Candidatos realizam a segunda fase do Enem 2022, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), neste domingo (20)Marcos Porto / Agência O Dia
Publicado 20/11/2022 14:54
Rio - Estudantes de todo o país realizaram, neste domingo (20), a segunda fase do Enem 2022, com provas de Matemática e Ciências da Natureza. Além de estudar bastante durante todo o período de preparação, os candidatos precisam vencer a ansiedade que costuma deixá-los inquietos antes e durante as avaliações. Também era necessário se atentar ao horário para evitar atrasos, outro problema recorrente. Neste segundo e último dia de provas, jovens que fizeram o Enem no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Maracanã, Zona Norte do Rio, falaram ao DIA sobre as escolhas de curso, preparação, descanso e o clima de nervosismo.

A estudante Ana Cláudia da Silva, de 18 anos, já havia feito o Enem no ano passado e está na sua segunda tentativa. Segundo ela, desta vez, a expectativa é de um bom resultado para garantir a vaga. "Minha expectativa é grande, passei o ano todo estudando, me matei de estudar. Foi um ano bem complicado para mim mas eu sei que consigo, estou muito confiante. Eu quero muito fazer Direito. Eu estudei, revisei muito, fiquei anotando fórmula, mas uma hora eu também parei porque eu preciso relaxar, preciso descansar, então parei de estudar e fiz coisas que eu gosto", contou a candidata.

A vestibulanda Isabele Pereira, de 18, que também tenta uma vaga para o curso de Direito, contou que mesmo tendo se preparado, ficou nervosa em seu primeiro Enem. "Me preparei, mas estou muito nervosa. Estudei e tive vestibular na escola, mas é a primeira vez, a gente sempre fica nervoso, né? Eu quero fazer Direito. Eu acho que é bom a gente dar uma estudada, mas também ter um momento de lazer, um dia antes, para relaxar, colocar a mente no lugar e conseguir fazer uma boa prova", relatou a estudante.

O candidato Cauã Cardoso, de 17, comentou a ansiedade durante a prova e contou que chegou cedo para não correr o risco de encontrar os portões fechados. "O coração ficou muito acelerado, é uma prova bem difícil, então é preciso respirar fundo. No primeiro dia de provas eu não tinha ido muito bem, muito texto cansa bastante. Cheguei cedo, fiquei me acostumando, relaxando um pouco, para não me afetar com nenhum problema na hora da prova", desabafou.

Jéssica Dantas, de 17, pretende cursar Comunicação Social e cobrir uma Copa do Mundo no futuro. Segundo ela, a vontade de assistir a abertura do mundial deste ano quase a fez desistir do exame. "Eu estou um pouco aliviada por ser o último, mas bate aquele nervosismo, aquele cansaço de estar se preparando o ano inteiro. A gente teve essa semana para descansar, melhor do que quando era tudo no mesmo final de semana", opinou a estudante.
"Nesse ritmo de Copa, eu quase fiquei com preguiça de vir. Por um segundo eu pensei em não vir para assistir a abertura, mas decidi tentar para Comunicação Social, então, quem sabe eu não trabalho cobrindo uma Copa no futuro, para compensar essa que eu não vou assistir a abertura", concluiu Jéssica, aos risos.
Em todas as edições do Enem, diversos estudantes não conseguem chegar a tempo do fechamento dos portões e são impedidos de realizar a prova, como foi o caso do estudante Guilherme Angelicci, de 17, que torceu o pé, não conseguiu comparecer ao local de aplicação do exame dentro do horário e acabou ficando do lado fora.
"Acabei não conseguindo correr a tempo. Não sei se eu demorei a sair de casa, mas, no ponto em que eu fui pegar a bicicleta, não tinha nenhuma e eu tive que ir até outro ponto. Guardei a bike, vim correndo e acabei torcendo o pé. A rua estava com buracos... É difícil, muito difícil. Moro depois do Maracanã, perto do local de provas e deixei para sair um pouco mais tarde. Acabei não conseguindo. Eu ainda não tinha escolhido uma área, estou no segundo ano, era mais por experiência mesmo", desabafou o rapaz.

Para este ano, foram confirmadas 3.396.597 inscrições, a segunda menor quantidade desde 2005, perdendo somente para a edição de 2021, ocorrida durante a pandemia, quando 3.109.762 candidatos realizaram a prova. No Rio, foram registradas 238.639 inscrições para a versão impressa e 4.726 para a digital.
Desse número, aproximadamente 148 mil são estudantes do sexo feminino e 90 mil do masculino. A maioria dos inscritos para esta edição é da raça parda e preta, totalizando 1.826.486 candidatos, em contraste com os 1.360.923 estudantes que indicaram serem brancos. No total, 61.903 candidatos não declararam raça.

O Enem é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC) e, além de avaliar o desempenho dos estudantes a nível nacional, serve como método de acesso à educação superior, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (ProUni), podendo, inclusive, ser usado como forma de ingresso em instituições de educação superior em Portugal.

Além das vagas para as universidades públicas, o Enem também possibilita o acesso a programas de financiamento e apoio estudantil, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o ProUni.

Qualquer pessoa pode fazer o Enem, mas os “treineiros”, aqueles que ainda não concluíram e não vão finalizar o ensino médio em 2022, só podem usar o resultado para autoavaliação de conhecimentos.

Evolução
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi aplicado pela primeira vez em 1998, e registrou mais de 115 mil participantes. No ano de 1999, instituições de educação superior passam a utilizar o Enem como critério de acesso aos cursos de graduação. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) foram as primeiras a adotarem o método.

Em 2004, o resultado individual do exame passou a ser critério de acesso a bolsas de estudo integral ou parcial em cursos de graduação de instituições privadas, por meio do ProUni, lançado no mesmo ano.

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi criado em 2009, possibilitando que instituições federais de educação superior utilizassem as notas do Enem para seleção de alunos aos cursos de graduação. Nesta mesma edição, o Enem passou a ter 180 questões objetivas, além da redação. A aplicação, que antes ocorria somente em um domingo, foi dividida e passou a acontecer em todo o final de semana.

Em 2013, todas as instituições federais de educação superior passaram a utilizar o Enem como critério de seleção para novos alunos. A nota do exame também começou a ser utilizada na concessão de bolsas de estudos do programa Ciência sem Fronteiras. Um ano depois, em 2014, foi assinado o primeiro acordo com uma instituição de educação superior portuguesa, a Universidade de Coimbra, para uso das notas do Enem no acesso as vagas.

No ano de 2017, após consulta pública, o exame passou a ser aplicado em dois domingos consecutivos.

Mais recentemente, em 2020, o Enem Digital começou a ser aplicado, e teve 96.086 inscrições confirmadas. A partir desse ano, participantes com doenças infectocontagiosas previstas nos editais puderam fazer as provas da reaplicação, após a comprovação da condição.
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