Publicado 15/09/2022 10:56
Rio - O Conselho de Sentença do 3º Tribunal do Júri da Comarca da Capital condenou os traficantes Magno Fernando Soeiro Tatagiba de Souza, o Magno da Mangueira, e Leandro Domingos Berçot, o Lacoste de Manguinhos, na noite desta quarta-feira (14), a 193 anos, um mês e dez dias de prisão por três homicídios qualificados e seis tentativas de homicídio após quase 13 anos do crime. Eles estavam sendo julgados por participarem do ataque a tiros que derrubou um helicóptero da Polícia Militar durante uma operação no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, em outubro de 2009. Na ocasião, três policiais que viajavam na aeronave morreram.
Na decisão, assinada pelo juiz Adriano Celestino Santos, ele aponta que os três PMs, identificados como Marcos Stadler de Macedo, Edney Canazaro de Oliveira e Izo Gomes Patrício, morreram carbonizados e foram submetidos a "imenso sofrimento físico", segundo seus laudos de necropsia.
Na decisão, assinada pelo juiz Adriano Celestino Santos, ele aponta que os três PMs, identificados como Marcos Stadler de Macedo, Edney Canazaro de Oliveira e Izo Gomes Patrício, morreram carbonizados e foram submetidos a "imenso sofrimento físico", segundo seus laudos de necropsia.
O magistrado também relata que "as circunstâncias do crime extrapolam a normalidade, tendo em vista o poderio bélico demonstrando pelo grupo que direcionou a ação contra helicóptero da polícia militar, revelando desprezo à segurança pública. Há que se levar em conta, ainda, que o fato foi praticado em concurso de pessoas, o que naturalmente aumenta reprovabilidade da conduta em razão da superioridade numérica e premeditação".
Ainda de acordo com o documento, o juiz afirma que os agentes Marcelo Vaz de Souza, Marcelo de Carvalho Mendes, Anderson Fernandes dos Santos, que são os outros três ocupantes da aeronave, foram submetidos "a imenso sofrimento físico e abalo psicológico". Já em relação aos policiais William de Souza Noronha, André Luis dos Santos Guedes e João Jaques Soares Busnelo, que estavam em terra no momento da queda do helicóptero, ele verifica que "a culpabilidade excedeu a normalidade típica, já que foram proferidos diversos disparos de arma de fogo em direção aos policiais que estavam no exercício da função, o que evidencia desrespeito à instituição pública e forças de segurança".
O júri de Magno da Mangueira e Lacoste, realizado por meio de videoconferência, teve início na manhã desta terça-feira (13) e se estendeu até a noite de quarta-feira.
Magno da Mangueira está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Antes, ele cumpria pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. De acordo com a polícia, ele seguia enviando ordens para seus subordinados na favela de dentro da cadeia.
Já Lacoste segue foragido da Justiça. O Portal dos Procurados, do Disque Denúncia, divulgou um cartaz em busca de informações e oferece R$ 1 mil para quem souber sobre o paradeiro do criminoso.
Outros acusados
Além de Magno da Mangueira e Lacoste de Manguinhos, outros dois nomes aparecem entre os acusados do crime: Luiz Carlos Santino da Rocha, o Playboy, e Fabiano Atanásio da Silva, o FB. No caso de Playboy, ele já havia sido condenado a 225 anos de prisão no ano de 2019 com o desmembramento do processo original.
Já o julgamento de FB, que também aconteceria nesta terça, precisou ser adiado por conta de sua advogada, Flávia Fróes, que alegou problemas de saúde e não pode estar presente na sessão. Por conta disso, o processo sofreu um novo desmembramento e o criminoso será julgado sozinho. Atualmente, o criminoso está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
O júri dos quatros acusados chegou a ser marcado em 2018, mas acabou sendo desmarcado e, após isso, sofreu diversos adiamentos por conta de recursos das defesas dos réus. Na época do crime, os quatro eram considerados chefes do tráfico da facção Comando Vermelho, que atua em todo o estado do Rio.
A queda do helicóptero
Em outubro de 2009, os quatro acusados, com a ajuda de outros criminosos não identificados, planejaram e participaram da invasão à comunidade Morro dos Macacos que, na época, era comandada por uma facção rival. Por conta do intenso confronto entre as facções, a Polícia Militar realizou uma operação.
Os agentes tentavam impedir a "guerra do tráfico" tanto por terra quanto pela aeronave quando foram atacados pelos criminosos. O helicóptero, que levava seis policiais, foi alvo de diversos tiros e caiu em um campo da comunidade.
Três PMs que estavam à bordo da "Fênix 03" morreram no incidente, os outros três agentes ficaram feridos. Além deles, mais três policiais que estavam no chão também se feriram com a queda da aeronave.
Na época da queda do helicóptero, a polícia chegou a apontar que outros criminosos participaram da ação. Várias delegacias abriram inquérito para investigar o caso, mas somente quatro bandidos acabaram sendo processados.
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