Publicado 02/11/2022 10:59
Rio - Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) realizaram, nesta quarta-feira (2), um ato antidemocrático em frente ao Comando Militar do Leste (CML), no Centro do Rio. Inconformados com o resultado das urnas, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o novo presidente do país, os bolsonaristas pediam intervenção militar e a anulação das eleições presidenciais do último domingo.
O protesto ocupou a praça em frente ao Palácio Duque de Caxias. No fim da manhã, o grupo de manifestantes cresceu e chegou a ocupar as quatro pistas da Avenida Presidente Vargas, principal via da cidade. O ato foi acompanhando de perto por agentes da Guarda Municipal e pela Polícia Militar.
O protesto ocupou a praça em frente ao Palácio Duque de Caxias. No fim da manhã, o grupo de manifestantes cresceu e chegou a ocupar as quatro pistas da Avenida Presidente Vargas, principal via da cidade. O ato foi acompanhando de perto por agentes da Guarda Municipal e pela Polícia Militar.
Segundo o Centro de Operações Rio, as pistas da via foram totalmente liberadas pontualmente às 21h.
Os militantes chegaram ao Palácio Duque de Caxias, sede organizacional das Forças Armadas que abrange Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, por volta das 8h com faixas e cartazes com escritos "intervenção militar”, "intervenção federal, além de camisas da seleção brasileira e bandeiras do Brasil. Aos gritos de "eu autorizo", "Lula ladrão" e entoando hinos militares e religiosos, o grupo protesta sob a chuva fina que cai na cidade.
"Temos o artigo 142, mas sabemos que para ele ser colocado em prática precisaria passar pelo Congresso. O outro lado vai acabar com a gente. Não queremos virar Venezuela. Militares nos ajudem. Todo poder emana do povo", disse uma das organizadores do protesto, em um carro de som.
Para a enfermeira Anamara Andrade, de 62 anos, que participou do ato no Centro do Rio, a ação é motivada pela insatisfação com o resultado das urnas. Segundo ela, a volta do governo de Lula representa um risco para o país: "Claro que não foi legítimo, você vê por aqui, pelo povo se manifestante. A vontade do povo é que vai prevalecer. Eu creio nisso. (...) Nós temos exemplos notórios, dos países aí de fora. Que vivem a miséria, que vivem a opressão e tiram o direito de liberdade", disse a enfermeira.
A moradora de Raiz da Serra, em Magé, na Baixada Fluminense, Joana Darc, de 42, explicou que os manifestantes estão fazendo o ato por patriotismo e pelo amor a nação. "Estou aqui não por político, porque todos os nossos atos são políticos. Estou aqui por amor, não só a minha pátria, em primeiro lugar, mas por Deus, pela minha família e meus ancestrais, que sofreram muito pela falta de liberdade. Principalmente nos anos oitenta e noventa, nas mãos de ditadores carrascos, disfarçados de boas almas", comentou.
A farmacêutica disse ainda que a população está lutando contra uma tentativa de manipulação e pede pela intervenção federal como solução: "Nós estamos sendo manipulados. Tentaram nos manipular, mas não seremos manipulados. Intervenção. O que me trouxe aqui é o amor, principalmente ao meu país, a minha nação, a minha nacionalidade, as minhas futuras gerações. A minha filha, meus netos e futuros bisnetos", avaliou.
De acordo com ela, os manifestantes enfrentaram dificuldades de conseguir sinal de internet e não estão tendo suas demandas ouvidas pelas emissoras de TV. "Nós somos a verdadeira resistência. O que fizeram cortando as operadoras e emissoras foi a maior prova de ditadura que aos 42 anos eu vi. É isso que está acontecendo aqui no Centro do Rio, tiraram as emissoras, as operadoras, eu quero que isso seja levado para o mundo inteiro. Não tem internet, não tem operadora, não tem emissora. Tentaram nos calar", disse Joana, que terminou questionando a apuração do TSE no pleito do último domingo, vencido por Lula.
"Se você pegar os gráficos e os cálculos a fundo, você vai ver que teve erro no cálculo, teve erro na divulgação, está tento a maior história de monopolização (sic), digo manipulação. Está tendo a maior história de censura. Está parecendo que estamos nos anos sessenta. Nós não somos burros. Nós estamos aqui para impedir. Acima de qualquer lei está Deus, todo poderoso", disse.
Com o fechamento de uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, alguns carros foram deixados por manifestantes estacionados na via.
Durante o ato, no início da tarde, uma viatura da Polícia Civil, da 24ª DP (Piedade), foi registrada em vídeo passando pela manifestação com uma bandeira hasteada pelo motorista. A atitude foi comemorada por manifestantes que estavam no local.
Um grupo de bolsonaristas, em menor número, também se concentra na Vila Militar de Deodoro, na Zona Oeste do Rio. O grupo também veste as cores da bandeira do Brasil. Segundo informações de compartilhadas nas redes sociais, os manifestantes foram orientados pelos organizadores a falar sobre "resistência civil".
O ato antidemocrático foi convocado um dia após o presidente Bolsonaro, derrotado no segundo turno das eleições, no último domingo (30), se manifestar, o que aconteceu somente nesta terça-feira (1). A fala ocorreu mais de 44 horas depois do pleito que elegeu Lula à Presidência da República com 50,9% dos votos.
O ato antidemocrático foi convocado um dia após o presidente Bolsonaro, derrotado no segundo turno das eleições, no último domingo (30), se manifestar, o que aconteceu somente nesta terça-feira (1). A fala ocorreu mais de 44 horas depois do pleito que elegeu Lula à Presidência da República com 50,9% dos votos.
Durante sua fala, Bolsonaro não contestou a derrota nas urnas para Lula. Porém, dentro do Palácio da Alvorada, residência oficial que terá de deixar até o 31 de dezembro, o presidente, em seu discurso que durou dois minutos e 21 segundos, afirmou que as ruas expõe o "sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".
No pequeno discurso, Bolsonaro também afirmou que o país não pode ser tomado pela esquerda "que sempre prejudicou a Nação", além de dizer que sempre respeitou o direito à propriedade privada e que nunca cerceou a democracia e o direito de ir e vir.
Logo após o resultado das urnas ter sido confirmado, militantes bolsonaristas bloquearam rodovias por todo o país, sob a inação da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Foi necessário o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a ação conjunta de policiais militares e ameaçar de prisão o diretor geral da PRF para que as estradas começassem a ser desobstruídas.
No pequeno discurso, Bolsonaro também afirmou que o país não pode ser tomado pela esquerda "que sempre prejudicou a Nação", além de dizer que sempre respeitou o direito à propriedade privada e que nunca cerceou a democracia e o direito de ir e vir.
Logo após o resultado das urnas ter sido confirmado, militantes bolsonaristas bloquearam rodovias por todo o país, sob a inação da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Foi necessário o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a ação conjunta de policiais militares e ameaçar de prisão o diretor geral da PRF para que as estradas começassem a ser desobstruídas.
Procurado, o Comando Militar do Leste, cuja sede fica no Palácio Duque de Caxias, ainda não se pronunciou sobre os atos bolsonaristas.
A Polícia Civil foi questionada sobre a situação da viatura da 24ª DP e informou que o caso já é alvo de sindicância interna pela Corregedoria-Geral. "O servidor foi identificado e vai responder administrativamente pelo ato. A Secretaria de Estado de Polícia Civil reitera o compromisso da instituição com a Constituição da República, a legislação vigente e o Estado Democrático de Direito", disse a corporação, em nota.
* Com informações de Estadão Conteúdo
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