Publicado 10/07/2022 01:00
Não é só a violência que marca a história do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. A comunidade é uma das localidades que estão expostas à falta de saneamento básico, um problema que atinge cerca de 35% da população da capital fluminense, segundo dados da ONG Trata Brasil.
A questão, considerada de saúde pública, tem chamado atenção de autoridades e fez com que a Secretaria Municipal de Habitação destinasse R$ 100 milhões para obras de urbanização na região, que engloba 13 comunidades e ficou mundialmente famosa após o assassinato do jornalista Tim Lopes por traficantes e ainda fica a menos de um quilômetro do Complexo do Alemão.
O secretário municipal de Habitação, Gustavo Freue, explica que o programa retoma à comunidade para a fase de complementação e deve abranger uma área de mais de 260 mil m², onde estão mais de 4.030 residências. “Vão impactar positivamente a vida do morador e da economia dessa região, possivelmente com a geração de, pelo menos, 1.500 postos de trabalho para atuação nas intervenções”, ressalta.
O projeto ainda engloba a criação de novas vias para aumento da capilaridade no tecido urbano, implementação de novas redes de água, estações elevatórias e novos reservatórios, sistema de drenagem pluvial, além de novas redes de esgotamento sanitário. “A região receberá também melhorias na iluminação pública com a substituição das lâmpadas antigas por LED e obras de contenções em locais de necessidades”, explica Freue.
Ainda estão previstos, para as duas localidades, a construção de praças, prática de esportes, espaço cultural, Academias da Terceira Idade (ATIs) e recreação infantil, além de projetos de paisagismo.
Para toda capital, a Secretaria Municipal de Habitação prevê investimentos de R$ 500 mi em ações de urbanização integrada e regularização fundiária para atender, no mínimo, 22 comunidades e mais de 80 mil pessoas.
Quem comemora é a manicure Aline Maria de Menezes, de 36 anos, que sai para trabalhar até no sábado mas, é através do recursos que realizará o sonho da casa própria, junto com o marido e a filha de 15 anos. Moradora da Vila Cruzeiro há três décadas, no Complexo da Penha, Aline será uma das contempladas com os próximos investimentos do Programa Morar Carioca. "Essa obra não vai beneficiar só a minha família, mas a todos da comunidade. Traz dignidade", resume Aline.
Segundo outros moradores, a melhoria na infraestrutura deixa uma realidade de medo para trás. Entre os contemplados com novas moradias do programa, há esperança de deixar o local de risco, tanto por inundações quanto pela proximidade de valas de esgoto, que costumam entupir. "Vou sair do olho do furacão com a casa nova. Onde vivo, a vala escorre o morro abaixo. Minha filha caçula já teve vários incidentes de diarreia vômitos e doenças de pele também", relata o vidraceiro Luiz Carlos Santos da Conceição, de 40 anos, que já teria perdido um vizinho por causa destas condições no Cariri.
Segundo outros moradores, a melhoria na infraestrutura deixa uma realidade de medo para trás. Entre os contemplados com novas moradias do programa, há esperança de deixar o local de risco, tanto por inundações quanto pela proximidade de valas de esgoto, que costumam entupir. "Vou sair do olho do furacão com a casa nova. Onde vivo, a vala escorre o morro abaixo. Minha filha caçula já teve vários incidentes de diarreia vômitos e doenças de pele também", relata o vidraceiro Luiz Carlos Santos da Conceição, de 40 anos, que já teria perdido um vizinho por causa destas condições no Cariri.
Comunidade que começou na escravidão
Um reduto de escravos foragidos - foi assim que começou o Complexo da Penha. Era o acolhimento de um padre abolicionista, administrador da região, que atraía os rebeldes. Com o tempo, formou-se um quilombo e era necessário passar pelo Morro do Alemão, Morros da Fé e Juramento, até chegar ao Morro da Serrinha, local do retiro.
A Vila Cruzeiro era chamada de Quilombo da Penha e, após a abolição da escravatura, o Complexo da Penha virou referência para o samba e o carnaval. No início do século XX, a área sediou a Festa da Penha, que contribuía para as folias carnavalescas da cidade.
Com o tempo, o conjunto de 13 comunidades também abrigou outros povos como nordestinos e portugueses, que desenvolveram o comércio local. A região ainda ficou conhecida por ter dois dos seus filhos grandes mestres de capoeira, os mestres Touro e Dentinho, percussores no sucesso internacional do esporte, além de ser referência em festa junina, com fogueiras que ficavam acesas por mais de quatro dias no Grotão.
Mas vem do futebol um dos seus ex-moradores mais famosos, o jogador Adriano Leite Ribeiro, o Adriano 'Imperador', que foi nascido e criado na Vila Cruzeiro. Adriano se destacou em títulos nacionais do Flamengo e do Brasil pela Copa América de 2004 e Copa das Confederações de 2005. Como também em polêmicas com amigos da comunidade.
Hoje, estima-se que a população total seja de aproximadamente 100.000 habitantes em uma extensão territorial de 580 mil metros quadrados.
A Vila Cruzeiro era chamada de Quilombo da Penha e, após a abolição da escravatura, o Complexo da Penha virou referência para o samba e o carnaval. No início do século XX, a área sediou a Festa da Penha, que contribuía para as folias carnavalescas da cidade.
Com o tempo, o conjunto de 13 comunidades também abrigou outros povos como nordestinos e portugueses, que desenvolveram o comércio local. A região ainda ficou conhecida por ter dois dos seus filhos grandes mestres de capoeira, os mestres Touro e Dentinho, percussores no sucesso internacional do esporte, além de ser referência em festa junina, com fogueiras que ficavam acesas por mais de quatro dias no Grotão.
Mas vem do futebol um dos seus ex-moradores mais famosos, o jogador Adriano Leite Ribeiro, o Adriano 'Imperador', que foi nascido e criado na Vila Cruzeiro. Adriano se destacou em títulos nacionais do Flamengo e do Brasil pela Copa América de 2004 e Copa das Confederações de 2005. Como também em polêmicas com amigos da comunidade.
Hoje, estima-se que a população total seja de aproximadamente 100.000 habitantes em uma extensão territorial de 580 mil metros quadrados.
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