Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, durante o primeiro dia de julgamento no Tribunal do Júri de NiteróiPedro Ivo/ Agência O Dia
Publicado 09/11/2022 20:35 | Atualizado 09/11/2022 21:50
Rio- A filha biológica de Flordelis, Simone Santos, que também é ré no processo pela morte do pastor Anderson do Carmo passou mal durante o julgamento, que teve continuidade na noite desta quarta-feira (9), e precisou ser carregada por dois policiais militares na saída do júri. Enquanto, a ex-parlamentar aparentava chorar. Além dela e da mãe, estão sendo julgados Rayane dos Santos Oliveira, neta da pastora; e Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira, filhos adotivos. Segundo a defesa dos réus, Simone precisou ser atendida pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU).
Um pouco antes da filha biólogica da ex-parlamentar passar mal, Flordelis também se ausentou da sala, às 18h36, e retornou quase uma hora depois. O motivo ainda não foi esclarecido. No momento em que a filha biológica da pastora passou mal o júri estava em pausa porque a advogada de defesa Janira Rocha pediu para incluir a jornalista autora do livro "O Plano Flordelis: Bíblia, filhos e Sangue", Vera Araújo, como testemunha, e a  juíza teve que redigir a inclusão.
A autora foi convocada pela defesa de Flordelis, após o promotor Décio Viegas, que faz parte da banca do MPRJ, usar trecho do livro em que a advogada Janira é citada: "A advogada conta que, com a ajuda de Paula do Vôlei, usou a própria experiência de vida para persuadir algumas das "filhas" de Flordelis a tornar públicas as investidas supostamente promovidas pelo pastor. Para criar empatia, a advogada abordava o assunto com elas revelando que havia sofrido abuso por parte do avô aos 8 anos", dizia o trecho.
A advogada, no entanto, se pronunciou e alegou que o que o MPRJ sugeriu que ela poderia está influenciando a testemunha, o que não seria verdade.
"O júri é uma competição de tese, durante a oitiva de uma testemunha onde existia a acusação de que essa testemunha teria sido manipulada por outra pessoa, o MPRJ vem, mostra uma entrevista minha em um livro que não tem nada a ver com aquela testemunha e diz que a minha declaração era uma prova que eu teria participado da manipulação daquela testemunha, imediatamente foi me passado a palavra e eu perguntei para aquela testemunha se ela me conhecia, e ela disse que não, eu perguntei se em algum momento ela teria falado comigo por telefone ou aplicativo de mensagem, e ela disse que não, então a própria testemunha lá dentro já deu a resposta", explicou.
Janira Rocha falou ainda que por direito pode conversar com todas as partes dos processos, para montar a tese defensiva, o que não pode fazer é manipular testemunha. "Eu nunca dei nenhuma declaração de que manipulei testemunha, mas conversei sim, com todas as partes dos processos. (...) Agora quem tem que provar que eu manipulei é quem acusa, e eu duvido. Agora eu acho um desespero do MPRJ em tentar me atacar", explicou.
A defesa, disse ainda, que quem requeriu que a autora fosse chamada foram eles, para que tudo seja esclarecido. "Porque se a Vera vem aqui e fala que eu manipulei, nossa conversa se dará em outro local. Nunca escondi que sou uma advogada zelosa, que ouve todas as partes (...) Não cometi nenhuma irregularidade", disse.
A juíza deverá avaliar o requerimento para trazer a autora do livro no júri. No entanto, segundo a defesa de Flordelis, se o pedido for indeferido, não haverá mais como continuar o julgamento. A sessão foi encerrada por volta das 21h devido o conflito entre a defesa e o MPRJ.
Antes do pedido, estava depondo a quarta testemunha do dia, Raquel Silva, neta de Flordelis e filha de Carlos Ubiraci, um dos envolvidos no crime e já julgado. 
Outros depoimentos
Já depuseram nesta quarta-feira (9), Dayane Freires, filha adotiva de Flordelis, que trabalhava como tesoureira na igreja da ex-deputada,  Daniel dos Santos de Souza, filho adotivo, ambos por videoconferência, Luana Vedovi Rangel Pimenta, nora de Flordelis e casada com Wagner Pimenta, também conhecido como Misael, filho adotivo da pastora.

Na terça-feira (8), durante segundo dia de oitivas, prestaram depoimento o inspetor da DHNSGI, Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso, e os filhos adotivos Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, e Wagner Pimenta, batizado por ela como Misael.

Enquanto durante o primeiro dia de julgamento, nesta segunda-feira (7), foram ouvidos a delegada Bárbara Lomba, que iniciou as investigações quando era titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), o delegado Allan Duarte, responsável pela conclusão do inquérito e Regiane Ramos Cupti Rabello, chefe de Lucas dos Santos de Souza, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime.
Acusações
Flordelis é acusada de ser a mandante do crime e poderá responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
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