Publicado 21/06/2022 17:43
Rio - O delegado Luís Maurício Armond Campos, titular da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), foi ouvido nesta terça-feira (21) pelo Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio no processo ético-disciplinar movido contra o vereador Gabriel Monteiro por quebra de decoro.
Responsável pelo inquérito que apura a divulgação de um vídeo do parlamentar fazendo sexo com uma menor de idade, ele disse que a filmagem configura delito. Campos afirmou ainda que desconhece o motivo para ser apresentado como testemunha de defesa do parlamentar.
Após o seu depoimento, Campos informou que foram esclarecidos aos membros do Conselho de Ética alguns fatos com relação às investigações que já se desenvolveram e as que se desmembraram estão ocorrendo agora.
"Eu sou a pessoa que está investigando esses fatos. Eu preferi deixar que algumas conclusões sejam apresentadas no relatório. A que foi fundada foi apresentada e as demais serão avaliadas junto do contexto que está sendo apurado ao final do inquérito. Houve indiciamento (de Monteiro) com relação às filmagens com uma menor. Em relação a outros fatos, ainda estão sendo avaliadas provas e o contexto delas”, explicou o delegado. "Não faço ideia da estratégia deles (defesa de Monteiro)", completou.
De acordo com o delegado, estão sendo investigados no inquérito fatos como a exposição de pessoas em situação de vulnerabilidade, coação e peculato em função da utilização de servidores em funções diferentes ao mesmo tempo. O processo na Câmara Municipal pode levar à perda do mandato do vereador.
Ao final do seu depoimento, o delegado foi questionado por jornalistas sobre o vídeo feito com um morador de rua no qual ele é induzido a "roubar" a bolsa de uma mulher.
"A pessoa foi ouvida, agora temos que verificar a veracidade do vídeo, se foi editado ou não, apenas esses questionamentos que estão agora sendo necessários", afirmou.
Ao final do seu depoimento, o delegado foi questionado por jornalistas sobre o vídeo feito com um morador de rua no qual ele é induzido a "roubar" a bolsa de uma mulher.
"A pessoa foi ouvida, agora temos que verificar a veracidade do vídeo, se foi editado ou não, apenas esses questionamentos que estão agora sendo necessários", afirmou.
O delegado disse ainda que a questão da exposição das pessoas em situação de vulnerabilidade é uma situação de risco, que está sendo avaliada.
"São muitas questões. Há indícios de crimes e em outras não, embora existam fatos que supostamente não sejam verdade, mas não quer dizer que esses outros fatos também possam caracterizar crimes”, ponderou.
"São muitas questões. Há indícios de crimes e em outras não, embora existam fatos que supostamente não sejam verdade, mas não quer dizer que esses outros fatos também possam caracterizar crimes”, ponderou.
O delegado informou também que o inquérito está em fase de finalização das perícias e oitivas de pessoas citadas. No entanto, não há uma data prevista para a sua conclusão. Campos lembrou, porém, que o prazo para o término do inquérito é de 30 dias, podendo ser prorrogado.
O vereador Chico Alencar (Psol), relator do processo ético-disciplinar, considerou o depoimento de Campos positivo: "O delegado da 42ª DP confirmou que o inquérito que aborda a questão que ofende violentamente o Estatuto da Criança e do Adolescente, da menor de idade, ele está parcialmente concluído com a aferição de crime sexual, da ciência de que ela era menor de idade, da filmagem e do armazenamento das imagens. Isso por si só já configura um delito. Há também novas oitivas sobre coação e outras investigações".
Monteiro fala em experimento social
Também nesta terça-feira (21), o vereador Gabriel Monteiro explicou aos jornalistas que a produção de vídeos em que sua equipe pressionava e até pagava moradores de rua para que cometessem crimes contra mulheres seriam, na verdade, uma campanha contra o feminicídio.
"Eu paguei, sim. Mas era uma campanha contra o feminicídio, um experimento social, uma denúncia para que não aconteça com outras mulheres”, explicou Monteiro: "Aprendi a fazer isso com o Fantástico", completou.
O policial militar Pablo Foligno, que atua na escolta do vereador e que participou de um vídeo de Monteiro com uma pessoa em situação de rua, também prestou depoimento para a Comissão de Ética, mas saiu sem falar com a imprensa.
O policial militar Pablo Foligno, que atua na escolta do vereador e que participou de um vídeo de Monteiro com uma pessoa em situação de rua, também prestou depoimento para a Comissão de Ética, mas saiu sem falar com a imprensa.
O outro lado
Os advogados do vereador Gabriel Monteiro afirmaram que o delegado Luís Maurício Armond Campos, ouvido pelo Conselho de Ética, declarou que a menor que aparece no vídeo confirmou em depoimento que disse ao parlamentar ter 18 anos. Além disso, segundo a defesa de Monteiro, o delegado teria informado que há uma investigação em curso onde já se provou a ligação de Rafael Sorrilha (apontado por Monteiro como intermediário de uma empresa de reboques e também como responsável por forjar provas contra ele) com os ex-assessores do parlamentar.
Esses ex-funcionários, ainda conforme a defesa, acusam Gabriel Monteiro, deixando claro que "todas as denúncias foram motivadas pela prisão efetivada contra o empresário quando ele ofereceu dinheiro ao vereador para não divulgar a máfia dos reboques".
A defesa de Monteiro informou ainda que a testemunha Pablo Foligno afirmou que agiu em legítima defesa ao empurrar um homem que estava com uma pedra na mão durante a gravação de vídeo de experimento social contra o feminicídio. Neste momento, argumenta a defesa, as imagens demonstram que o parlamentar não estava mais presente no local.
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