Publicado 01/07/2022 16:22
Rio - Dois jornalistas foram agredidos por seguranças de uma boate na cidade de Petrópolis, na Região Serrana. As vítimas alegam que a agressão foi motivada por preconceito, já que os amigos são homossexuais e um deles utilizava acessórios considerados femininos.
O caso, ocorrido na sexta-feira passada (24) na boate Texas Lounge, localizada na Rua Alice Hervé, no bairro Bingen, começou quando os repórteres Vitor Matos e Lucas Alberguine se encontraram em uma parte mais destacada para conversar, por causa de um mal estar de Lucas, que precisou sair da pista de dança.
De acordo com Vitor Matos, ele e seu amigo estavam conversando quando foram surpreendidos de forma truculenta pelos seguranças, que os retiraram do estabelecimento usando força. Lucas, inclusive, chegou a ser arremessado da escada.
"Enquanto conversávamos alto e gesticulando, como todos que nos conhecem sabem que é do nosso perfil, seguranças vieram equivocadamente e confundiram nossa ação com uma briga. Tudo foi muito rápido e a ação deles em resposta ocorreu em segundos. Nós fomos simultaneamente agredidos de forma brutal, arrancados e levados para o lado de fora, com o máximo de força possível e sem qualquer tentativa de entenderem, o que havia acontecido", disse Vitor.
O caso, ocorrido na sexta-feira passada (24) na boate Texas Lounge, localizada na Rua Alice Hervé, no bairro Bingen, começou quando os repórteres Vitor Matos e Lucas Alberguine se encontraram em uma parte mais destacada para conversar, por causa de um mal estar de Lucas, que precisou sair da pista de dança.
De acordo com Vitor Matos, ele e seu amigo estavam conversando quando foram surpreendidos de forma truculenta pelos seguranças, que os retiraram do estabelecimento usando força. Lucas, inclusive, chegou a ser arremessado da escada.
"Enquanto conversávamos alto e gesticulando, como todos que nos conhecem sabem que é do nosso perfil, seguranças vieram equivocadamente e confundiram nossa ação com uma briga. Tudo foi muito rápido e a ação deles em resposta ocorreu em segundos. Nós fomos simultaneamente agredidos de forma brutal, arrancados e levados para o lado de fora, com o máximo de força possível e sem qualquer tentativa de entenderem, o que havia acontecido", disse Vitor.
Em seu relato, o jornalista conta que após os dois serem expulsos sem motivação alguma, dois dos seguranças ainda continuaram seguindo Lucas pela rua, até que um conseguiu se aproximar e passar a lhe dar socos nas costas, principalmente na região das costelas e dos ombros. Nem mesmo gritando, Lucas teria conseguido se desvencilhar das agressões. Em um certo momento, o homem conseguiu alcançar ele, passando a golpeá-lo com mais força, dando ainda mais socos, mas dessa vez, na cabeça.
Lucas diz que nesse momento se sentiu tonto e tentou fugir, mas sem sucesso, já que o segurança não só conseguiu alcançá-lo, como, segundo ele, também roubou sua bolsa e lhe fez ameaças.
"Ele [o segurança] me arremessou no chão, eu tenho a camisa que eu estava usando naquela noite aqui comigo, e assim que eu consegui me levantar e pude correr para beirada da rua, para conseguir fugir, ele mais uma vez me alcança e inicia uma nova série de socos. Não por satisfeito com a minha fragilidade, já encolhido no canto da parede, ele arrancou a minha bolsa da covardia, sem deixar me defender, porque a todo momento eu ainda gritava 'eu não estou entendendo nada, por favor, o que é isso?'. Quando ele pegou a minha bolsa, eu me deparei que, além de que era realmente uma atitude totalmente covarde, totalmente inesperada, ele praticamente roubou a minha bolsa", contou. Além disso, Lucas destacou que o segurança saiu de perto dele, segurando sua bolsa e gritando para todos que se ele voltasse a boate, ia "encher de socos e de porrada" e que "nunca mais ia chegar lá de novo", disse.
Vitor, por sua vez, alega ter sofrido ameaças, segundo ele, os seguranças mandaram ele "sumir dali e não arrumar confusão". Lucas, já agredido, conseguiu ligar para o amigo informando sua localização e sobre o roubo da bolsa.
"Eu tentei voltar pra boate e buscar a bolsa. Mas a recepcionista, que é esposa de um empresário responsável pelo evento, se negou a todas as minhas tentativas de pegar. Eu pedia e implorava, que só queria ir embora e precisava da bolsa, pois as chaves de casa e cartões estavam lá. Depois de dizer que não podia fazer nada pra me ajudar, ela estalou os dedos e acionou para que os seguranças me agredissem de novo. Sim! Mesmo me conhecendo e eu explicando que não sou de confusão em lugar nenhum, ela pediu para que eles me agredissem de novo", afirmou.
Na segunda vez em que foi agredido, Vitor diz que os homens lhe deram uma série de socos e depois também o jogaram de cima da escada, além de o arremessarem para cima das motos que estavam estacionadas no local: "Esse segundo episódio foi ainda pior e causou uma série de dores no corpo todo, inchaços, vermelhidão e o dia seguinte que estou quase todo na cama. Eu não consigo andar direito sem mancar, pois quase quebraram minhas pernas".
De acordo com Matos, durante todo o tempo das agressões, os seguranças diziam que ele poderia ligar para quem ele quisesse, pois ali "não adianta chamar ninguém". Foi nesse momento em que ele resolveu gravar por uns segundos o que havia acontecido, porém, quando os homens tomaram conhecimento do vídeo, foram atrás dele, que conseguiu fugir.
"Eu não acredito que nossa cidade está ficando dessa forma, com atendimento que nem entende as coisas e já vai na defensiva. E tem mais! Nossos amigos que ficaram na boate disseram que pelo menos outras quatro pessoas também foram expulsas e sofreram as mesmas medidas, durante aquela noite", desabafou.
A bolsa roubada pelos seguranças foi recuperada na mesma noite por outros amigos de Lucas e Vitor, que permaneceram dentro da boate. Segundo eles, o objeto foi entregue rasgado e totalmente revirado. Para Lucas, a única explicação para as agressões seriam as vestes utilizadas pelos amigos, já que nada de errado estava acontecendo no momento das agressões.
"As únicas perguntas que vinham na minha cabeça eram: com qual intuito? Por quê? Com que razão? Porque assim, meu amigo estava totalmente a caráter, vestido com um lenço, um echarpe LGBT, com blazer branco, totalmente militante com a escolha dele. Ficamos nos perguntando se fosse um homem alto, de postura de malhador, será que ele faria a mesma coisa? Ele tomaria a mesma atitude, teria o mesmo reconhecimento?", desabafou.
Tanto Vitor quanto Lucas foram bloqueados nas redes sociais da boate após tornarem as denúncias públicas em seu perfil e, segundo eles, os responsáveis pelo estabelecimento minimizaram toda a situação.
"Nós entramos em contato com um dos sócios da boate e a todo momento ele foi muito indelicado, afirmando que a culpa era nossa, que o comportamento dos seguranças se deu por conta da abordagem que o Vitor teve comigo, um pouco eufórico", disse Lucas.
Logo após as denúncias, o perfil do Texas Lounge publicou uma nota, confira:
"Repudiamos todo e qualquer ato de intolerância, opressão e/ou de violência. O Texas Lounge não compactua com práticas discriminatórias ou ofensivas, sejam elas em relação a gênero, orientação sexual, etnia, religião, ou qualquer tipo. A casa busca proporcionar a seus clientes, entretenimento e diversão com segurança, tendo como valores o respeito e a ética".
Lucas e Vitor registraram um boletim de ocorrência na 105ª DP (Petrópolis). A Polícia Civil informou que a vítima e testemunhas foram ouvidas pelos agentes. Diligências seguem para esclarecer o caso.
A boate Texas Lounge foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos.
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