Publicado 04/07/2022 14:38
Rio - Foi divulgado nesta segunda-feira (4) o laudo de exame complementar de pesquisa de substância tóxica em amostra biológica no material gástrico de Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos. No resultado foram encontradas evidências da presença dos compostos carbofurano e terbufós, assim como compostos de degradação, que são substâncias pesticidas. Cíntia Mariano Dias Cabral, madrasta do estudante, suspeita de envenená-lo durante um almoço de família, está presa por tentativa de homicídio. Ela ainda é acusada de matar em março deste ano Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, irmã de Bruno.
O laudo é baseado na análise realizada no Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesta primeira análise, foi observado que os pesticidas estavam divididos em quatro grânulos esféricos diminutos, de colocação azul escura, no organismo do adolescente.
Segundo o documento, uma nova análise do material foi realizada utilizando um método com maior sensibilidade e resolução. Em um primeiro momento, o laudo foi feito pelo Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto (IMLAP), da Polícia Civil. Dessa vez, o método usado foi a espectrometria de massas de alta resolução.
"O material analisado apresenta evidências da presença dos compostos Carbofurano e Terbufós, assim como seus compostos de degradação. Ambos compostos relatados acima são pesticidas, sendo o Carbofurano do grupo dos Carbamatos e o Terbufós da classe dos Organofosforados", aponta o documento, assinado pela perita Aline Machado Pereira.
Bruno Carvalho começou a se sentir mal minutos após deixar a casa do pai, onde Cíntia também morava, no dia 15 de maio, após um almoço em família. Na ocasião, o cardápio foi composto por feijão, arroz, bife e batata frita e, de acordo com o inquérito, somente o feijão do estudante foi envenenado. O adolescente teria dito que o alimento estava com gosto amargo e, por isso, o colocou no canto do prato. A madrasta, então, pegou o prato, levou até a cozinha e colocou mais comida.
Depois disso, Bruno foi levado para a casa da mãe, Jane Carvalho Cabral, que ligou para o ex-marido relatando os sintomas do menino, parecidos com os sofridos pela filha do casal, Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, que morreu em março deste ano. Ele foi levado ao Hospital Municipal Albert Schweitzer e foi submetido a uma lavagem gástrica. Na unidade, a equipe médica constatou a intoxicação exógena.
De acordo com a mãe do jovem, ele teria relatado que passou mal após comer "umas pedrinhas azuis que estavam no feijão", além de ter contado que Cíntia teria apagado a luz da cozinha no momento em que colocava a comida dele. Na delegacia, a madrasta afirmou que as bolinhas vistas por Bruno eram um tempero de bacon.
Cíntia também é suspeita da morte de Fernanda. A jovem chegou a ser internada na mesma unidade de saúde que seu irmão, mas como não teve um diagnóstico fechado, morreu. A madrasta também é a principal suspeita da morte de um ex-namorado, o dentista Pedro José Bello Gomes, em 2018; e de um vizinho, o representante farmacêutico Francisco das Chagas Fontenele, em 2020.
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