Publicado 06/06/2022 19:27 | Atualizado 06/06/2022 19:32
Rio - O encontro da Sociedade Americana de Oncologia (Asco) termina nesta terça-feira, em Chicago, nos Estados Unidos. Esse evento é conhecido como o maior evento de oncologia do mundo e apresenta estudos que consolidam o que está na vanguarda do tratamento e diagnóstico de diferentes tipos de tumores. Nesse ano, a terapia celular foi apontada como o presente do tratamento de câncer.
“A edição deste ano nos mostra que a medicina personalizada por meio da imunoterapia e testes genéticos é um dos caminhos a se seguir no combate ao câncer", disse Daniel Herchenhron, coordenador científico da Oncologia D'or, que faz parte de uma comitiva com outros 44 funcionários da rede no local.
A terapia celular abre novos horizontes no combate a tumores considerados resistentes. Por meio de linfócitos retirados do próprio paciente, são cultivadas células in vitro que conseguem combater especificamente o tumor daquela pessoa. Essa nova geração se mostra promissora para tumores como melanoma, câncer de rim e até mesmo de pâncreas.
"Um dos casos apresentados traz boas perspectivas, inclusive, para o câncer de pâncreas, que hoje é um dos mais difíceis de se tratar. Neste caso o tratamento foi feito por meio de manipulação genética de células a partir de uma mutação comum no câncer de pâncreas”, completou.
Outro estudo registrou o sucesso do uso da imunoterapia em pacientes com câncer retal, sem necessidade do uso de terapias mais agressivas e cirurgias. “Alguns pacientes com tumor colorretal têm mutações chamadas de instabilidade micro satélite, altamente sensível à imunoterapia. Neste caso, pacientes foram tratados com imunoterapia. Naqueles em que a doença desapareceu, não foi necessário o uso de químio, rádio ou mesmo de cirurgia. Apesar de iniciais, os dados convertem para uma customização maior do tratamento baseada em estudos genéticos e com menor toxicidade com certeza”, relatou Herchenhorn.
Esse tratamento é um exemplo dos avanços da medicina que permitem uma realização personalizada a partir do DNA do paciente. É uma possibilidade que abre novos horizontes para aqueles que não conseguem uma boa resposta às terapias tradicionais. Herchenhorn ressalta que estudos apresentados na ASCO mostram que essa “medicina personalizada” também permite diagnósticos mais precisos, que ajudam na tomada de decisão do cuidado necessário.
Um exemplo são os estudos com uso de tecnologia ctDNA. Com fragmentos de tumores presentes na corrente sanguínea, chamados de DNA Tumoral Circulante, é possível projetar com mais precisão a detecção precoce do tumor e sua recuperação cirúrgica, contribuindo para o monitoramento. A tecnologia fornece mais informações para o oncologista decidir como proceder com a terapia.
De acordo com Herchenhorn, isso permite, por exemplo, avaliar melhor as chances de um tumor retornar a sua agressividade. Assim, o médico pode evitar o uso de tratamentos mais tóxicos em casos de menor risco. Estudos feitos em câncer de cólon apontaram que é possível indicar se será preciso quimioterapia pós-operatória baseado na presença de DNA tumoral circulante.
“O mais importante é que esses estudos apontam caminhos bem promissores e que podem modificar o modo como enxergamos a doença e como iremos tratá-la no futuro próximo. Não são perspectivas para daqui a 30, 40 anos”, concluiu o oncologista.
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