Publicado 01/07/2022 16:55
Rio - Um plano para matar o delegado William Pena Júnior e o promotor André Cardoso foi descoberto após a verificação de um Disque-Denúncia, na manhã desta sexta-feira, dia 1º. A mensagem dizia que o agente penitenciário Alcimar Badaró, preso em maio deste ano pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), pretendia difamar as vítimas, afirmando que elas tinham ligação com milicianos, antes da execução.
Após a denúncia, uma revista foi feita na cela de Badaró por agentes da Sispen (Subsecretaria de Inteligência Penitenciária) da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária). Em uma área comum, um celular desbloqueado foi encontrado. Nele, a reportagem apurou que havia mensagens que apontariam a execução do plano. O aparelho ainda passará por perícia; a investigação ficará com uma delegacia especializada.
Enquanto era titular da Draco, Penha Júnior começou a investigação sobre a rede de contatos do miliciano Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça. Durante a apuração foi descoberto que Garça tinha influência dentro de presídios e uma extensa folha de pagamentos, que incluía agentes penitenciários e policiais da ativa. Entre eles, estava Badaró. Atualmente, o delegado é presidente do Detro-RJ (Departamento de Transportes Rodoviários do Rio).
Procurado pela reportagem, o delegado disse que a ameaça é resultado do seu trabalho. "Se isso for verdade é uma honra. Não posso é constar no rol de amizades deles. Só demonstra o quanto fiz meu trabalho de forma eficiente contra a milícia, o que não acontecia há anos. Nenhuma liderança ficou à vontade". A assessoria do Ministério Público disse que o promotor não irá se manifestar a respeito.
Badaró: policial penal era chamado de Badá por Garça
Chamado carinhosamente de 'Bada' pelo miliciano Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça, o policial penal Alcimar Badaró Jacques, um dos alvos da Operação Heron, deflagrada no dia 20 de maio, escondia um arsenal em casa: foram encontradas com ele pelo menos cinco pistolas e uma arma longa.
Uma quantia em dinheiro, separada em pelo menos 11 montinhos volumosos de notas de R$ 100, também estava no interior de sua residência. E era nela que o policial se encontrava com Garça para debater a segurança privada do miliciano. Badaró se referia ao criminoso como "empresário", conforme mensagens obtidas pela investigação, às quais O DIA teve acesso.
No dia 16 de fevereiro de 2021, Garça pede a Badaró por valores de VIP (segurança privada), já que ele estava participando de muitas reuniões. O agente público diz a Garça para que o deixe resolver, pois "se ele (miliciano) é empresário, será até o final". O miliciano responde, então, que sentiu "firmeza na dinâmica de trabalho". O policial penal solicita que Garça vá até a sua residência para ambos conversarem.
Garça chega a elogiar outra segurança que Badaró fez: "Eu observo tudo, as técnicas usadas", disse.
Em outro diálogo, Badaró aponta que Garça possuiria influência dentro do sistema penal. "O amigo (não identificado) já foi orientado a fazer tudo que o Marcelo (também não identificado) mandá-lo fazer. (...)Tudo que for pedido pela nossa organização, será feito sem hesitar", disse o policial ao miliciano.
No dia 16 de fevereiro de 2021, Garça pede a Badaró por valores de VIP (segurança privada), já que ele estava participando de muitas reuniões. O agente público diz a Garça para que o deixe resolver, pois "se ele (miliciano) é empresário, será até o final". O miliciano responde, então, que sentiu "firmeza na dinâmica de trabalho". O policial penal solicita que Garça vá até a sua residência para ambos conversarem.
Garça chega a elogiar outra segurança que Badaró fez: "Eu observo tudo, as técnicas usadas", disse.
Em outro diálogo, Badaró aponta que Garça possuiria influência dentro do sistema penal. "O amigo (não identificado) já foi orientado a fazer tudo que o Marcelo (também não identificado) mandá-lo fazer. (...)Tudo que for pedido pela nossa organização, será feito sem hesitar", disse o policial ao miliciano.
Na época, Garça era o terceiro na hierarquia da milícia então comandada por Wellington da Silva Braga, o Ecko. O chefe da milícia foi morto quatro meses depois, em operação policial. Informações policiais dão conta de que Garça também teria sido morto, dez dias antes de Ecko, pela própria quadrilha. A defesa de Badaró não foi localizada.
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