Publicado 18/07/2022 17:40 | Atualizado 18/07/2022 20:04
Rio- Nelson Sargento eternizado. Uma das grandes figuras da história da Estação Primeira de Mangueira tem agora uma rua em sua homenagem, que liga os bairros da Mangueira e São Cristóvão, na Zona Norte. A decisão veio por meio de decreto da Prefeitura do Rio, publicado na última sexta-feira (15).
A nova Rua Nelson Sargento, antiga Rua Projetada 1, corresponde ao prolongamento da Rua Visconde de Niterói até o encontro com a Avenida Bartolomeu de Gusmão, paralela ao ramal Ferroviário.
"A felicidade é muito grande", disse, emocionada, a nora e produtora do sambista Lívea Mattos. Ela é casada com o filho caçula de Nelson, Ronaldo Mattos. Felicidade, gratidão e reconhecimento se misturam. "Isso só ressalta a vida do Nelson, que ainda está muito presente em nossos corações. Ele costumava dizer que nós nunca vamos morrer enquanto formos lembrados por aqueles que nos conheceram", afirmou.
O compositor, ator e poeta agora permanece junto à suas duas grandes paixões: a Estação Primeira de Mangueira e o Vasco. "Poder passar por uma rua que leva à Mangueira, que era um dos lugares em que ele se sentia mais feliz no mundo... A Mangueira e ele pra gente não tinha diferença. A Mangueira e o Vasco, que estão todos ali em São Cristóvão", disse Lívea.
Nelson Sargento nasceu no Rio, em 25 de julho de 1924. O apelido veio da patente que alcançou no Exército. Apesar do amor pela Mangueira, do qual foi presidente de honra e integrou a ala de compositores, seu talento foi além. Ícone do samba e artista em diversas áreas – na literatura, no cinema, na música e nas artes plásticas –, Nelson compôs sucessos como "Agoniza, mas não morre", "Sinfonia Imortal" e "Falso amor sincero". São mais de 400 obras, algumas ainda não divulgadas.
O Rio perdeu o artista em maio do ano passado, aos 96 anos, em decorrência de complicações da covid-19. Um pouco antes, na mesma época, Nelson precisou ser internado no Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio, para tratar um câncer de próstata. Em fevereiro, ele recebeu a vacina contra o coronavírus, em uma cerimônia simbólica no Palácio da Cidade que abria a nova fase da vacinação por idade, na capital.
Durante sua vida, deixou raízes na cultura popular brasileira com suas obras e filhos. São oito, entre biológicos e adotivos, além de incontáveis netos e bisnetos. Muitos deles seguiram o caminho da arte, como o filho caçula Ronaldo e o filho Ricardo Mattos, e integram o corpo da Verde e Rosa, como a neta e passista Cintia Brasil e os bisnetos Lorraine e Rian, mestre-sala e porta-bandeira da Mangueira do Amanhã. "Vamos estar aqui, unidos e reunidos para que ele nunca seja esquecido", completou Lívea.
"Quando eu completar 100 anos, vou parar a cidade do Rio de Janeiro"
A dois anos de comemorar seu centenário, Lívea revela surpresas inéditas programadas pelo sambista. "Ele dizia que quando completasse 100 anos iria parar a cidade. Nós estamos nos preparando para tornar isso realidade. Vários projetos estão sendo pensados, estruturados e formatados", anunciou a nora, garantindo que em breve as novidades serão divulgadas nas redes de Nelson: "Vamos ter uma programação bem extensa envolvendo todas as artes que ele fazia".
* Reportagem de Beatriz Coutinho sob supervisão de Flávio Almeida
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.