Publicado 20/11/2022 11:42
Rio – O Monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, Centro do Rio, foi o palco principal das celebrações pelo Dia da Consciência Negra, neste domingo (20).
Para marcar a data, cuja criação é um marco na luta antiracista no país, integrantes de diversos movimentos sociais e culturais se reuniram diante do busto gigante para exaltar o legado negro, com muitas cores, ritmos, sons e discursos.
"Nosso país é um país racista. E o povo negro sofre racismo cotidianamente. A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. Então, nós precisamos de igualdade, precisamos lembrar de que nós negros construímos a riqueza desse país. Precisamos deixar de ser tratados como cidadãos de segunda classe", afirmou a historiadora e ativista Claudia Vitalino, que participou das homenagens.
A professora lembrou que mesmo com a adoção da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e formas correlatas de Intolerância, o Brasil não cumpre seus deveres contra as estruturas racistas.
"Uma é a Convenção 100 [da Organização Internacional do Trabalho], que fala de trabalho igual e salário igual, mas a população negra recebe menos que o homem branco e a mulher branca. Outra é sobre o racismo no ambiente de trabalho, a Convenção 111, que acontece cotidianamente. Precisamos lembrar que nós, pretos e pretas, também somos brasileiros", exemplificou.
O babalaô Ivanir dos Santos também esteve nos festejos. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), ele falou um pouco sobre a criação da data e sua importância. "Esse dia foi construído pelo movimento negro brasileiro e fui um dos personagens que construiu esse movimento no país como um todo, no final da década de 1970 e início da década de 80", explicou, pontuando os avanços colhidos, como a Lei de Cotas, de 2010, e a Lei Caó, que tornou inafiançável o crime de racismo.
O babalaô Ivanir dos Santos também esteve nos festejos. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), ele falou um pouco sobre a criação da data e sua importância. "Esse dia foi construído pelo movimento negro brasileiro e fui um dos personagens que construiu esse movimento no país como um todo, no final da década de 1970 e início da década de 80", explicou, pontuando os avanços colhidos, como a Lei de Cotas, de 2010, e a Lei Caó, que tornou inafiançável o crime de racismo.
"Tornar o 20 de novembro o Dia Nacional da Consciência Negra foi um grande caminho para falar dos nossos direitos, para comemorar a reafirmação da nossa identidade e falar da desigualdade que existia no país", defendeu.
A data, para Ivanir, também é sinônimo de reflexão sobre a figura de Zumbi, considerado o maior líder negro da história do Brasil. Anos após transformar o Quilombo dos Palmares, em Pernambuco, no maior reduto de resistência contra a escravidão, durante o período colonial, Zumbi foi degolado no dia 20 de novembro de 1695. "É um dia que todo o Brasil para refletir e louvar Palmares", exaltou Ivanir.
A data, para Ivanir, também é sinônimo de reflexão sobre a figura de Zumbi, considerado o maior líder negro da história do Brasil. Anos após transformar o Quilombo dos Palmares, em Pernambuco, no maior reduto de resistência contra a escravidão, durante o período colonial, Zumbi foi degolado no dia 20 de novembro de 1695. "É um dia que todo o Brasil para refletir e louvar Palmares", exaltou Ivanir.
O evento no Monumento da Zumbi teve, também, apresentações de capoeira, samba e afoxés, além de barracas de empreendedores afro.
Um cortejo pelo Rua Benedito Hipólito, nas imediações de onde ficava a casa de Tia Ciata, no início do século XX, lembrou, ainda, o legado da mulher que ajudou a construir os alicerces do samba, promovendo festa e reuniões com nomes como Donga, João da Baiana e Pixinguinha.
No Largo da Prainha, na Saúde, onde fica uma estátua de Mercedes Baptista (1921-2014), primeira bailarina negra a integrar o Teatro Municipal, também houve homenagens, assim como em Madureira. No bairro da Zona Norte, uma grande festa na quadra da Portela, com apresentações do Jongo da Serrinha, de Tia Surica e Jorge Aragão, completou a programação especial.
Nas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes falou sobre a importância da data. "É um dever coletivo de toda a sociedade lembrar que somos todos iguais, que devemos combater o racismo e que erros do passado que marcaram nossa história jamais se repitam. O dia 20 de novembro serve para tudo isso e também lembrar da luta histórica e atual das pessoas negras neste país. Como prefeito da cidade com a segunda maior população negra do país, reforço aqui meu compromisso de seguir combatendo qualquer tipo de preconceito ou discriminação e promovendo políticas públicas de inclusão para que o Rio de Janeiro seja um lugar onde todos possam se sentir acolhidos", escreveu.
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