Publicado 01/02/2023 17:00
Rio – O ex-secretário municipal de Saúde de Eduardo Paes e atual deputado federal, Daniel Soranz (PSD), afirmou, na última segunda-feira (30), que quase mil leitos federais se encontram fechados no estado do Rio de Janeiro, fato que associa às medidas do governo presidencial de Jair Bolsonaro.
"O desmonte dos hospitais federais e universitários precisa ser revertido. Ele coloca todo o SUS em risco", declarou Soranz.
Em entrevista ao O DIA, o deputado destacou o impacto da situação sobre os pacientes. "A gente está vendo, ao longo dos últimos seis anos, uma redução no número de leitos da rede federal, e de mais de 30% na oferta dos principais tratamentos de alta complexidade. Hoje, temos quase 60 pacientes aguardando para fazer um procedimento de alta complexidade em cardiologia, o que coloca a vida deles em risco e dificulta o giro de leito dos hospitais de emergência, sobrecarregando toda a rede do sistema".
O tempo médio de transferência para pacientes que aguardam a realização de um cateterismo é de 14 dias. Em 2016, ele não excedia 48 horas.
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), localizado no Caju, Zona Norte do Rio, seria um dos principais prejudicados pela situação das unidades federais. De acordo com Soranz, o hospital foi abandonado pelo governo Bolsonaro e tem quase 100 leitos fechados, com alguns pacientes chegando a aguardar vaga para cirurgia por meses e anos.
O problema da demora também é presente no departamento oncológico. "Havia uma expectativa de uma das conquistas do governo Dilma, que era garantir que o tempo de espera do paciente diagnosticado com câncer seria de no máximo 60 dias. Hoje, existem 23 pessoas internadas nos hospitais municipais aguardando uma transferência para unidade oncológica, e 1.064 aguardando consulta de oncologia em uma unidade de alta complexidade", diz o ex-secretário de Saúde, ressaltando a urgência da recuperação do Instituto Nacional de Oncologia (Inca) e da retomada na construção de sua nova unidade, na Praça da Cruz Vermelha, no Centro do Rio.
Soranz adiciona que, no âmbito municipal, a Prefeitura do Rio irá pôr em prática na próxima segunda-feira (6) uma estratégia para avançar na rede de saúde e reduzir as filas do Sistema de Regulação de Procedimentos (Sisreg), com a inauguração do Hospital do Olho e de um centro de diagnósticos e tratamento por imagens, ambos localizados no Super Centro Carioca de Saúde, em Benfica, na Zona Norte.
Por fim, o deputado declara sua expectativa de que o novo governo e a ministra Nísia Trindade possam apresentar um planejamento de reabertura dos leitos fechados, de forma a reduzir os tempos de espera dos procedimentos realizados nas redes federal e estadual.
*Reportagem do estagiário Luca Tornaghi, sob supervisão de Thiago Antunes
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