Publicado 17/10/2022 11:22
Rio - O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou que vê com preocupação a baixa adesão à campanha de vacinação contra a poliomielite na cidade. Nesta segunda-feira (17), Dia Nacional da Vacinação, ele acompanhou o início do reforço da busca ativa de crianças não imunizadas, no Centro Municipal de Saúde Píndaro Carvalho Rodrigues, na Gávea, Zona Sul. A medida espera aumentar a cobertura vacinal, que atualmente está em 51%, com 161 mil pessoas do público-alvo contempladas.
Segundo Soranz, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mobilizou 1.254 equipes, entre agentes comunitários e de vigilância em saúde, médicos e enfermeiros, que vão utilizar os cadastros da Saúde da Família e do sistema de nascidos vivos para identificar as crianças que ainda não foram imunizadas. Essas famílias receberão uma mensagem de texto ou uma visita, alertando sobre o atraso do calendário de vacinação.
"A situação no Rio é muito preocupante, são 160 mil crianças desprotegidas contra uma doença que já havia sido erradicada, que é a poliomielite. A reintrodução desse vírus no Brasil pode ser algo terrível. A pólio é uma doença que pode causar uma paralisia flácida que não tem cura, é uma situação permanente e muito grave, e a gente não pode deixar que isso aconteça (...) É uma situação que inspira muita preocupação de todas as autoridades de saúde pública, a gente não consegue entender como a gente chegou nesse momento no Brasil", declarou o secretário.
No Brasil, a poliomielite - que tem a cobertura vacinal mais crítica na capital fluminese - foi erradicada há mais de 30 anos. De acordo com o Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro, as vacinas da BCG, Rotavírus, Febre Amarela, Hepatite A, Meningo C, Pneumo 10, Poliomielite, Tetra/Pentavalente, Tríplice Viral e Varicela ainda não atingiram a meta esperada. Para o secretário, a baixa adesão é justificada pelo crescimento de movimentos anti-vacina.
"Atribuo a uma onda negacionista horrorosa, que a gente nunca imaginou ver. É incrível a gente ter falas do próprio Ministério da Saúde anti-vacina. O risco iminente à nossa população da reintrodução de doenças que já haviam sido erradicadas, o número de casos de sarampo crescendo no Brasil a cada dia. Agora com a varíola, com a Monkeypox, também é outra preocupação. O Brasil precisa procurar vacinar suas pessoas. É óbvio que esse movimento anti-vacina deflagrado é um dos motivos para a gente viver a situação que a gente está vivendo hoje".
Também na manhã desta segunda-feira, a vendedora Alexandra Romero levou a pequena Sofia, de 3 anos, ao Centro Municipal de Saúde Píndaro Carvalho Rodrigues, para receber as vacinas de reforço contra a poliomielite e o imunizante contra a covid-19. A mãe contou que sempre acompanha as campanhas e o calendário de vacinação da filha, para que a menina não deixe de ficar protegido. Para ela, a imunização é um ato de cuidado.
"(A vacinação) é muito importante, porque as consequências que (as doenças) podem trazer, a paralisia é uma coisa muito séria e a covid está aqui ainda, a gente tem que se precaver. Ela é a coisa mais importante da minha vida e eu tenho que pensar nela, não posso ser irresponsável. Eu acho que é uma irresponsabilidade a gente não trazer as nossas crianças para vacinar. Eu sou muito responsável com a minha filha, que é o meu tesouro. Eu tento sempre acompanhar tudo muito bem, ela está em dia com tudo", contou Alexandra.
O secretário também fez um apelo para que pais e responsáveis atualizem a situação vacinal de seus filhos. "O Brasil sempre foi um país em que a vacina era uma prioridade, em que as pessoas tinham como responsabilidade levar os filhos para se vacinar e a situação agora é muito preocupante. É muito preocupante a gente ter que ir à casa das pessoas para identificar pessoas que não levaram seus filhos para se vacinar (...) A gente depende e precisa que todos os responsáveis tenham a consciência de que essa proteção salva vidas e pode estar causando um risco de saúde pública muito alto", alertou Soranz.
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