Publicado 26/01/2023 21:57
Rio - Barraqueiros que ocupavam quiosques na Avenida Isabel Domingues, às margens de um canal na Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio, cobram mais transparência nos critérios usados no reordenamento do espaço. O grupo afirma que houve irregularidade na listagem depois que identificaram que um funcionário da Prefeitura do Rio ganhou um box no novo local, agora chamado de Feira de Ambulantes da Gardênia Azul.
Cerca de 180 construções irregulares foram demolidas em agosto de 2021 pela Secretaria Municipal de Conservação. Na ocasião, a Prefeitura do Rio informou que os boxes eram alugados e os comerciantes pagavam até R$ 800 por cada um deles para milicianos da região. A promessa era de que todos os barraqueiros fossem regularizados e inseridos novamente no local.
Os barraqueiros afirmam que o funcionário da prefeitura não tinha quiosque antes da demolição do espaço e pedem que o reordenamento seja feito por sorteio entre os comerciantes que já ocupavam a feira antes da demolição. "Todos preferem e querem que a prefeitura convoque todos que foram derrubados, coloque todos dentro de uma sala e faça sorteio com nome de todos".
Um dos barraqueiros que denuncia a falta de transparência na decisão da prefeitura afirma que Eduardo Paes havia prometido durante a campanha eleitoral que não iria demolir as construções. No entanto, quase um ano depois, o local foi desmobilizado.
"Na época, eles [prefeitura] disseram que iriam derrubar porque houve uma ordem judicial, que até hoje ninguém mostrou e provou. O que realmente ocorreu foi tudo uma farsa, não houve ordem nenhuma, o que houve foi falta de apoio político", diz. A fonte explica que o grupo de barraqueiros que não apoiou o atual prefeito não está entre os beneficiados.
Em um ofício publicado pela Secretaria de Ordem Pública (Seop) no dia 16 de janeiro deste ano, consta que feira de ambulantes "vai atender à solicitação da Subprefeitura de Jacarepaguá, que realizou uma ação de reordenamento de comércio ambulante no logradouro e prioriza o assentamento dos 50 mercadores que já atuavam na atividade daquele local".
No entanto, o grupo afirma que outras 131 pessoas continuam sem lugar para trabalhar. "Ficaram 131 pessoas de fora, mas deveriam ser 130, já que uma barraca foi para um servidor público", diz o ambulante.
Procurado pela reportagem, o servidor mencionado na denúncia dos barraqueiros, identificado como Luiz Antônio Rosa da Silva, confirmou que seu nome consta na lista, mas que não vai assumir o box por conflito de ocupação. "Quando demonstrei interesse e corri atrás para conseguir o box, eu não tinha o conhecimento que não poderia assumir por ser funcionário da prefeitura", disse. Caso ele ocupe o box, deverá pedir exoneração do cargo que ocupa atualmente.
Luiz é barbeiro e trabalha na Secretaria de Ação Comunitária (Seac) da Prefeitura do Rio. "Nas eleições de 2020 eu me candidatei para vereador e, por ser bastante conhecido, acabaram me chamando para trabalhar na secretaria. Mas antes disso, há 24 anos, eu tinha a minha barraquinha para trabalhar como barbeiro nesse mesmo lugar, mas eu saí pois não concordava em pagar para ocupar um lugar irregular. Hoje eu tenho um lugar alugado para botar minha barbearia para funcionar", conta.
Procurada, a Secretaria de Ordem Pública (Seop), responsável pela nomeação dos ambulantes, ainda não respondeu sobre as denúncias dos barraqueiros.
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