Publicado 02/06/2022 12:43 | Atualizado 08/06/2022 09:29
Rio - A morte do repórter Tim Lopes completou 20 anos nesta quarta-feira (2) com um dia repleto de homenagens. Ele foi assassinado no dia 2 de junho de 2002, aos 52 anos, em um dos crimes mais chocantes da época.
Atualmente, entre os sete condenados pelo crime, dois morreram, entre eles, o Elias Maluco, encontrado morto em uma cela no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, em 2020. O criminoso foi o mandante do assassinato do jornalista. O outro, Xuxa, foi morto durante uma troca de tiros com o Bope em 2013. Entre o restante, quatro estão em liberdade e um permanece preso.
Uma instalação com fotos de Tim Lopes, acompanhada de um texto do jornalista Alexandre Medeiros, foi instalada na Cinelândia, em frente à Câmara dos Vereadores do Rio, nesta manhã. Alexandre, grande amigo de Tim, falou sobre a importância de relembrar a trajetória do jornalista durante esse período de ataques à figuras jornalísticas.
Uma instalação com fotos de Tim Lopes, acompanhada de um texto do jornalista Alexandre Medeiros, foi instalada na Cinelândia, em frente à Câmara dos Vereadores do Rio, nesta manhã. Alexandre, grande amigo de Tim, falou sobre a importância de relembrar a trajetória do jornalista durante esse período de ataques à figuras jornalísticas.
"Eu acho que é muito simbólico esse esses vinte anos dele nesse momento em que a imprensa está tendo tão atacada de diversas formas e o jornalista, no seu trabalho diário, também tem sido vítimas de agressões, de ataques. E a morte dele representa um pouco da imprensa livre, do exercício livre, da profissão. Então acho que nesse momento muito importante que que a gente sempre lembre da trajetória do Tim e do sacrifício dele", expôs. E completou, contando sobre sua vivência ao lado de Tim.
"Ele era superamigo meu, meu compadre, a gente se via sempre, um frequentava a casa do outro, ele sempre almoçava aqui em casa fim de semana, muitas vezes a gente tinha programa juntos, ia pra samba, pra Portela, pra Mangueira. Trabalhei com ele em várias redações. A gente estava escrevendo um livro juntos, que eu espero concluir esse ano ainda, que é um livro sobre sambistas que nunca tiveram o devido reconhecimento. Muito naquela pegada do Tim, né? De dar visibilidade de quem merece foi um pouco a pegada da vida inteira dele na no jornalismo."
Por volta das 10h, família e amigos do repórter se reuniram em uma missa no Santuário Cristo Redentor, em Santa Teresa. A celebração teve transmissão ao vivo no canal do Youtube.
Na parte da tarde, às 16h, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), realizaram um ato em homenagem a Tim, que foi feito no auditório do 9º andar da instituição, localizada na Rua Araújo Porto Alegre, 71, no centro da cidade.
A ABI também destacou a importância de retomar a memória a história de Tim. "No momento em que crescem os ataques a jornalistas — e à própria imprensa — no país, os 20 anos da morte de Tim Lopes se revestem de grande simbolismo. Segundo dados da Fenaj, foram registrados 430 ataques a jornalistas em 2021, o maior número desde que foi iniciado o levantamento, na década de 1990".
Nas redes sociais, o jornalista Bruno Quintella, filho de Tim, fez uma publicação em homenagem ao pai. "Vinte anos hoje, pai. Metade da minha vida sem você por perto, sem seu abraço, sem ouvir sua gargalhada, sem trocar ideias, sem ir aos jogos do Vasco. É uma saudade que não passa nunca. É uma dor que não vai acabar, mas que tentamos a cada ano — minha família, eu, seus amigos — a lidar com ela."
Tim Lopes já tinha mais de 30 anos de carreira quando foi brutalmente assassinado e já estava habituado a fazer matérias do mesmo tipo. Na época, ele decidiu fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da comunidade Vila Cruzeiro de que menores estavam sendo obrigadas pelos traficantes a participar dos bailes, usar drogas e se prostituir.
Por volta das 10h, família e amigos do repórter se reuniram em uma missa no Santuário Cristo Redentor, em Santa Teresa. A celebração teve transmissão ao vivo no canal do Youtube.
Na parte da tarde, às 16h, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), realizaram um ato em homenagem a Tim, que foi feito no auditório do 9º andar da instituição, localizada na Rua Araújo Porto Alegre, 71, no centro da cidade.
A ABI também destacou a importância de retomar a memória a história de Tim. "No momento em que crescem os ataques a jornalistas — e à própria imprensa — no país, os 20 anos da morte de Tim Lopes se revestem de grande simbolismo. Segundo dados da Fenaj, foram registrados 430 ataques a jornalistas em 2021, o maior número desde que foi iniciado o levantamento, na década de 1990".
Nas redes sociais, o jornalista Bruno Quintella, filho de Tim, fez uma publicação em homenagem ao pai. "Vinte anos hoje, pai. Metade da minha vida sem você por perto, sem seu abraço, sem ouvir sua gargalhada, sem trocar ideias, sem ir aos jogos do Vasco. É uma saudade que não passa nunca. É uma dor que não vai acabar, mas que tentamos a cada ano — minha família, eu, seus amigos — a lidar com ela."
O crime
O gaúcho Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, desapareceu no dia 2 de junho de 2002, enquanto fazia uma reportagem na comunidade Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio, sobre abuso de menores e tráfico de drogas em baile funks.
O repórter passou uma semana desaparecido até a polícia confirmar seu assassinato, no dia 9 de junho. Durante as investigações, testemunhas relataram que Tim teria sido sequestrado, torturado, julgado e morto por um grupo de traficantes liderados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco.
Depois de ser executado, o corpo de Tim foi carbonizado no que é chamado de "microondas", uma espécie de fogueira de pneus, onde a vítima é colocada entre eles. Os restos mortais do jornalista foram encontrados em um cemitério clandestino no alto da comunidade.
Com a demora do exame de DNA, que só ficou pronto quase um mês depois, no dia 5 de julho, confirmando que os restos mortais encontrados eram pertencentes a Tim, o enterro do jornalista ocorreu somente no dia 7 de julho.
Os condenados
No total, sete pessoas foram presas pelo crime e levados a julgamento em 2005. Elias Maluco, mandante do crime, foi preso no dia 19 de setembro de 2002, pouco mais de três meses após a morte do jornalista.
Elias Maluco teve a maior pena entre os integrantes do grupo e foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão. Elizeu Felício de Souza, o Zeu, Reinaldo Amaral de Jesus, o Cadê, Fernando Sátyro da Silva, o Frei, Cláudio Orlando do Nascimento, o Ratinho, e Claudino dos Santos Coelho, o Xuxa, foram sentenciados a 23 anos e seis meses de detenção. Já Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, recebeu pena de 15 anos.
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