Clientes viveram momentos de pânico durante assalto no Village MallFoto: Ag.News
Publicado 30/06/2022 15:15 | Atualizado 30/06/2022 16:30
Rio - A Polícia Civil apura se os relógios de luxo que foram roubados por cerca de dez criminosos no último sábado, dia 25, no Village Mall, teriam sido uma encomenda de criminosos paulistas, especializados nesse tipo de revenda e apelidados de 'Gangue do Rolex'. As peças podem custar entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. Segundo a Polícia Militar, cerca de 50 relógios foram levados, mas a quantidade oficial não foi divulgada. Durante o roubo, os bandidos mataram o segurança Jorge Luíz Antunes, de 49 anos.
A quadrilha atua em diferentes estados. Em setembro de 2021, a Polícia Civil de Recife, por exemplo, prendeu três homens que participaram de pelo menos dez roubos. "Sabemos que é uma organização especializada e que tem condições de verificar se os objetos têm valor", afirmou o delegado Felipe Monteiro, de Recife, na ocasião. Parte da quadrilha fugiu para São Paulo após os integrantes terem sido identificados. 
No início do ano, uma operação conjunta entre os Ministérios Públicos de São Paulo e Minas Gerais apreendeu 81 relógios de luxo. Apelidada de Diamante de Sangue, a ação teve como alvo uma loja multimarcas que foi acusada de receptação. A investigação teve início com um fato curioso: um promotor reconheceu o relógio Rolex que havia sido roubado do seu pulso na vitrine de uma loja. O estabelecimento que revendia o produto do roubo ficava dentro de um shopping. 
Criminosos de outros estados
Até o momento, a principal linha de investigação aponta que os autores do roubo da joalheria Sara, no Village Mall, sejam criminosos do Comando Vermelho, de outros estados, que passaram a se esconder no Rio de Janeiro. A migração, de acordo com a Polícia Civil, ficou evidenciada após as restrições de operações impostas pelo judiciário, durante a pandemia. Uma das quadrilhas, do Ceará, é chamada de Tropa do Lampião, e faz referência ao cangaceiro Virgulino da Silva (1898-1938), líder banditista, que também era visto como herói popular. 
A Polícia Civil, desde o ano passado, conforme já divulgado pelo DIA, apurou que líderes da facção, de pelo menos oito estados, já migraram para o Rio e se esconderam principalmente no Complexo da Penha, Rocinha e Maré. 
Mais especificamente, há a suspeita de que os autores da joalheria Sara sejam do Pará, já que uma filial da loja foi assaltada da mesma forma, em Ipanema, em 2019. Na ocasião, a polícia identificou cinco criminosos, sendo quatro oriundos do Pará. 
O Comando Vermelho passou a se fortalecer no Pará há cerca de cinco anos, após o traficante Alberto Bararuá de Alcântara, o Beto Bararuá, ficar preso em uma unidade federal de 2010 até 2012. No presídio, teve contato com criminosos de diferentes partes do Brasil, inclusive com chefes do Comando Vermelho, oriundos do Rio. E, após formarem uma aliança, para andar com mais facilidade pelas ruas, chefes da quadrilha do Pará preferiram migrar para o Rio.
Dados de inteligência apontam que pelo menos 60 criminosos do Pará estejam escondidos no Rio, principalmente na Rocinha. Anteriormente, eles estavam no Complexo da Penha, mas fugiram dias antes de uma operação das polícias militar, federal e rodoviária federal que deixou 23 mortos.
O roubo à joalheria segue sendo investigado pela Força-Tarefa da Polícia Civil.
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