Policia - Operaçao Policia Civil contra maus tratos de animais. Policiais da 81 DP e o grupo Nas Garras da Lei foram ate um endereço em Piratininga e constataram o fato. O responsavel pelo imovel foi conduzido a delegacia. Na foto, animais resgatados e examinados por peritos da policia civil.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Publicado 24/06/2022 14:04
Rio - A Polícia Civil realizou, nesta sexta-feira (24), uma operação contra maus-tratos a animais, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Os agentes da 81ª DP (Itaipu) verificaram denúnciais de vizinhos sobre um homem, identificado como Alessandro Gioseff, que mantinha cães e outros bichos em condições precárias. A ação teve o apoio da Perícia Técnica da instituição e da Frente Parlamentar de Defesa dos Animais Câmara da cidade. O denunciado conduzido para a distrital. 
A força-tarefa esteve na casa do denunciado, na Rua Orestes Barbosa, no bairro de Piratininga, e uma das agentes descreveu o local como "casa do terror". Segundo a assessora-técnica especial para os assuntos de perícia da Polícia Civil, Denise Rivera, o ambiente não tinha condições de ser habitado. Na residência, os policiais encontraram cachorros desnutridos, um jabuti morto, além de ovos de animais silvestres. 
"A casa não tem a menor condição de ser habitada. Na verdade, essa pessoa é um acumulador. Tem tudo que você imaginar, potes com água parada com larvas de mosquito, garrafas de cerveja quebradas, fios e, além disso, animais silvestres que ele estava criando. Encontramos ovos de animais silvestres, dois jabutis que estão sendo recolhidos, dois cães em péssimo estado, desnutridos, com bicheira. Mais do que caracterizados os maus-tratos aqui, além de que ele reproduz para vender animal silvestre, o que é proibido", afirmou Rivera. 
O homem pode ser autuado por maus-tratos e pela venda de animais silvestres. O primeiro crime pode resultar em pena de prisão de três meses a um ano, além do aumento de um sexto a um terço, nos casos da morte do animal. Já o segundo, é prevista detenção de 6 meses a 1 ano e multa. Os cães foram resgatados e encaminhados para uma clínica veterinária.
Após serem tratados, o projeto 'Nas Garras da Lei', de policiais civis voluntários, vai levar esses animais para um lar temporário, até que eles encontrem um tutor. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Animais, o vereador Daniel Marques (DEM), a Prefeitura de Niterói já havia ido ao imóvel, mas não conseguiu chegar a um acordo com o homem. 
"A gente tem recebido muitas notícias crime, muitas denúncias sobre essa condição. A prefeitura esteve lá uma vez e não houve consenso. É uma condição muito confusa, polêmica. Me parece ser uma pessoa, inclusive, com alguma patalogia psiquiátrica. A gente precisa avaliar isso tudo, mas os animais não podem ficar na condição em que estão, em pele e osso, completamente insalubre o local. Horrível a condição e quando não tem acordo, é preciso mostrar que maus tratos é crime e dá cadeia", disse o vereador. 
Em 16 de junho deste ano, a professora Mônica Macedo de Moraes, de 51 anos, que foi vizinha de Alessandro, gravou vídeos das condições em que a casa dele estava e da situação dos animais. Nas imagens, é possível ver o chão da residência suja, com diversos televisores espalhados, potes, sacos de rações, malas, garrafas pet e sacolas plásticas. Confira abaixo. O aposentado Jan Eggan, também vizinho,  relatou a precariedade do local e descreveu o denunciado como "uma pessoa ruim".
"Ele abandona os cachorros, não dá comida para eles de jeito nenhum. É um cara ruim, uma pessoa ruim, maltrata os bichos. Os vizinhos já denunciaram várias vezes, já vieram aqui várias vezes, também, mas até agora não deu resultado. Vamos ver se agora sai, né? Escuto (os cães) chorando a noite inteira, é um rotweiler que está sendo amarrado numa corrente, e a noite toda ele fica gemendo. Deve ter um oito ou dez cachorros. Estão muito maltratrados, vão na minha casa pedir comida. Uma providência tem que ser tomada o mais urgente possível, porque eu não suporto ver isso, me dá vontade de chorar".
A situação dos animais vem sendo denunciada há cerca de dois anos por Mônica. Ela conta que na primeira vez que relatou a situação, haviam cerca de 15 cães do homem nas ruas revirando o lixo em busca de alimento. A mulher então levou depoimentos e um abaixo-assinado para a prefeitura, que esteve no local. Entretanto, na ocasião, a veterinária constatou que os animais estavam em boas condições e aplicou apenas uma vacina antirrábica, porque eles vinham mordendo os moradores. 
Em outra ocasião, a filha da professora alimentava um cachorro que estava preso em uma árvora há cerca de três anos, quando um filhote se aproximou e, na tentativa de proteger o menor, acabou sendo mordida por ele. Houve uma confusão com o homem e eles foram encaminhados para a delegacia, onde a mulher fez uma denúncia sobre o caso. Segundo ela, os vizinhos temem denunciar Alessandro porque ele se descreve como "maluco". 
"Uma cachorra dele foi atropelada e eu bati aqui quase meia-noite e falei: "você é maluco, mas tem gente que é mais do que você. Cadê sua cachorra?". Ele não sabia, a cachorra ficou comigo, eu cuidei e a gente contatou o (vereador) Daniel, que conseguiu castrar os bichos, que a gente conseguiu tirar daqui. Inclusive, estou com quatro deles lá em casa. Estou com eles por livre e espontânea pressão, porque não posso, mas eu tenho coração, não vou largar na rua", disse Mônica. 
 
 
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