Publicado 30/08/2022 16:59
Rio - Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizaram, na manhã desta terça-feira (30), a poda das árvores na Rua Carmem Miranda, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, uma semana após um galho se soltar de uma amendoeira e atingir a doméstica Luzia Sabino Mendes, de 38 anos, que passava pelo local para ir ao trabalho. A mulher chegou a ser atendida por uma ambulância do Corpo de Bombeiros, mas morreu no local.
Em foto enviada ao DIA por um morador da rua, é possível ver um técnico da Light acompanhando o procedimento junto aos funcionários da companhia. Em nota, a Light informou que, após a ocorrência, recebeu solicitação da Comlurb, em 23 de agosto, para desligar a rede elétrica na rua. "A rede foi desligada hoje respeitando os prazos regulatórios, para atuação do órgão municipal", diz o documento.
Na ocasião do acidente, a Prefeitura do Rio afirmou que o serviço era considerado de alta prioridade, mas que dependia do desligamento da rede elétrica da Light para ser feito. O município ressaltou ainda que "o local estava entre os 19 pontos com prioridade máxima para poda somente na região da Ilha do Governador. Todos os pontos constam do ofício de prioridade máxima enviado pela Subprefeitura das Ilhas à Light no dia 12 de abril de 2021".
No entanto, em nota, a Light afirmou na ocasião que não recebeu ofício formal da Comlurb para apoiar serviço de poda. Segundo a companhia, este documento é acordado entre as empresas e utilizado rotineiramente.
Patrão relata que família não foi procurada pela Prefeitura
O patrão de Luzia, o advogado Leonardo Fischer, contou ao DIA que o marido da vítima ainda está abalado com a perda. O servente de pedreiro, que não quer falar com a imprensa, contou a Fischer que não foi procurado pela prefeitura. Ele é quem está cuidando, sozinho, dos dois filhos, um de 16 anos e outro de 21, e Leonardo presta assistência à família.
O primo da doméstica, Ygor André, de 21 anos, afirmou que o incidente deixou os jovens muito tristes. "Eles estiveram na minha casa neste fim de semana, meio cabisbaixos, mas tentando tocar a vida. O mais velho está procurando emprego, para ajudar em casa, e o mais novo pensa em entrar para o Exército quando completar 18 anos. Quando a gente toca no assunto eles ficam bem sentidos".
Ainda de acordo com ele, o marido de Luzia está pensando em desligar o celular da ex-mulher. "Toda vez que toca o telefone, inclusive de empresas fazendo cobranças, ele fica triste e não sabe o que fazer", lamentou.
A assessoria de Assistência Social da Prefeitura do Rio, informou que o órgão presta assistência a pessoas em vulnerabilidade social - em situação de rua ou não - ou que tenham renda inferior a R$ 200 per capita. A pasta acrescentou ainda que não foi acionada por nenhum dispositivo para prestar atendimento à família.
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