Parlamentar Benny Briolly recebeu ameaças e ataques por e-mailDivulgação
Publicado 28/06/2022 19:15 | Atualizado 28/06/2022 19:21
Rio - A Polícia Civil não encontrou comprovações de que o e-mail contendo ameaças e ataques à vereadora de Niterói Benny Briolly (Psol) tenha sido enviado pelo correio eletrônico do deputado estadual Rodrigo Amorim. O caso foi registrado na última sexta-feira (24) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
A mensagem, enviada no dia 25 de maio, continha o título "Já estou contando as balas", além de outras ameaças e ofensas racistas e transfóbicas. Nesta segunda-feira, Benny entregou o resultado da perícia particular contratada por ela e pelo Psol. A conclusão é de que o e-mail partiu de um "spoofing", um mecanismo criminoso no qual uma pessoa finge ser outra para acessar informações pessoais sensíveis.
Em nota, a vereadora informou que o endereço do correio eletrônico utilizado era do parlamentar que, na semana anterior, teria a atacado com xingamentos racistas e transfóbicos. Além disso, ressalta que ainda não há informações de quem foi o autor e o mandante das ameaças. 
Em um primeiro momento, Rodrigo Amorim afirmou tratar-se de uma montagem com fim eleitoral e registrou o caso na quinta-feira na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). No dia seguinte, o deputado foi até a Cidade da Polícia para entregar ao delegado uma autorização por escrito para quebra de sigilo de todos seus dados.
"Quase ao mesmo tempo, enquanto eu entregava autorização para a quebra do meu sigilo, a vereadora esteve na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e se recusou a abrir o e-mail para os investigadores da DRCI. Acho que aí fica bem claro quem quer esclarecer as coisas ou quem quer fazer falsa imputação de crimes", disse Amorim, que pretende processar Benny e o Psol pela acusação.
"Há vários crimes a serem investigados: o e-mail em si, contendo crime de racismo, de injúria e de ameaça, e a falsificação, que me imputou um crime de forma falsa e caluniosa", disse Amorim.
Confira a nota de Benny Briolly na íntegra:
"Eu, Benny Briolly, a primeira travesti parlamentar ELEITA no Estado do Rio de Janeiro, tenho o compromisso com a verdade, com o povo brasileiro e a democracia.

Depois da última ameaça de morte que recebemos, que constava enquanto remetente o endereço de e-mail de um parlamentar da Alerj, junto ao meu partido, contratamos uma perícia técnica para contribuir com as investigações.

Foi constatado que se trata de um “spoofing” - crime cibernético que ocorre quando alguém não quer ser identificado, se passando, assim, por um contato ou marca de relevância - feito por um PROFISSIONAL a mando de alguém ou por interesses próprios.

De imediato, acionamos as organizações que acompanham minha segurança e anexamos o relatório pericial hoje pela tarde nos autos do meu processo aberto na DECRADI.

É importante ressaltar que o endereço de e-mail utilizado pelo criminoso, através da prática de “spoofing”, era do mesmo parlamentar que dias antes em sessão na Alerj me atacou com xingamentos racistas e transfóbicos, referindo-se a mim da forma mais bárbara possível e segue respondendo criminalmente por tal.

Através do resultado da perícia, ainda não sabemos a verdadeira origem, nem o MANDANTE deste e-mail. O que sabemos é que continuo sob ameaça constante de morte e sem nenhuma resposta das investigações. Contudo, temos a certeza que ainda vivemos no país que mais mata LGBT’s no mundo e sob o governo fascista que ainda não respondeu QUEM MANDOU MATAR MARIELLE, tendo, inclusive, relações diretas com os executores do crime.

Hoje tenho mais de 30 ameaças de morte. Sou protegida do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos no Estado do Rio de Janeiro, meu caso é acompanhado por diversas instituições nacionais e internacionais. Ano passado tive que deixar meu país, fiz denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos, acionei diversas instâncias do Estado como Ministério Público, a Câmara Federal, a presidência do TSE, entre outros.

Não serei interrompida, assim como nenhuma de minhas irmãs. Vamos até o fim com essa investigação e com o compromisso de termos ainda mais mulheres pretas e travestis ocupando os espaços políticos na construção da democracia brasileira, iniciando e terminando seus mandatos.

Sigo à disposição para colaborar com as investigações, a fim de que achem quem são esses criminosos que insistem em atentar contra meu povo e o Estado Democrático de Direito."
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