Publicado 07/08/2022 06:33 | Atualizado 07/08/2022 10:31
Rio - Na noite de sexta-feira, dia 5, ao chamar o socorro médico para a sua cobertura em Ipanema, Zona Sul, o cônsul alemão Uwe Herbert Hahnn afirmou que seu marido, o belga Walter Henri Maimilien Biot, 52, teve um surto. Na sua descrição, ambos estavam no quarto do casal, quando a vítima passou a gritar e correr até cair com o rosto no chão, entre a sala e a varanda da residência. Além disso, acrescentou que o seu cônjuge, com quem estava havia 20 anos, tomava pastilhas para dormir e bebia, diariamente.
Mesmo mantendo a versão do surto aos investigadores, o cônsul não quis assinar o depoimento. Sua prisão ocorreu após finalização do laudo de exame de necropsia, assinado pelo perito-legista Reginaldo Franklin Pereira, que contabilizou pelo menos 30 lesões, entre hematomas e ferimentos, alguns provavelmente feitos com objetos pequenos. O documento foi analisado, a pedido da reportagem, por Eduardo Becker, perito criminal e presidente do Sinpcresp (Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo).
"As marcas são estranhas com a versão do cônsul, pois são compatíveis com as de uma pessoa que apanhou. A localização das lesões são esparsas e aleatórias. Tem marca que a posição, a situação e localização é compatível como uma vítima agredida, como as do rosto, que teve infiltração do sangue indicando um forte impacto. Além disso, há equimoses que já estavam em processo de cura, com a cor já amarelada, o que necessita de pelo menos uma semana para chegar a essa coloração", analisou.
Becker também apontou indícios de defesa e até de imobilização da vítima. "Há ferimentos nos dorsos das mãos e de ambos cotovelos, típicos de defesa. Também chama a atenção as pancadas ao redor dos tornozelos, como se a vítima tivesse sido amarrada".
O perito também ressaltou outros três pontos inconsistentes da versão do cônsul: o efeito dos remédios; os móveis arrumados e a porta de vidro da varanda intacta. "Ele diz que a vítima tomou remédios para dormir, o efeito desse remédio com a bebida seria de sonolência profunda, não de agitação. Sobre o surto: os móveis da sala estariam bagunçados e, pelas fotos, estão alinhados. Além disso, a vítima foi encontrada caída entre a sala e a varanda, onde havia uma porta de correr de vidro, que ficou intacta. Uma pessoa em surto, como ele descreveu, a teria danificado na queda", disse. Segundo policiais, o quarto do casal estava bastante bagunçado, em contraste com a mobília do restante da casa. O cônsul confessou que limpou manchas de sangue, inclusive uma que estava no sofá da sala.
Mesmo mantendo a versão do surto aos investigadores, o cônsul não quis assinar o depoimento. Sua prisão ocorreu após finalização do laudo de exame de necropsia, assinado pelo perito-legista Reginaldo Franklin Pereira, que contabilizou pelo menos 30 lesões, entre hematomas e ferimentos, alguns provavelmente feitos com objetos pequenos. O documento foi analisado, a pedido da reportagem, por Eduardo Becker, perito criminal e presidente do Sinpcresp (Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo).
"As marcas são estranhas com a versão do cônsul, pois são compatíveis com as de uma pessoa que apanhou. A localização das lesões são esparsas e aleatórias. Tem marca que a posição, a situação e localização é compatível como uma vítima agredida, como as do rosto, que teve infiltração do sangue indicando um forte impacto. Além disso, há equimoses que já estavam em processo de cura, com a cor já amarelada, o que necessita de pelo menos uma semana para chegar a essa coloração", analisou.
Becker também apontou indícios de defesa e até de imobilização da vítima. "Há ferimentos nos dorsos das mãos e de ambos cotovelos, típicos de defesa. Também chama a atenção as pancadas ao redor dos tornozelos, como se a vítima tivesse sido amarrada".
O perito também ressaltou outros três pontos inconsistentes da versão do cônsul: o efeito dos remédios; os móveis arrumados e a porta de vidro da varanda intacta. "Ele diz que a vítima tomou remédios para dormir, o efeito desse remédio com a bebida seria de sonolência profunda, não de agitação. Sobre o surto: os móveis da sala estariam bagunçados e, pelas fotos, estão alinhados. Além disso, a vítima foi encontrada caída entre a sala e a varanda, onde havia uma porta de correr de vidro, que ficou intacta. Uma pessoa em surto, como ele descreveu, a teria danificado na queda", disse. Segundo policiais, o quarto do casal estava bastante bagunçado, em contraste com a mobília do restante da casa. O cônsul confessou que limpou manchas de sangue, inclusive uma que estava no sofá da sala.
No momento da morte, o belga vestia uma cueca boxer, amplamente suja de fezes líquidas, blusa branca, e estava descalço. Havia gotas de sangue na cueca e ao lado do seu corpo.
"Se ele estivesse de pé, se machucando durante um surto, as gotas de sangue seriam em formato elíptico, mas estão bem redondas. É um indício de que ele estaria deitado ou sentado quando sofreu as lesões", finalizou Becker.
No laudo, o médico-legista apontou que a causa da morte foi uma lesão na base do crânio, que promoveu hemorragia interna. "O cadáver tem múltiplas equimoses de formatos diferentes, arredondadas, em faixas, em placas, em pontilhado agrupado, distribuídas pelos segmentos do corpo, e algumas de idade incompatíveis para as últimas 24 horas, placas de escoriações, lesão puntiforme na dobra anterior do cotovelo direito, ferida contusa em lábio inferior, face interna dos retalhos do couro cabeludo com sangue, hematoma subgaleal, hemorragia subaracnóide, trauma torácico, fezes líquida, infiltrado hemorrágico na pelve, retroperitoneal, nos tecidos contíguos aos cólons, sobretudo, no sigmóide. (....) a morte se deu por hemorragia subaracnóide e contusão do crânio, evento final, por traumatismo cranioencefálico, ação contundente".
Delegada diz que apura motivação e se crime foi intencional
Entre as extensas lesões no corpo de Biot há hematomas na "fenda interglútea", ou seja, entre as nádegas. Também há pequenos ferimentos pontilhados e com o mesmo distanciamento nos braços, indicando terem sido feitos por um objeto pequeno e pontudo. Fontes não descartaram que essas sejam marcas de prática sadomasoquista, fetiche sexual que envolve a dor.
Delegada diz que apura motivação e se crime foi intencional
Entre as extensas lesões no corpo de Biot há hematomas na "fenda interglútea", ou seja, entre as nádegas. Também há pequenos ferimentos pontilhados e com o mesmo distanciamento nos braços, indicando terem sido feitos por um objeto pequeno e pontudo. Fontes não descartaram que essas sejam marcas de prática sadomasoquista, fetiche sexual que envolve a dor.
Indagada a respeito, a delegada Camila Lourenço, responsável pela investigação, disse que é precipitada qualquer ilação. "Qualquer afirmação dessa natureza (de que as marcas tenham sido feitas durante algum fetiche) seria precipitada da minha parte. Mas, o que a gente sabe é que muitas das lesões que foram detectadas pelo corpo não são recentes, a vítima já vinha sofrendo algum tipo de agressão", afirmou.
"A versão de que a vítima teria tropeçado e caído não se sustenta diante de todas as provas periciais. Estou muito segura de que houve um homicídio. (...) Ainda estamos em investigação, pessoas serão ouvidas, outros exames são esperados. Precisamos analisar ainda a motivação, o por quê isso ocorreu, se isso foi doloso (com intenção), se foi feito com a intenção de ocultar ou encobrir a verdade dos fatos, de ocultar vestígios. Tudo isso precisa ser analisado ainda com muita cautela", disse a delegada.
"A versão de que a vítima teria tropeçado e caído não se sustenta diante de todas as provas periciais. Estou muito segura de que houve um homicídio. (...) Ainda estamos em investigação, pessoas serão ouvidas, outros exames são esperados. Precisamos analisar ainda a motivação, o por quê isso ocorreu, se isso foi doloso (com intenção), se foi feito com a intenção de ocultar ou encobrir a verdade dos fatos, de ocultar vestígios. Tudo isso precisa ser analisado ainda com muita cautela", disse a delegada.
O diplomata foi encaminhado para a triagem de Benfica, da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária).
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