Glaidson, ao lado mulher, Mirelis, segue preso enquanto a venezuelana está foragidaDivulgação
Publicado 21/12/2022 21:31
Rio - O Superior Tribunal de Justiça, concedeu, na última sexta-feira (16), o habeas corpus à venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerp, mulher de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins. Ela é acusada, junto com o marido, de chefiar um esquema de pirâmide através de empresas de consultoria e investimentos em criptomoedas. A venezuelana, que possui dois mandados de prisão em aberto, continua foragida desde agosto de 2021, e está na lista de procurados da Interpol.

Em trecho da decisão, o magistrado Jorge Mussi afirma que o pedido de prisão preventiva de Mirelis foi feito com base em uma "decisão com motivação abstrata".
" Em casos análogos, esta Corte Superior tem entendido não ser devida a mantença da segregação cautelar calcada em decisão com motivação abstrata, por se tratar de constrangimento ilegal, ainda que o delito imputado revista-se de caráter grave, como é o caso dos autos." afirma um trecho da decisão.
Mesmo foragida, Mirelis já chegou a fazer uma transferência de R$ 2,3 milhões para as contas da irmã Noiralis Yosce Diaz, em fevereiro deste ano. Além disso, investigações da PF e do MPF demonstraram, no ano passado, que a venezuelana sacou R$ 1 bilhão em bitcoins no dia seguinte à prisão do marido.

Nas redes sociais, mesmo foragida, ela já gravou um vídeo chorando alegando que desconhecia as operações ilegais do marido.

"Estou vivendo uma injustiça que jamais imaginei que viveria na minha vida", disse Mirelis, em um trecho do vídeo.
Operação Kryptos
Glaidson foi preso na Operação Kryptos, deflagrada pela Polícia Federal no dia 25 de agosto de 2021 com o objetivo de desbaratar um esquema fraulento do mercado de criptomoedas e que movimentou bilhões de reais.
Segundo as investigações, a empresa G.A.S. Consultoria, com sede em Cabo Frio, é responsável por um esquema de pirâmide chamado 'ponzi', que prometia um "insustentável retorno financeiro sobre o valor investido". Pessoas aportavam grandes quantidades de dinheiro no esquema, que prometia lucros de 10% ao mês sobre o valor investido. O lucro, no entanto, não chegava - tudo o que entrava na empresa ficava com Glaidson e os sócios, segundo a PF

G.A.S. são as iniciais de Glaidson Acácio dos Santos, um personagem conhecido entre os investidores em criptomoedas do Rio de Janeiro. Até 2014, o morador da Região dos Lagos era garçom em um restaurante em Búzios. Entre 2018 e 2019, abriu empresas de consultoria e investimentos em criptomoedas e, desde então, movimenta muito dinheiro no mercado de moedas digitais. Para a Polícia Federal, os lucros de Glaidson são frutos de um grande esquema de pirâmide.
Glaidson aparece como sócio da G.A.S. Consultoria e Tecnologia, ativa há três anos e com capital social total de R$ 75 milhões, e também da G.A.S. Inovação, baseada em Barueri (SP) e com capital social total de R$ 1 milhão. Em ambas, ele é sócio com Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, venezuelana que seria sua esposa.

Na casa de Glaidson, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, agentes encontraram R$ 14 milhões em espécie, além de dólares e euros. A quantidade era tão grande que foram necessárias malas e um carro forte para transportar os valores até a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá. Um Porsche e uma BMW também foram apreendidos, além de barras de ouro.
Publicidade
Leia mais