Publicado 13/07/2022 14:23
Rio - Além do estupro cometido pelo anestesista Giovanni Quintella Bezerra e das denúncias de outras cinco vítimas, a Delegacia da Mulher (Deam) de São João de Meriti investiga se o médico também cometeu o crime de violência obstétrica. Na noite desta terça-feira (12), o médico foi transferido para o presídio de Bangu 8, no Complexo de Gericinó, após audiência de custódia que transformou a prisão em flagrante para prisão provisória.
Ao dar entrada no presídio, Giovanni foi alvo de hostilidade por parte outros presos. Por ter ensino superior e direito a uma ala especial, mas acima de tudo por uma questão de segurança, o anestesista foi posto em uma cela individual de 36m², apartado dos outros detentos.
Ao dar entrada no presídio, Giovanni foi alvo de hostilidade por parte outros presos. Por ter ensino superior e direito a uma ala especial, mas acima de tudo por uma questão de segurança, o anestesista foi posto em uma cela individual de 36m², apartado dos outros detentos.
Segundo a delegada Bárbara Lomba, as investigações apontam para o uso de doses anormais de sedativos ou do uso sem necessidade no momento do parto para facilitar a prática de estupro nas vítimas, o que também poderia trazer algum risco à paciente. Nesse caso, a titular da Deam afirmou que Giovanni também pode vir a responder por violência obstétrica.
Atualmente, a investigação está na fase de colher o restante dos depoimentos, identificar se existem outras vítimas e reunir outras possíveis provas. O inquérito deverá ser concluído em até 10 dias.
Membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a médica Vera Fonseca, no entanto, diz que o caso é ainda mais complexo. Para ela, a questão vai muito além da violência obstétrica. "A questão tem muito mais gravidade, vai muito além da violência obstétrica, somente. Ainda que anestesista, entendedor da função, o uso de uma dose superior ou seu uso sem necessidade pode levar a paciente a morte", disse.
Ela teme que o uso do termo contribua para uma "fuga" da causa principal. "Não gosto dessa qualificação para esse momento. A violência obstétrica não é qualquer ato que a mulher sofra no seu momento de dar a luz, até porque o médico poderia cometer esse estupro durante uma cirurgia de retirada da vesícula de uma mulher ou da próstata de um homem. Até mesmo contra uma criança, talvez. A atrocidade em si que ele praticou, e suas possíveis consequências diretas, precisam ser o foco da questão", afirmou.
Licença suspensa temporariamente
Em plenária ocorrida na noite de terça-feira (12), o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) aprovou a suspensão provisória da licença médica de Giovanni Bezerra. Na prática, essa atitude impede que o médico exerça a medicina em todo o país. Na última segunda-feira (10), o médico anestesista foi filmado por enfermeiras praticando um estupro em uma mulher que acabara de dar a luz no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti.
Segundo nota do Cremerj, a medida é um recurso para proteger a população e garantir a boa prática médica. Ainda conforme o conselho, também está sendo instaurado um processo ético-profissional, onde sanção máxima é a cassação definitiva do registro.
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