Cicloativismo: a luta de cariocas para pedalar com segurança na cidade

Construção de ciclovias e educação no trânsito são as principais pautas de ciclistas engajados no Rio de Janeiro; prefeitura tem projeto em andamento

PAUTA ESPECIAL - Ciclismo, saúde e conscientização. O grupo Pedala JPA estão sempre nas redes sociais incentivando o debate e a importância do uso da bicicleta. Estão sempre engajados em campanhas para aumentar as ciclovias e ciclofaixas do bairro. Na foto, Sidney.Pedro Ivo/ Agência O Dia
Publicado 18/12/2022 07:00 | Atualizado 18/12/2022 11:49
Rio - Pedalar pelas ruas do subúrbio do Rio de Janeiro vai além do esporte ou da necessidade de deslocamento. Em condições tão adversas, utilizar a bicicleta para se locomover parece cada dia mais um ato de resistência. E para alguns, de fato, é uma luta. É o caso do médico Sidney Teixeira, um dos líderes do grupo cicloativista Pedala JPA, que reivindica a construção de ciclovias no bairro de Jacarepaguá e arredores. A ideia saiu da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (Amaf) e tem ganhado as ruas da Zona Oeste do Rio mesmo com pouco tempo de existência.
O grupo cicloativista não chega a ser uma novidade na região, já que ganhou apenas uma nova roupagem e atraiu mais simpatizantes nos últimos meses. Antes de se tornar Pedala JPA, o projeto era chamado Pedala Freguesia, mas mudou de nome para englobar uma área maior. Deu resultado, tanto que dezenas de ciclistas se reuniram para rodar por estradas do bairro em uma série de eventos organizados nos últimos meses. Neles, os participantes também são convidados a debater mobilidade urbana e, claro, as vantagens do uso na bicicleta e necessidade de criação de ciclovias pela cidade. O Dia Mundial Sem Carro foi o de maior sucesso, com cerca de 80 pessoas presentes.
"Não é uma coisa nova (o grupo), mas é algo com um novo nome agora. A gente já teve isso, mas agora estamos focados em Jacarepaguá, porque antes era só Freguesia. Adotamos o nome Pedala JPA em 2022 e fizemos o evento do Dia Mundial Sem Carro, dia 18 de setembro, aí a gente reuniu 80 ciclistas. Ficou bem cheia a praça. Foi bem legal!", relatou o médico.
Sidney, de 27 anos, é um dos que participa mais ativamente dos debates e cobranças ao poder público por melhores condições aos ciclistas no Rio, sobretudo nas adjacências de Jacarepaguá, onde cresceu e adquiriu o hábito de usar bicicleta mesmo com os riscos existentes. A pauta mais discutida, hoje, é a implantação do Plano Cicloviário apresentado pela Prefeitura, que pretende conectar 100% das estações de transporte público de massa (BRT, Trem, Metrô e Barcas) até 2024, conforme revelou a CET-Rio em resposta à reportagem de O DIA. Os principais representantes da classe do Rio gostaram da proposta, que teve participação popular, e agora cobram a implementação dentro do prazo.
Embora o grupo tenha algumas ideias de melhorias para o plano, foi consenso que é a ideia é, no mínimo satisfatória, principalmente para quem está acostumado a disputar espaço com carros nas estradas e correr riscos que serão minimizados com as novas ciclovias. Nos eventos, os organizadores apresentam o Plano Cicloviário para os novos membros e todos podem debater e apontar pontos positivos e negativos. O último deles aconteceu no início deste mês e o próximo está programado para o final de janeiro.
"Estamos muito em cima desse assunto porque já tem algo traçado, mas sem data definida, sem nada. Mas tem o plano, então é um consenso entre a sociedade civil e a prefeitura. Nossa maior função, agora, é pressionar para que saia do papel. Fizemos um passeio em dezembro, colocamos o plano em uma mesa, com a intenção de fortalecer o núcleo pensante, e estamos com a promessa de fazer um novo passeio no fim de janeiro. Estamos querendo fazer na Taquara para sair um pouco na Freguesia", explicou Sidney.
Mais do que saúde e segurança, a luta por mais ciclovias em Jacarepaguá faz parte também de um projeto para melhorar o deslocamento na região, castigada pelo trânsito intenso e as poucas opções. Segundo Sidney, "a questão do transporte público em Jacarepaguá pulsa muito" e é um dos principais motivos de reclamações recebidas pela Amaf. Apesar da atuação constante, ele ressalta que "pouco coisa é feita" pelo poder público para mudar esse panorama.
Em setembro, a Amaf chegou a enviar um ofício a todos os gabinetes da Câmara dos Vereadores, solicitando a expansão da malha cicloviária de Jacarepaguá o mais rápido possível, já que a Prefeitura ainda não havia informado um prazo para finalizar a obra. Também entraram em pauta a construção de um novo acesso à Linha Amarela para veículos e a chegada de transportes sobre trilhos na região, com a sugestão de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) entre a estação de metrô Jardim Oceânico e a Taquara. A associação também protocolou na Prefeitura um estudo sobre a construção de ciclovias na Estrada de Jacarepaguá e na Avenida Geremário Dantas.
Mais educação, mais segurança
Administradora de uma página com mais de 24 mil seguidores no Instagram, Viviane Zampieri é uma das maiores referências quando o assunto é cicloativismo no Rio de Janeiro. Ex-gestora pública pela prefeitura e terminando a formação em Política e Planejamento Urbano pela UFRJ, ela luta não apenas pela implementação de ciclovias pela cidade, mas também pela educação a motoristas para que não coloquem em risco a vida de ciclistas nas estradas, e por isso costuma dar palestras sobre o assunto, inclusive em empresas de ônibus da capital e escolas.
Desde 2012, Vivi (como gosta de ser chamada), moradora de Engenho de Dentro, usa a bicicleta para se locomover pelas ruas da Zona Norte do Rio, e em 2016 fez dela e da moto seus únicos meios de transporte. Tudo começou porque ela passou a pedalar depois de descobrir uma doença autoimune. Em seguida, se envolveu em projetos comunitários e mergulhou de cabeça no cicloativismo com um objetivo bem traçado: "colocar a bicicleta com segurança nas ruas".
"O que o Bike Na Pista pede é uma educação viária. A gente é muito deficitário em educação. Os motoristas mandam os ciclistas para a calçada, mas não sabem que o nosso lugar é na pista. Nós somos amparados pelo Artigo 58 do Código de Trânsito, que diz que nós devemos andar na pista, principalmente quando não temos ciclovia. Porém, mesmo que tenha esse arcabouço cicloviário e ele não oferecer a segurança necessária, nós temos que continuar andando na pista. Nosso lugar não é na calçada", explicou Viviane.
"Há menos de 15 dias, tivemos a perda de um ciclista. Eu chamo isso de ciclo invisível. Ele só é visível quando, infelizmente, entra para a estatística. É mais um ciclista que utiliza a bicicleta como meio de transporte, tentando diminuir seu tempo de deslocamento diário, tentando ganhar saúde e gastar menos. A passagem cara do jeito que está impossibilita para algumas famílias arcar com os gastos em transporte público", completou a ciclista, indignada.
Por mais que seja defensora do Plano Cicloviário, que ajudou a elaborar com participação popular, Viviane argumenta que as ciclovias, por si só, não garantem a segurança plena dos ciclistas. Além do aumento da malha cicloviária, como está previsto, ela acredita que a educação aos motoristas continuará sendo fundamental para evitar novas tragédias.
"Eu não acredito que, sem uma política de educação viária, tanto na TV quanto nos veículos de grande circulação e também na Internet, mas não somente, esses 942 km de ciclovias sejam suficientes. Eles precisam ter qualidade, integração, projeto e alguns equipamentos públicos para permitir que o ciclista use a bicicleta na 'primeira perna'", analisou.

CET-Rio responde
Em nota, a CET-Rio respondeu à reportagem sobre prazos para finalização das obras do Plano Cicloviário e o panorama atual da malha cicloviária no Rio de Janeiro. Leia abaixo:
"Em 2021, a cidade passou a ter como meta estratégica conectar as estações de transporte publico com a malha cicloviária. O principal objetivo é permitir que as pessoas possam optar pelo uso da bicicleta na sua jornada diária de forma segura como principal modo de transporte ou associado ao transporte público.
A meta da cidade é conectar 100% das estações (BRT, VLT, Trem, Metro e Barcas) até final de 2024. Nesse ano, foram implantadas novas ciclofaixas e ciclorrotas, distribuídas pelas 5 áreas de planejamento da cidade, que conectam 54 estações. Somadas às 50 estações já conectadas representam 39%. Assim, considera-se que a cidade soma um total de implantação de 487km de infraestrutura cicloviária.
Esta iniciativa está alinhada com a campanha global Cidades Pedaláveis – do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) – da qual o município do Rio participa como uma das cidades líderes. O objetivo da campanha é ampliar e unificar importantes iniciativas ligadas à mobilidade por bicicleta, para garantir que esta se consolide como opção de transporte segura, acessível e com emissão zero. E que seja alcançada a meta global de ter mais 25 milhões de pessoas vivendo perto de uma infraestrutura cicloviária segura até 2025."
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Cicloativismo: a luta de cariocas para pedalar com segurança na cidade

Construção de ciclovias e educação no trânsito são as principais pautas de ciclistas engajados no Rio de Janeiro; prefeitura tem projeto em andamento

PAUTA ESPECIAL - Ciclismo, saúde e conscientização. O grupo Pedala JPA estão sempre nas redes sociais incentivando o debate e a importância do uso da bicicleta. Estão sempre engajados em campanhas para aumentar as ciclovias e ciclofaixas do bairro. Na foto, Sidney.Pedro Ivo/ Agência O Dia
Publicado 18/12/2022 07:00 | Atualizado 18/12/2022 11:49
Rio - Pedalar pelas ruas do subúrbio do Rio de Janeiro vai além do esporte ou da necessidade de deslocamento. Em condições tão adversas, utilizar a bicicleta para se locomover parece cada dia mais um ato de resistência. E para alguns, de fato, é uma luta. É o caso do médico Sidney Teixeira, um dos líderes do grupo cicloativista Pedala JPA, que reivindica a construção de ciclovias no bairro de Jacarepaguá e arredores. A ideia saiu da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (Amaf) e tem ganhado as ruas da Zona Oeste do Rio mesmo com pouco tempo de existência.
O grupo cicloativista não chega a ser uma novidade na região, já que ganhou apenas uma nova roupagem e atraiu mais simpatizantes nos últimos meses. Antes de se tornar Pedala JPA, o projeto era chamado Pedala Freguesia, mas mudou de nome para englobar uma área maior. Deu resultado, tanto que dezenas de ciclistas se reuniram para rodar por estradas do bairro em uma série de eventos organizados nos últimos meses. Neles, os participantes também são convidados a debater mobilidade urbana e, claro, as vantagens do uso na bicicleta e necessidade de criação de ciclovias pela cidade. O Dia Mundial Sem Carro foi o de maior sucesso, com cerca de 80 pessoas presentes.
"Não é uma coisa nova (o grupo), mas é algo com um novo nome agora. A gente já teve isso, mas agora estamos focados em Jacarepaguá, porque antes era só Freguesia. Adotamos o nome Pedala JPA em 2022 e fizemos o evento do Dia Mundial Sem Carro, dia 18 de setembro, aí a gente reuniu 80 ciclistas. Ficou bem cheia a praça. Foi bem legal!", relatou o médico.
Sidney, de 27 anos, é um dos que participa mais ativamente dos debates e cobranças ao poder público por melhores condições aos ciclistas no Rio, sobretudo nas adjacências de Jacarepaguá, onde cresceu e adquiriu o hábito de usar bicicleta mesmo com os riscos existentes. A pauta mais discutida, hoje, é a implantação do Plano Cicloviário apresentado pela Prefeitura, que pretende conectar 100% das estações de transporte público de massa (BRT, Trem, Metrô e Barcas) até 2024, conforme revelou a CET-Rio em resposta à reportagem de O DIA. Os principais representantes da classe do Rio gostaram da proposta, que teve participação popular, e agora cobram a implementação dentro do prazo.
Embora o grupo tenha algumas ideias de melhorias para o plano, foi consenso que é a ideia é, no mínimo satisfatória, principalmente para quem está acostumado a disputar espaço com carros nas estradas e correr riscos que serão minimizados com as novas ciclovias. Nos eventos, os organizadores apresentam o Plano Cicloviário para os novos membros e todos podem debater e apontar pontos positivos e negativos. O último deles aconteceu no início deste mês e o próximo está programado para o final de janeiro.
"Estamos muito em cima desse assunto porque já tem algo traçado, mas sem data definida, sem nada. Mas tem o plano, então é um consenso entre a sociedade civil e a prefeitura. Nossa maior função, agora, é pressionar para que saia do papel. Fizemos um passeio em dezembro, colocamos o plano em uma mesa, com a intenção de fortalecer o núcleo pensante, e estamos com a promessa de fazer um novo passeio no fim de janeiro. Estamos querendo fazer na Taquara para sair um pouco na Freguesia", explicou Sidney.
Mais do que saúde e segurança, a luta por mais ciclovias em Jacarepaguá faz parte também de um projeto para melhorar o deslocamento na região, castigada pelo trânsito intenso e as poucas opções. Segundo Sidney, "a questão do transporte público em Jacarepaguá pulsa muito" e é um dos principais motivos de reclamações recebidas pela Amaf. Apesar da atuação constante, ele ressalta que "pouco coisa é feita" pelo poder público para mudar esse panorama.
Em setembro, a Amaf chegou a enviar um ofício a todos os gabinetes da Câmara dos Vereadores, solicitando a expansão da malha cicloviária de Jacarepaguá o mais rápido possível, já que a Prefeitura ainda não havia informado um prazo para finalizar a obra. Também entraram em pauta a construção de um novo acesso à Linha Amarela para veículos e a chegada de transportes sobre trilhos na região, com a sugestão de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) entre a estação de metrô Jardim Oceânico e a Taquara. A associação também protocolou na Prefeitura um estudo sobre a construção de ciclovias na Estrada de Jacarepaguá e na Avenida Geremário Dantas.
Mais educação, mais segurança
Administradora de uma página com mais de 24 mil seguidores no Instagram, Viviane Zampieri é uma das maiores referências quando o assunto é cicloativismo no Rio de Janeiro. Ex-gestora pública pela prefeitura e terminando a formação em Política e Planejamento Urbano pela UFRJ, ela luta não apenas pela implementação de ciclovias pela cidade, mas também pela educação a motoristas para que não coloquem em risco a vida de ciclistas nas estradas, e por isso costuma dar palestras sobre o assunto, inclusive em empresas de ônibus da capital e escolas.
Desde 2012, Vivi (como gosta de ser chamada), moradora de Engenho de Dentro, usa a bicicleta para se locomover pelas ruas da Zona Norte do Rio, e em 2016 fez dela e da moto seus únicos meios de transporte. Tudo começou porque ela passou a pedalar depois de descobrir uma doença autoimune. Em seguida, se envolveu em projetos comunitários e mergulhou de cabeça no cicloativismo com um objetivo bem traçado: "colocar a bicicleta com segurança nas ruas".
"O que o Bike Na Pista pede é uma educação viária. A gente é muito deficitário em educação. Os motoristas mandam os ciclistas para a calçada, mas não sabem que o nosso lugar é na pista. Nós somos amparados pelo Artigo 58 do Código de Trânsito, que diz que nós devemos andar na pista, principalmente quando não temos ciclovia. Porém, mesmo que tenha esse arcabouço cicloviário e ele não oferecer a segurança necessária, nós temos que continuar andando na pista. Nosso lugar não é na calçada", explicou Viviane.
"Há menos de 15 dias, tivemos a perda de um ciclista. Eu chamo isso de ciclo invisível. Ele só é visível quando, infelizmente, entra para a estatística. É mais um ciclista que utiliza a bicicleta como meio de transporte, tentando diminuir seu tempo de deslocamento diário, tentando ganhar saúde e gastar menos. A passagem cara do jeito que está impossibilita para algumas famílias arcar com os gastos em transporte público", completou a ciclista, indignada.
Por mais que seja defensora do Plano Cicloviário, que ajudou a elaborar com participação popular, Viviane argumenta que as ciclovias, por si só, não garantem a segurança plena dos ciclistas. Além do aumento da malha cicloviária, como está previsto, ela acredita que a educação aos motoristas continuará sendo fundamental para evitar novas tragédias.
"Eu não acredito que, sem uma política de educação viária, tanto na TV quanto nos veículos de grande circulação e também na Internet, mas não somente, esses 942 km de ciclovias sejam suficientes. Eles precisam ter qualidade, integração, projeto e alguns equipamentos públicos para permitir que o ciclista use a bicicleta na 'primeira perna'", analisou.

CET-Rio responde
Em nota, a CET-Rio respondeu à reportagem sobre prazos para finalização das obras do Plano Cicloviário e o panorama atual da malha cicloviária no Rio de Janeiro. Leia abaixo:
"Em 2021, a cidade passou a ter como meta estratégica conectar as estações de transporte publico com a malha cicloviária. O principal objetivo é permitir que as pessoas possam optar pelo uso da bicicleta na sua jornada diária de forma segura como principal modo de transporte ou associado ao transporte público.
A meta da cidade é conectar 100% das estações (BRT, VLT, Trem, Metro e Barcas) até final de 2024. Nesse ano, foram implantadas novas ciclofaixas e ciclorrotas, distribuídas pelas 5 áreas de planejamento da cidade, que conectam 54 estações. Somadas às 50 estações já conectadas representam 39%. Assim, considera-se que a cidade soma um total de implantação de 487km de infraestrutura cicloviária.
Esta iniciativa está alinhada com a campanha global Cidades Pedaláveis – do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) – da qual o município do Rio participa como uma das cidades líderes. O objetivo da campanha é ampliar e unificar importantes iniciativas ligadas à mobilidade por bicicleta, para garantir que esta se consolide como opção de transporte segura, acessível e com emissão zero. E que seja alcançada a meta global de ter mais 25 milhões de pessoas vivendo perto de uma infraestrutura cicloviária segura até 2025."
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