Fogos de artifício barulhentos não são bem recebidos por idosos, pessoas do espectro autista, animais, crianças e enfermosFabio Costa /Agência O Dia
Publicado 09/11/2022 18:04 | Atualizado 09/11/2022 18:19
Rio – O que para muita gente é sinônimo de festa e comemoração, para outros é o início de um período de agonia e sofrimento. Os fogos de artifícios não são bem recebidos por idosos, pessoas do espectro autista, animais, crianças e enfermos. Por isso, estará em debate nesta quinta-feira (10), na Câmara Municipal, uma emenda à lei orgânica do município 22/2018, de autoria do vereador Luiz Ramos Filho (PMN), que pode proibir definitivamente os fogos barulhentos.

A Frida, cadelinha yorkshire, entra em pânico com o barulho dos explosivos: "Ela se estressa de um jeito muito preocupante, corre, se esconde, late. Fica descompensada. Eu a pego no colo e faço carinho", diz a oficial de Justiça Gessyka Grzybowski.


Já para a mãe do pequeno Theo, de 9 anos, do espectro autista, o réveillon é o dia mais difícil do ano. "Ele fica muito nervoso, não só à meia-noite, mas durante todo o dia, com o barulho dos morteiros. Ele se assusta, bate com a cabeça na parede", desabafou a professora Livia Couri, presidente do centro brasileiro de integração e apoio ao autista 'Anjinho azul’. Para o pequeno, a queima de fogos pode significar até um risco para a saúde: "Eu me tranco com ele num cômodo, ligo o ar condicionado, para tentar abafar os ruídos, e tento fazê-lo dormir. Os morteiros são desesperadores para as famílias de autistas. Muitos têm crises convulsivas."

Com a lei, os fogos de artifício barulhentos ficam restringidos apenas aos shows de efeitos visuais, com estampido inferior a 85 decibéis e apenas por instituições autorizadas por ato do prefeito. Além disso, após a aprovação do projeto em 1ª discussão, o governo apresentou uma emenda para alterar o texto, permitindo que os fogos sem limitações de decibéis continuem sendo utilizados no meio do mar, em balsas e nos eventos do poder público.

"Estou muito otimista. Conversei com os outros vereadores e muitos se sensibilizaram. É preciso conscientizar as pessoas de que não tem graça soltar um morteiro e deixar um autista apavorado, um animal estressado, incomodar o repouso de um enfermo, de um idoso. É só nos colocarmos um pouco no lugar do outro. E agora vem a copa, depois o ano novo, e o sofrimento é infinito", explicou Ramos Filho.

Longe de jogar um banho de água fria nos festeiros, a ideia do vereador é estimular novas modalidades de comemorações: "O barulho dos fogos deixa os animais extremamente estressados. Pode provocar uma grave crise e até mesmo a morte do animal. A nossa proposta não é acabar com as festas, mas substituir por espetáculos de luz o barulho dos fogos, que estressa e até mata".

Até a aprovação da emenda  à lei orgânica, o médico veterinário Fernando Fernandes dá algumas dicas para amenizar os impactos da barulheira aos amigos de quatro patas. "Ameniza, mas não resolve, levar o animal para o cômodo mais calmo da casa e fechar janelas. Se possível, climatizar o ambiente e ficar com o animal enquanto o show pirotécnico estiver acontecendo. Dar carinho, acolhimento e ficar atento ao animal, de prontidão para levá-lo ao veterinário em caso de emergência", recomenda.
Leia mais