Publicado 24/05/2022 16:15
Rio - A cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, queria se tornar uma empresária de sucesso no ramo de apliques de cabelo. Sonhadora, ela correu atrás dos seus objetivos e já se considerava uma empreendedora bem sucedida. Gabrielle, porém, teve os planos interrompidos na madrugada desta terça-feira (24). Ela foi uma das 22 pessoas que morreram durante um confronto na Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte do Rio.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a moradora estava na Rua Dionísio, na Chatuba, na parte baixa do complexo, quando foi atingida. Socorrida para o Hospital Getúlio Vargas, a vítima de bala perdida não resistiu aos ferimentos e morreu. Viúva de um militar, Gabrielle deixou um filho de 17anos.
"Foi uma preta de periferia que conquistou o seu sonho. Infelizmente, mais uma vítima dessa situação de violência em que vivemos", lamentou a prima de Gabrielle, Monique Ferreira da Cunha.
No início desta tarde, Divone Ferreira da Cunha, de 74 anos, mãe de Gabrille, o filho dela, Mayan, de 17 anos, e Monique, estiveram no Instituto Médico Legal, para onde foi o corpo da vítima. De acordo com Monique, quando ela viu o nome de Gabrielle, em um noticiário da televisão, soube que se tratava da prima.
"Quando falaram da quantidade de mortos, pensei que a minha prima e o filho dela estivessem mortos. Só que o Mayan não estava na Penha com a Gabrielle. Na noite anterior, ele tinha ido para casa da avó (mãe da vítima) em Petrópolis (na Região Serrana do Rio)", contou Monique.
O rapaz foi avisado sobre a morte da mãe pelos amigos, por telefone, quando ainda estava em Petrópolis com a avó: "Eles (a mãe e o filho de Gabrielle) estão muito tristes. Fomos criadas juntas em Petrópolis, nós brincávamos quando crianças. Já adulta foi fazer um curso de cabeleireira em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e depois montou o salão dela na Penha", emociona-se Monique.
Gabrielle gostava de samba e quando era mais jovem, segundo Monique, desfilou como passista na Imperatriz. O pai de Gabrielle também é falecido e ela tem um irmão deficiente físico, que mora coma mãe em Petrópolis.
Investigações das mortes e violações
De acordo com a Ouvidoria e o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, desde cedo, os órgãos vêm recebendo informações da operação policial que ocorre na Penha. "Junto comas informações, os moradores pedem socorro enquanto relatam desespero, angústia e muito medo. Escolas, aparelhos públicos em geral e comércio local estão fechados", diz nota da Defensoria Pública.
A Ouvidoria e o Nudedh informaram ainda que estão no local auxiliando na orientação aos moradores, sistematizando as informações recebidas e solicitando ao Ministério Público e aos órgãos de controle interno da atividade policial, a adoção de todas as medidas para interrupção da violência no local e garantia de investigações das mortes e violações.
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