Publicado 04/07/2022 20:56 | Atualizado 04/07/2022 21:18
Rio - A Justiça do Rio realizou, nesta segunda-feira (4), a primeira audiência do caso envolvendo dois jovens acusados de roubar celular de um turista maranhense em Ipanema, na Zona Sul. Marcos Tavares Carreiro e Kawan dos Reis Azeredo, apontados como responsáveis pelo crime que aconteceu no dia 28 de fevereiro, as duas vítimas e sete testemunhas foram ouvidas pelo juízo da 14ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
De acordo com a Justiça, as vítimas, residentes do Maranhão, não puderam comparecer ao Rio para a audiência, por isso as tratativas foram feitas por chamada de vídeo. Já Marcos e Kawan, além de quatro testemunhas de acusação e três de defesa, foram ouvidos pelo juiz Marcello de Sá Baptista a sentença só deve ser proferida no prazo de 30 dias.
Os dois jovens foram presos no fim da tarde do dia 28 de fevereiro. À época, a cidade, que havia desmarcado o Carnaval por causa dos casos de covid-19, recebia turistas para a semana de feriado. Marcos e Kawan passavam pelo calçadão da Praia de Ipanema, na altura do Arpoador, quando foram abordados por policiais militares. Os agentes buscavam os responsáveis pelo roubo de um celular de uma turista maranhense.
Mesmo sem estar com o aparelho da vítima, os dois foram detidos pelos policiais e levados para a 14ª DP (Ipanema) e, em seguida, encaminhados para a cadeia em Benfica. Marcos e Kawan ficaram presos por dois dias e foram soltos no dia 2 de março, após a defesa dos acusados conseguir a liberdade condicional.
"Às vezes bate uma angústia. A gente fica lembrando das coisas que não é para lembrar. Sonhar com isso é muito ruim. Lembrar como foi ficar sem comer, sem tomar banho direito, não é a mesma coisa que ficar em casa. Quando a gente é abordado a gente tem que falar que tem passagem sem fazer nada. Ao ponto que eles perguntam o que a gente fez, temos que falar o artigo sem ter feito nada", disse Marcos após a audiência, ao RJTV, da TV Globo.
O jovem, que atua como instrutor em uma ONG de percussão e em outra como aluno de teatro, já havia falado sobre a injustiça sofrida em março, quando saiu da cadeia de Benfica: "Prenderam porque sou preto. É isso. (...) Sei nem o que eu vou fazer da minha vida agora. Sei nem se eu vou conseguir dormir. Como vou dormir? Não durmo desde que fui preso. Como vou dormir na minha casa? Fiquei imaginando a cara dos meus pais ao descobrirem isso", lembrou.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.