Publicado 23/11/2022 20:08 | Atualizado 24/11/2022 14:15
Rio - Uma mulher trans de 26 anos foi baleada no rosto, na segunda-feira passada (21), na Praça São João, no Centro de Niterói. Nicole Veldeck teve alta nesta quarta-feira, mas segue com a bala alojada na face. Além disso, ela tem recebido diversas ameaças do suspeito. A Polícia Civil investiga o caso.
O caso é acompanhado pela Coordenadoria de Defesa dos Direitos Difusos e Enfrentamento à Intolerância Religiosa (Codir), da Prefeitura de Niterói. O subsecretário Felipe Carvalho, responsável pela pasta LGBTQIA+, afirma que Nicole foi alvo de ofensas transfóbicas. Além disso, o incidente também envolve questões de intolerância religiosa.
"Ele se recusou a levar minha amiga na moto porque minha amiga era trans. Ele falou que não levaria 'v...' na moto. Foi quando começou a confusão", relatou a vítima.
No dia seguinte, o pai do agressor buscou por ela. Entretanto, eles se encontraram apenas na segunda-feira, quando Nicole trabalhava próximo à praça. Os dois suspeitos apareceram de moto e, após um diálogo sobre religião, o pai atirou contra ela.
"A gente já se conhecia. Ele me mandou mensagem no domingo e eu 'catei' a maldade dele. Quando foi na segunda-feira, eu desci para trabalhar. Ele me encontrou e disse: 'a gente tem que desenrolar essa discussão'. Eu falei que ia acender um cigarro na encruzilhada", disse .
O atirador, então, teria perguntado: "Então você gosta de macumba? Está bem protegida?". Umbandista, Nicole respondeu que sim.
"Ele deu uma volta, foi lá no ponto de mototáxi e colocou o filho dele para pilotar a moto. Ele veio na garupa. Eu estava acendendo o cigarro, ele parou na minha frente, levantou a arma e disse: 'Você gosta de fazer macumba'. Eu levantei a cabeça e ele deu um tiro. Eu consegui levantar e correr. Nessa hora, ele tentou dar outro tiro. O filho dele falou 'a outra está ali'. Ele quis ir em cima da minha amiga para dar um tiro nela. Eu comecei a gritar, o pessoal da praça começou a gritar. Foi quando eles deram fuga", concluiu.
Agentes do 12º BPM (Niterói) estiveram no Hospital Estadual Azevedo Lima, para onde a vítima foi encaminhada. De acordo com familiares da jovem, ela recebeu alta nesta quarta-feira e os médicos informaram que ela não precisará retirar o projétil alojado na face. A ocorrência foi registrada na 78ª DP (Fonseca).
Durante a internação, ela recebeu ameaças do atirador por mensagens de celular. Por fim, disse a uma amiga da mãe de Nicole que "o que ele não terminou, ele ainda vai terminar".
A direção do Hospital Azevedo Lima informou que a paciente foi atendida por um cirurgião buco-maxilo-facial e profissionais de outras especialidades. A equipe médica decidiu por um tratamento conservador e não identificou a necessidade de uma cirurgia. "Ela foi medicada e recebeu alta com consulta agendada para o dia 1º de dezembro, quando seu quadro clínico", explicou.
Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso.
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