Publicado 31/10/2022 21:33
Rio – O Tribunal de Justiça do Rio converteu, na tarde do último sábado (29), em prisão preventiva a prisão em flagrante de Reginaldo da Silva, suspeito de manter sua mulher em cárcere privado por pelo menos 15 anos no bairro de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A decisão foi tomada pelo juiz Alex Quaresma Ravache durante audiência realizada na Central de Custódia, na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio.
O DIA teve acesso à parte do processo, que corre em segredo de justiça. Na sessão, foi constatado que a vítima era mantida em cárcere privado, desprovida de alimentação e cuidados médicos. Lesões avermelhadas e dentição em péssimo estado foram identificadas. Além disso, foi determinado que ela possui comportamento esquizofrênico e alega estar grávida de gêmeos.
“Com efeito, conclui-se que a prisão cautelar, ao menos por ora, é a única medida efetivamente capaz de evitar a reiteração delitiva, resguardando assim a integridade e liberdade da vítima”, afirmou o juiz.
Relembre o caso
Reginaldo da Silva, de 54 anos, foi preso em flagrante na última quinta-feira (27) por manter sua mulher, de 35 anos, que tem transtorno mental, em cárcere privado na residência em que moravam, no bairro Km 32, em Nova Iguaçu.
Agentes da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) chegaram ao local após uma psicóloga do Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) de Valverde, no mesmo município, realizar uma denúncia ao desconfiar que a mulher estava sendo mantida presa em casa.
Ao chegarem no endereço, os policiais perceberam que havia uma senhora deitada na cama em um quarto no interior do imóvel. Após chamarem insistentemente, ela acordou, mas parecia dopada. Um dos policiais perguntou se ela poderia vir até o quintal e a mulher negou, informando que havia sido trancada pelo seu companheiro.
Um pouco depois, Reginaldo chegou na residência e foi abordado pelos agentes. Na casa, foi encontrando um fio, que tinha como função impedir que a porta do quarto onde a vítima dormia fosse aberta pelo lado de dentro. Além disso, foram encontrados frascos de remédios sem identificação.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Mônica Areal, o homem tem seis filhos, sendo dois com a vítima, mas não viviam com eles. "Ele [Reginaldo] foi acusado de abuso sexual contra a filha de 15 anos e perdeu a guarda. São seis filhos [dele] e não tem nenhum morando com eles. Já tem registro sobre o caso", explicou a delegada.
O casal vivia em um ambiente com condições precárias. O quarto onde a vítima era trancada tinha as paredes muito sujas e contava apenas com uma cama, com lençóis e travesseiros. Em um vídeo, a mulher aparece saindo da residência, aparentemente dopada, e senta em uma cadeira no quintal, onde começa a conversar com os policiais, gesticulando com as mãos e com o olhar fixo no chão.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.