Homem que ostentava tatuagens nazistas foi conduzido à delegacia mas inspetor não configurou ato como crimeReprodução
Publicado 30/01/2023 20:13
Rio - A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio, vereadora Teresa Bergher, se manifestou, neste domingo (29), sobre o caso envolvendo um homem com tatuagens que fazem apologia ao nazismo. De acordo com a parlamentar, a Secretaria de Estado de Polícia Civil será cobrada sobre a conduta do inspetor que liberou o acusado por não considerar a tatuagem um crime.
O caso foi denunciado pelo estudante Leonardo Guimarães, de 30 anos, que levou o registro do homem com as tatuagens nazistas e supremacistas a um grupo de PMs. Ele conseguiu convencer os policiais a levarem o homem à 9ª DP (Catete), mas chegando lá o inspetor de plantão teria liberado o homem por não considerar que a tatuagem configurava um crime. O caso aconteceu no último sábado (28).
"É preciso lembrar que a apologia ao nazismo é crime, mas o tatuado foi inexplicavelmente liberado. Precisamos ouvir a testemunha que o levou a delegacia, para saber o que de fato aconteceu. Vou cobrar uma investigação rigorosa do governo do estado e que este nazista seja punido o mais rapidamente possível", disse a vereadora.
De acordo com a parlamentar, o estudante será procurado pela sua equipe para relatar o caso e como tudo aconteceu.
Em relato ao DIA, Leonardo contou que estava num restaurante, por volta das 10h, quando viu o homem passar com três tatuagens: uma suástica, um sol negro e um dizer "white proud" (orgulho branco, em tradução para português).
"Eu parei em uns policiais, que ficam ali no Largo do Machado, falei que eles precisavam fazer algo a respeito daquilo. Consegui convencê-los que aquilo de fato era um crime e aproveitei para tirar uma foto desse homem andando. Os policiais conseguiram encontrá-lo e eu fui com eles até a delegacia", relatou o estudante.
Depois disso, eles foram à 9ª DP (Catete) onde Leonardo relata ter sido mal atendido pelo inspetor de plantão. O policial teria se negado a efetuar qualquer ação contra o homem das tatuagens e teria feito pouco caso da questão.
O policial, inclusive, não teria registrado o caso como crime com a justificativa de que Leonardo não aceitou falar sem a presença do seu advogado. Em seguida, o homem com as tatuagens foi liberado pela polícia.
A situação foi comentada por um membro da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB-RJ. Segundo o advogado Lucas Barbosa, foi surpreendente a interpretação do inspetor.
"Eles não identificaram o caso do homem estar ostentando tatuagens com a suástica e outros símbolos nazistas como crime. Eu solicitei que fosse alterado o Registro de Ocorrência, para constar o crime do Artigo 20, parágrafo primeiro, da Lei nº 7.716 de 05 de Janeiro de 1989, o que foi negado pelo policial plantonista".
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