Publicado 09/09/2022 19:14
Rio - O ex-secretário de Estado de Polícia Civil Allan Turnowski, preso nesta sexta-feira (9), em operação do Ministério Público do Rio (MPRJ), teria sido informado sobre um plano para matar o bicheiro Rogério de Andrade. Segundo a denúncia dos procuradores, o também ex-delegado Maurício Demétrio, preso desde dezembro passado, seria o responsável por comunicar o então secretário sobre o plano, que não foram colocados em prática.
A conversa entre os dois está em um dos 12 aparelhos de celular apreendidos pelo MPRJ, no fim do ano passado, quando Demétrio foi preso. O ataque seria parte dos planos de ampliação do domínio do também contraventor e rival Fernando Iggnácio, que morreu em 2020, contra o rival Rogério de Andrade. Segundo a denúncia do MPRJ, Turnowski atuava como agente duplo na disputa entre os bicheiros.
Em outra conversa, os investigadores teriam confirmado a relação de proximidade entre o ex-secretário e Demétrio. Segundo a denúncia, Turnowski teria pedido ajuda a Demétrio caso ele viesse a ser preso e o pedido foi respondido pelo ex-delegado com uma mensagem de apoio. O retorno não teria agradado ao ex-secretário que afirmou que os dois seriam o mesmo "CNPJ" caso ele fosse preso.
"Os delegados de polícia mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores. Também desempenha papel relevante na defesa do braço da organização criminosa dentro da Polícia Civil, tendo agido para escudar o sócio no crime nas empreitadas criminosas, por exemplo, monitorando e buscando acesso a procedimento sigiloso de investigação e removendo delegada de polícia de sua lotação em represália à instauração de inquérito policial contra os interesses do comparsa", informa um trecho da denúncia do MPRJ.
A defesa de Allan Turnowski alega que a prisão do ex-secretário é ilegal, uma vez que o mandado que decretou sua prisão com a decisão do juiz não foi disponibilizado. "O mandado de prisão não tem fundamento nenhum, não tem decisão do juiz que decretou a prisão. É Kafkaniano. É uma decisão nula. É ilegal. Você tem que saber pelo que você está sendo preso", disse Fernando Drumond, advogado de defesa do ex-delegado.
Denúncia e prisão
O ex-secretário foi preso na manhã desta sexta-feira (9), durante uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), por suspeita de envolvimento com o jogo do bicho. A ação também cumpriu um mandado de prisão contra o delegado Maurício Demétrio, que está preso desde o ano passado. Os agentes ainda pretendem prender Marcelo José Araújo de Oliveira, que fazia pagamentos de propina da contravenção ao ex-chefe da Polícia Civil.
De acordo com o MPRJ, Turnowski recebeu propina do jogo do bicho e tem envolvimento em um plano para matar o bicheiro Rogério Andrade. Ele é acusado dos crimes de organização criminosa, corrupção e violação de sigilo funcional. A ação faz parte das investigações sobre um esquema de propina do delegado Maurício Demétrio, preso em 30 de junho 2021, por extorquir comerciantes de Petrópolis.
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