Publicado 02/09/2022 14:15
Rio- O mundo de Isabella se expandiu ao conhecer o viveiro florestal Dorothy Stang, localizado dentro da Colônia Agrícola Marco Aurélio Vergas Tavares de Mattos, em Magé, na Baixada Fluminense. Cursando o último período de Engenharia Florestal, ela e mais 14 alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) participaram de uma aula em campo no maior centro de produção de mudas do Estado, que faz parte do Replantando Vida, programa socioambiental da Cedae. Isabella e os colegas puderam ver de perto o trabalho realizado por cerca de 30 apenados que integram o projeto, parceria entre a Cedae e a Fundação Santa Cabrini (FSC).
"Fiquei encantada com essa minha primeira visita. A estrutura do local é incrível, é grande e com muitas espécies cultivadas. Também gostei de saber sobre o viés social do programa, como ele oferece uma oportunidade de ressocialização dos apenados. Não tinha ideia de que esse trabalho era desenvolvido aqui", compartilha a estudante.
Com cerca de 10 mil metros, o viveiro tem a capacidade de cultivar 1,2 milhão de mudas por ano, o que representa 60% da produção anual do Replantando Vida. O espaço também inclui dois lagos, onde é captada a água que é usada para a irrigação das plantas. Os apenados atuam de forma remunerada como agentes de reflorestamento, ganhando o benefício de redução de um dia de pena a cada três trabalhados.
A escolha do viveiro de Magé para a aula não foi à toa, como conta o professor José Carlos Arthur Júnior, que ministra a disciplina “Viveiros Florestais”.
"Esse espaço é referência na produção de mudas para ações de restauração florestal no Estado. Além de mostrar a estrutura do viveiro, acho importante que esses futuros profissionais tenham contato com o trabalho socioambiental que é realizado aqui, dentro de uma unidade prisional. É algo inigualável", diz.
Durante a visita, os alunos puderam acompanhar todas as etapas de produção das mudas, além de conhecerem um pouco mais das 250 espécies nativas da Mata Atlântica cultivadas no viveiro.
Quem também gostou de receber a turma da UFRRJ foi João*, apenado que integra o Replantando Vida há três anos.
"É sempre muito especial quando vem gente conhecer o nosso trabalho, principalmente estudantes. Eles podem ver como cuidamos do espaço e como fazemos bem as nossas funções. Também ajuda a quebrar alguns preconceitos que as pessoas têm contra aqueles que estão cumprindo pena. Eles passam a entender que muitos de nós estão aqui buscando uma chance de reintegração", pontua.
Novos viveiros seguem o modelo
Até o fim deste mês, a Cedae vai concluir as obras do novo viveiro florestal, localizado dentro da Penitenciária Luis Fernandes Bandeira Duarte, em Resende, no Sul Fluminense. A unidade vai cultivar, por ano, 120 mil mudas de plantas nativas da Mata Atlântica.
Já em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, a Cedae vai inaugurar, até o início do próximo ano, um viveiro dentro do Presídio Diomedes Vinhosa Muniz. O espaço vai ter uma capacidade de produção de cerca de 200 mil mudas por ano.
Com mais duas novas unidades, chegará a nove o número de viveiros mantidos pelo Replantando Vida.
*nome fictício
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