Noite de homenagens e premiações a pessoas ligadas a cultura negra na AlerjDivulgação
Publicado 06/12/2022 14:52 | Atualizado 06/12/2022 15:43
Rio - A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) promoveu, nesta segunda-feira (5), uma noite de homenagens e premiações para personalidades da cultura negra, da literatura, de movimentos sociais e das religiões de matriz africana.
A deputada Mônica Francisco (Psol) foi a responsável por entregar diferentes prêmios como a Medalha Tiradentes, Título de Benemérito, Diploma Abdias Nascimento, Prêmio Dandara, Prêmio Ruth de Souza, Prêmio Marielle Franco e Moções de Aplausos, Louvor e Congratulações, além do Prêmio Não Farão Política sem Nós.
“É importante homenagearmos pessoas que contribuem para tornar nosso país melhor, especialmente enquanto elas estão vivas. Todas que estamos celebrando são pessoas que representam a negritude na saúde, nas artes, nas lutas sociais, e que na maioria das vezes são invisibilizadas na sociedade. Muitas delas abriram caminhos, não estão mais entre nós e esta é uma forma de referenciá-las, como Francisca Xavier (Dona Chica Xavier), por exemplo. Para mim, fazer estas homenagens é tornar essa noite histórica e memorável”, concluiu a parlamentar, que é autora da legislação que criou o Prêmio Ruth de Souza.

As entregas das honrarias estavam acumuladas devido os dois anos de pandemia e a parlamentar aproveitou a proximidade do final do ano legislativo para realizar a cerimônia. Entre os homenageados estavam Luiz Angelo da Silva, o Ogan Bang Bala, no auge dos seus 103 anos, o ator Antônio Pitanga, a Enfermeira Maria Soares, com mais de 90 anos, Janice Ferreira da Silva, a Preta Ferreira, a escritora Vilma Piedade, os atores Lázaro Ramos, Zezé Motta, Milton Gonçalves, a deputada federal Áurea Carolina, Haroldo Costa, entre outros.

O ator Antônio Pitanga marcou presença no evento, para receber o Prêmio Ruth de Souza, e rememorou seu encontro com ela.
"Um prêmio com o nome da nossa rainha, nossa estrela do teatro e do cinema é extraordinário. Eu fico imensamente feliz, porque bebi dessa fonte de sabedoria chamada Ruth de Souza. Eu e muitos jovens tínhamos como referência Ruth de Souza, ao criar, em 1941, com Abdias do Nascimento e Léa Garcia, o teatro do negro, ela demarcou e marcou a nossas almas com dignidade e força, assim como a deputada Mônica Francisco está fazendo agora", disse.


Luana Xavier compareceu para receber a comenda dos avós, Chica Xavier e Clementino Kelé. Ela falou sobre a pessoa acessível que Ruth de Souza foi, agradeceu e cantou uma cantiga em homenagem a deputada Mônica Francisco.
"Homenagens como esta precisam acontecer para sabermos quem são nossas referências. Ruth de Souza era uma rainha acessível, pois se estreávamos uma peça ela ia. Quando fazia um programa em um horário que ninguém via, ela acompanhava e comentava. É muito honroso receber qualquer prêmio que leve o nome Ruth de Souza", afirmou.

O que não faltaram foram emoções. O ator Lázaro Ramos não pôde comparecer, mas enviou um vídeo sensibilizado por ser homenageado com o Prêmio Ruth de Souza. "Fico emocionado em receber um prêmio com o nome da minha mãe", disse.

A advogada e enfermeira, militante das duas áreas, Maria Soares, mulher negra, profissional de saúde com mais de 90 anos, homenageada com a Medalha Tiradentes, fez alusão a estes tempos de acirramento da divisão na sociedade brasileira, tempos de ódio e de intolerância. "Convoco a todas as pessoas a ajudarem nas boas convivências, no respeito e na união de todos. E agradeço a Mônica Francisco por nos encorajar a estar nesses lugares que sempre nos foram negados", pontuou.

Já Janice Ferreira da Silva, a Preta Ferreira, que é defensora dos direitos humanos, ativista por moradia em São Paulo, e está na equipe de transição do presidente Lula, e escritora, que em 2019 ficou mais de 100 dias presa por defender o direito de todos a terem um teto, lembrou da importância de as mulheres serem livres. "Dandara somos nós mulheres pretas do Brasil. Nós que nascemos livres, vamos morrer livres, mas antes cobraremos todos os nossos direitos constitucionais”, afirmou.

Outra que celebrou a negritude e grandiosidade da noite foi a escritora Vilma Piedade, que cunhou o termo sororidade, afirmando que apenas uma mulher negra é capaz de sentir a dor da outra: "Mônica Francisco é plural. É a pastora evangélica que mais combate a intolerância religiosa, porque ela sabe que nossa dor é preta e nós existimos em coletivo. Também preciso dizer que não aguento mais o verbo resistir, porque nós estamos aqui para ser".

No final da solenidade houve uma quebra de protocolo, toda a equipe da #MandataQuilombo, como é tratado o coletivo que atua no gabinete da parlamentar desde 2019, foi chamada ao palco para marcar a última solenidade de entrega de honrarias.
“Nossa solenidade teve uma força extraordinária, nossas ancestralidades fizeram-se presentes para dar início ao encerramento de um ciclo de muito trabalho, esforço coletivo, que impactou a vida de muitas pessoas faveladas, do axé, trabalhadoras e pessoas LGBTQIAP+, e que muito nos orgulha”, encerrou a deputada Mônica Francisco, bastante emocionada. A atração da cerimônia foi o Grupo Awurê, que finalizou cantando Maria Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

Veja todos os homenageados


- Medalha Tiradentes, a maior honraria do estado do Rio de Janeiro:

Enfermeira Maria Soares, Gerson Rodrigues Cortês, o Gerson King Combo (em memória), Cleonir Alves, a Tia Gaúcha, (em memória), Marco Aurélio Ferreira – DJ Corello e Doutora Carolina Maria de Jesus (em memória)


- Prêmio Marielle Franco:
Ariana Santos, Renata Martins de Freitas, Francidélia Lima Gomes, Ana Beatriz Bernardes Nunes, Débora Ambrósia, Áurea Carolina de Freitas e Silva, Adriana Facina Gurgel do Amaral, Nanci Rosa, Dona Iraci, Jurema Pinto Werneck, Darcilia Alves, Jovanna Cardoso da Silva, Luciana Boiteux, Regina Tchelly e Ivanir dos Santos.


- Prêmio Ruth de Souza:
Lázaro Ramos, Zeze Motta, Milton Gonçalves, Clemente Kelé, Francisca Xavier Queiroz de Jesus (em memória), Antônio Pitanga, Camila Pitanga, Haroldo Costa, Dona Jura e Taís Araujo.


- Prêmio Dandara:
Maria Izabel Monteiro, Preta Ferreira, Janaína Alves Costa, Anazir Maria de Oliveira e Ana Maria Leone de Jesus Ferreira.


- Diploma Abdias Nascimento:
Taata Biolê Ia Nkôs e Wilson Roberto Prudente.


- Título de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro:
Luiz Angelo da Silva, o Ogan Bang Bala (103 anos).


- Moção de Aplausos, Louvor e Congratulações:
Aída dos Santos, Elaine Vasconcelos, João Vicente, Jongo da Serrinha, Rubem Confete e Tânia Amorim de Barros.


- Diploma Não Farão Política sem Nós:
Vilma Piedade, Mariane Marçal e Rute Sales
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