele ser morador de Manguinhos, área do Comando Vermelho (CV), foi morto na madrugada deste sábado, ao entrar no Morro do Cruz, na Tijuca, região de atuação do Terceiro Comando Puro (TCP). O caso está sendo apurado pela Delegacia de Homicídios (DH).
De acordo com a mãe, Fabrício estava com dois amigos, em um bar de Manguinhos, quando soube de uma festa no morro do Borel, também na Zona Norte. Eles chamaram um Uber, que deixou os três no Morro do Cruz: uma extensão do Borel, dominada pela quadrilha de traficantes rivais que atua em Manguinhos.
Ainda de acordo com Sueli, os amigos, ao serem informados que não estavam no Borel, saíram correndo. Já Fabrício ficou conversando com uma moradora do local, que disse para ele ficar calmo e que o ajudaria.
"Os amigos me ligaram e contaram isso. Que ele ficou conversando, não correu. Eu fui lá, já era 4h30 da manhã, queria o meu filho. Bati na porta dessa moradora, ela não atendeu. O chinelo dele estava no chão. Fui para a delegacia", contou.
Após ir na delegacia do bairro, ela soube por policiais militares que um corpo havia sido encontrado na Rua Leopoldo, no Andaraí, e removido ao IML (Instituto Médico Legal). "Fui até o IML e ouvi o que não queria: era ele. A moça só me mostrou uma foto do rosto, eu reconheci. Mataram com tiros de fuzil nas costas. Não quis saber quantos, mas falaram que foi muito tiro", contou Sueli.
O velório de Fabrício será neste domingo, na Associação de Moradores de Manguinhos, a partir de 9h da manhã. O enterro está marcado para o mesmo dia, às 14h, no Cemitério do Caju.
Traficante Scooby teria ordenado morte, apontam áudios
Áudios obtidos pela reportagem e atribuídos a traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) apontariam conversas sobre a execução de Fabrício. Em um deles, que seria do criminoso Leandro Nunes Botelho, o Scooby, mostra a orientação para o crime. "Vamos ver qual é desse maluco aí, vamos ver qual é desse maluco aí, meu parceiro. Pega a visão geral: se ele tem família no morro, qual é a dele. Se ele for de Manguinhos, parceiro, não tem papo. Não tem papo, mano, não tem papo".
Scooby é líder do Morro dos Macacos, território invadido por traficantes do Comando Vermelho há dez dias. O criminoso, além de vender drogas, cobraria por taxas de internet e outros serviços a moradores e perdeu uma fonte de renda com a invasão. Ele atualmente estaria no morro São Carlos, de onde tenta retomar o local.
Homenagem de Copa amadora
Fabrício era jogador do time amador São Caetano e bastante atuante em campeonatos. A Copa Pedro Firmino, onde o time dele disputa jogos, fez uma homenagem em sua página.
Um vídeo, com a música 'Espera eu Chegar', composição de Mc Kevin o Chris e MC Caja, separaram os seguintes versos: "Que mundo é esse tão cruel que a gente vive? A covardia superando a pureza. O inimigo usa forças que oprime, oprimem. É, vai na paz irmão, fica com Deus. Eu sei que um dia vou te encontrar". Nas imagens, Salah aparece fazendo um gol.
Um vídeo, com a música 'Espera eu Chegar', composição de Mc Kevin o Chris e MC Caja, separaram os seguintes versos: "Que mundo é esse tão cruel que a gente vive? A covardia superando a pureza. O inimigo usa forças que oprime, oprimem. É, vai na paz irmão, fica com Deus. Eu sei que um dia vou te encontrar". Nas imagens, Salah aparece fazendo um gol.
Ao final do vídeo, aparece a mensagem: "Descanse em paz. A Copa Pedro Firmino lamenta profundamente o falecimento do jogador Salah, que era camisa 10 da equipe do São Caetano. Nossos sinceros sentimentos a toda família e amigos". Além de atacando do time, Fabrício era ajudante de cozinha em uma fábrica de salgados, em Bonsucesso. Ele andava com contracheque sempre no bolso, de acordo com a mãe, para mostrar que era trabalhador.
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