Governador Cláudio Castro participou do início do lançamento de câmeras em uniformes de PMsDivulgação / Rafael Campos
Publicado 30/05/2022 14:19 | Atualizado 30/05/2022 14:48
Rio - O governador Cláudio Castro voltou a comentar, nesta segunda-feira (30), sobre a operação que terminou com 23 mortos na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio. Segundo Castro, a apreensão de 13 fuzis e outras armas já justificariam a ação policial realizada na última semana. O governador lamentou as mortes e reiterou que o objetivo de prender lideranças da facção criminosa que domina a região foi válido. 
"Somente as armas apreendidas já demonstram a necessidade que se tinha de fazer aquela operação. Uma operação que visava prender líderes da facção criminosa mais perigosa do Rio", disse, durante evento de lançamento das câmeras nos uniformes da PM.
A ação na comunidade que integra o complexo de favelas da Penha, terminou com a apreensão de 13 fuzis, quatro pistolas, doze granadas e uma quantidade grande de drogas.
Castro pontuou ainda que é preciso saber diferenciar o morador honesto do traficante. "Eu, sinceramente, não vi nenhum especialista falando do prisma daquela quantidade de armas, que disse combater a criminalidade. Eu, sinceramente, não consigo entender o que moradores, ou supostamente moradores, estão fazendo em 'bondes', com armas, metralhadoras e granadas, às 4h30 da manhã. A gente precisa saber diferenciar morador honesto, morador trabalhador, desses que às 4h30 da manhã andam em 'bonde' fortemente armados, com metralhadoras e granadas", disse.
O governador reforçou ainda que a operação seguiu todas as regras necessárias para acontecer. De acordo com ele, a operação cumpriu a ADPF das Favelas, do Ministério Público do Rio (MPRJ), que restringe ações de segurança em comunidades. 
"Semana passada tivemos uma operação que foi muito criticada, mas é importante esclarecermos alguns pontos. O primeiro: foi uma operação que cumpriu totalmente os preceitos da ADPF (que restringe operações em favelas do Rio). O Ministério Público estava devidamente avisado, e foi uma operação conjunta com três forças: Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal. Demonstraram a integração que estamos fazendo entre as forças de segurança", comentou.
Na última quarta-feira (25), um dia após a operação, Castro já havia comentado a operação na comunidade da Penha. Em postagem no Instagram, ele pontuou a importância da retirada das armas das mãos dos traficantes: "Na operação de ontem na Vila Cruzeiro, agentes do @bope.oficial, @policiafederal e da @prfoficial @prf_rj apreenderam fuzis, pistolas, granadas e drogas que estavam com traficantes. Com essa apreensão, quantos tiros deixarão de ser dados em direção a cidadãos de bem do Rio, contra policiais, contra quem quer levar uma vida em paz?", perguntou. 
Na postagem, ele também mencionou o cumprimento dos protocolos estabelecidos pela ADPF e a comunicação do órgão. "Quem aponta uma arma contra a polícia está apontando uma arma contra toda sociedade. Isso jamais vamos tolerar. Eu luto por um Rio de paz. Toda morte é lamentável, mas todos sabemos que nossas responsabilidades impõem que estejamos preparados para o confronto".
Entidades criticam
Desde a operação, que é considerada a segunda mais letal do estado do Rio, entidades de direitos humanos vêm criticando a ação das forças de segurança. A Comissão de Direitos Humanos da OAB citou indícios de "execução" e "tortura" nas mortes de suspeitos na ação da polícia. A Anistia Internacional, organização de defesa dos direitos humanos, cobrou o governo, o MPF e o MPRJ a darem explicações sobre as mortes na Vila Cruzeiro.
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