Publicado 14/07/2022 13:07
Rio - "Não tem nada que justifique o que fizeram com meu filho", disse Vanessa Neres, mãe de Cauã Neres das Chagas, de 17 anos, espancado até a morte em Santa Cruz, na Zona Oeste, por causa de um celular. Familiares do adolescente estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande para fazer a liberação do corpo na a manhã desta quinta-feira (14).
Para a mãe, o que mais importa no momento é lutar por justiça pelo seu filho. Segundo ela, foi a própria família que se organizou para descobrir o paradeiro do jovem após o desaparecimento repentino.
"Foi muito difícil saber que meu filho estava morto, mas eu lutei por justiça. Eu fui atrás do que eu tinha que ir. É uma dor que eu não desejo para ninguém. Eu fui conversar com três, que se diziam amigos do meu filho, que estavam junto com ele. Eles [os amigos], sabendo que o desaparecimento iria ter mídia, me procuraram e resolveram se entregar, com medo do que acontecesse caso ele não se entregassem", disse ela.
Os cinco suspeitos de envolvimento na morte de Cauã, identificados como Ricardo dos Anjos Camargo, Wesley Silva Nascimento Carvalho, Gabriel Werneck Guimarães, Gustavo Henrique Frazão Romão e Jorge Mendes Macedo, tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Eles foram presos na quarta-feira (13) e, segundo a polícia, confessaram o crime.
Vanessa disse ainda que encontrou o pai de um dos suspeitos, que até então não sabia do ocorrido, e o indagou sobre como o filho vinha agindo depois de ter cometido o crime.
"São monstros. Teve um pai que falou que ele [o suspeito] estava vivendo a vida normal. O pai dele não sabia nem o que estava fazendo na delegacia. O filho ligou, ele estava vindo do serviço e falou: 'eu não sei o que meu filho mandou eu fazer aqui'. Depois que ficou sabendo de tudo, falou que estava vivendo normalmente. É isso que não entra na minha cabeça", afirmou.
Carla Neres, tia do adolescente, também esteve no IML e relembrou a forma como seu sobrinho era visto no bairro onde morava e de como era prestativo com a vizinhança: "Cauã era muito conhecido, muito querido, todos gostavam dele. Um garoto que não era prestativo dentro de casa, mas que era prestativo para todos da rua. Todos pediam qualquer coisa para o Cauã, e ele fazia com maior prazer".
O crime
Cauã Neres das Chagas foi morto na madrugada de domingo (10), após ir a um bar com cinco amigos. De acordo com as investigações, um dos integrantes do grupo havia perdido um celular e o adolescente acabou encontrando o aparelho posteriormente, o que levantou a desconfiança dos jovens.
Após isso, o grupo decidiu dar uma lição no adolescente e o agrediu brutalmente, estrangulando-o até a morte. De acordo com o delegado Fabio Luiz Souza, titular da 36ª DP (Santa Cruz) delegacia responsável pelo caso, a decisão de matar Cauã veio do medo do adolescente contar que havia sido agredido.
Vanessa contou que passou a desconfiar do desaparecimento do filho após passar a investigar mais a fundo toda a situação, já que ninguém havia visto o jovem após sua ida ao bar com os suspeitos do crime.
"Eu fui atrás de tudo, minha irmã, todo mundo ajudou. Como é que pode, uma pessoa que é tão conhecida desaparecer assim, e ninguém vê? Procuramos as câmeras, não aparecia o meu filho passando para outro bar, porque eles falaram que ele tinha ido para outro bar sozinho. Procuramos as câmeras e não aparecia ele passando a pé. Só pode ter passado dentro de um carro", desabafou a mãe.
Cauã foi encontrado morto esta quarta-feira (13), no Rio Guandu, no local apontado pelos cinco acusados.
"Meu filho era inocente. É muito triste, é uma crueldade muito grande o que fizeram com meu filho. Fico pensando que ele sofreu muito, muito mesmo. Mas a Justiça está aí, e eu vou lutar para que eles tenham a maior pena, porque o que fizeram com meu filho não se faz com ninguém, nem com bicho", disse.
"Vai ser difícil viver. Eu vou viver porque tenho mais duas filhas que precisam de mim. Tenho os meus pais e a dor deles também está muito grande. Todo mundo está sofrendo demais. Queria fazer de tudo, porque queria encontrar meu filho vivo, mas dois dias depois minha esperança estava indo embora", desabafou.
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