Vídeos que circulam nas redes sociais mostram série de arrastões durante o réveillon em CopaReprodução de vídeo
Publicado 03/01/2023 17:51 | Atualizado 03/01/2023 18:03
Rio - Vídeos publicados nas redes sociais mostram criminosos realizando uma série de arrastões contra cariocas e turistas durante a contagem regressiva para a virada de ano, no Réveillon de 2023. Nas imagens é possível ver que os assaltantes aproveitaram o momento em que os celulares estavam apontados para o céu, a fim de registrar a queima de fogos, para abordarem as vítimas. 
Em um dos vídeos publicados, uma mulher começa filmando os fogos quando observa uma correria na areia. Ela, então, abaixa o celular e se curva para tentar proteger o aparelho celular e a ela mesma do crime. A moça publicou o registro em sua rede social com a legenda: "Um celular sendo guardado para para não ser roubado no arrastão do réveillon", escreveu. A mesma cena se repetiu com uma outra mulher na areia de Copacabana. Ela também precisou se curvar para não ser roubada na correria. 
Em um outro caso, duas mulheres são filmadas segundos antes da virada de ano, quando quatro homens as abordam e levam seus celulares. As vítimas tentam reagir, mas não conseguem evitar o crime. Ao mesmo tempo, uma terceira mulher, que estava com o celular apontado para o céu, também sofre uma tentativa de roubo, mas o celular cai na areia e o bandido desiste e foge.
Veja os vídeos:
Essas cenas se repetiram por algumas vezes na noite de Réveillon. O estudante de psicologia, Lucca Barreto, de 26 anos, contou ao Dia que quase apanhou de um grupo de 20 rapazes que estava praticando roubos na areia da praia. Pouco antes da virada, ele, sua namorada e suas respectivas famílias combinaram de se encontrar na areia da praia de Copacabana. Mas o que era para ser um momento de diversão se tornou um momento de verdadeiro terror. 
"Quando chegamos na areia vimos que tinha um grupo de pelo menos 20 rapazes, todos bem novinhos, em uma rodinha. Quando eu e minha namorada passamos por eles, meus sogros gritaram de um outro ponto da areia que um deles havia acabado de roubar o cordão de uma pessoa. Foi então que um outro rapaz chegou perto de mim e tentou roubar meu celular, mas eu botei a mão no meu bolso e não conseguiram puxar. Nesse momento me derrubaram no chão e minha sogra tentou me levantar, mas um terceiro menino chegou em mim e chutou areia no meu rosto", relata o estudante, que é morador de Copacabana.
Ele conta ainda que percebeu que se continuasse ali poderia ser agredido pelo grupo. O casal, então, decidiu acompanhar a queima de fogos em um lugar que fosse mais seguro. Ao tentar sair da areia, Lucca diz que foi seguido por pelo menos cinco minutos por um dos agressores. 
Ele e a namorada só conseguiram acompanhar a queima de fogos com tranquilidade pois encontraram um grupo de policiais militares no calçadão, na altura do Hotel Copacabana Palace. "Não chegaram a levar nada nosso, mas estava bem complicado ficar na areia. Logo depois encontramos um amigo meu que estava na frente do palco principal e, após uma confusão, precisou sair de lá. A PM jogou gás lacrimogêneo e uma menina acabou desmaiando. Nossa virada foi socorrendo uma menina bem novinha e eu me recuperando de um baita susto", desabafou.
O que diz a Polícia Militar
Ao ser questionada sobre o número expressivo de relatos de arrastões nas areias da praia de Copacabana, a Polícia Militar disse que mobilizou 22.414 policiais para o esquema especial de policiamento nos locais onde aconteciam as festividades de Réveillon. Somente na orla de Copacabana e em áreas de acesso mais próximas, foram empregados 2.662 policiais. O efetivo dos batalhões de área juntou-se às equipes de unidades especiais e especializadas da Corporação.
Informou ainda que neste Réveillon o planejamento operacional para a festa em Copacabana montou pontos de bloqueio e revista com detectores de metais. "Ao longo da noite do dia 31/12/2022 e da madrugada de 01/01/2023, a Polícia Militar apreendeu 179 objetos perfurocortantes (108 facas, 23 tesouras, 04 estiletes, 03 canivetes, alicates, garfos, abridores de garrafa, chaves de fenda etc), de acordo com dados prévios em consolidação. Ainda neste bairro da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, os policiais militares conduziram nove pessoas para a 12ª DP."

Em todo o Estado do Rio de Janeiro, segundo dados preliminares divulgados pela PM, 38 pessoas foram encaminhadas para delegacias e 11 armas de fogo foram apreendidas, entre estas está um fuzil calibre 5.56 apreendido pelo 41ºBPM (Irajá).
Levantamento da PM apontou redução da violência
Um outro levantamento divulgado pela Polícia Militar apontou redução de roubos e furtos na orla de Copacabana durante o Réveillon. Segundo dados estatísticos apurados pelo 19º BPM, batalhão da área, utilizando o ISPGeo - ferramenta de análise criminal - , os indicadores de roubo e furto apresentaram reduções. A comparação entre o Réveillon 2019/2020 e o 2022/2023 registrou quedas de 89% nos roubos a transeunte, 85% no furto a transeuntes, 65% no roubo de aparelho celular e 55% nos crimes de furto de celular.

"Esses resultados mostram que o planejamento da Polícia Militar, com pontos de bloqueio e revista, além da utilização de câmeras operacionais portáteis nas fardas dos policiais e monitoramento de helicóptero e drones, deu muito certo. Quero destacar também o trabalho integrado entre as polícias Civil, Militar e a Operação Segurança Presente, que garantiu a segurança nessa festa tão importante para a economia do Rio", disse o governador Cláudio Castro.

O comparativo utilizou as festas de Réveillon acima citadas por serem as duas ocasiões em que aconteceram espetáculos artísticos nas areias de Copacabana e pleno funcionamento dos modais de transporte público para deslocamento das pessoas. As viradas 2020/2021 e 2021/2022 tiveram restrições de circulação e realização de eventos por conta da pandemia de Covid-19.
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