Capivara Margarida tomando banho na Lagoa Rodrigo de FreitasDivulgação
Publicado 04/03/2023 16:23
Rio – Uma capivara chamada Margarida foi encontrada morta, nesta sexta-feira (3), na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio. Uma equipe da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) retirou o corpo do mangue durante limpeza do local. Atualmente, restam apenas duas capivaras na Lagoa: Armando e Judite.

Segundo o biólogo Mário Moscatelli, que é o protetor ambiental da área, comerciantes locais informaram que o animal foi apedrejado. Nestas circunstâncias, a capivara entra no mangue para fugir, mas, ferida, acaba morrendo afogada. Mário disse que Margarida já tinha sido vítima de pedradas em um outro episódio. Na manhã desta sexta, ela foi encontrada em um ponto onde o biólogo tem solicitado a instalação de cercas pela prefeitura.


"O reaparecimento de capivaras é fruto de três décadas e meia de projeto de recuperação na Lagoa. Temos observado um incremento excepcional de biodiversidade não só em função do manguezal, como a melhoria na qualidade da água. A capivara, que tinha sumido do ecossistema, tem reaparecido. Ela chegou, se reproduziu, mas de algum tempo para cá tem desaparecido novamente ou sido encontrada morta. Ano passado tiveram alguns acidentes envolvendo cachorros sem coleira, tutores e capivaras", afirmou o biólogo.

Margarida formava um casal com a capivara Armando. Em 2022, com o apoio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Mário conseguiu a instalação de cercas onde as capivaras apareciam com mais frequência: Fonte da Saudade, Rio dos Macacos e Parque dos Patins.

Desta forma, por um bom tempo, os acidentes foram neutralizados, mas os bichos começaram a frequentar o trecho entre o Parque da Catacumba e o Parque do Cantagalo. Três placas foram colocadas nas margens da Lagoa informando sobre a presença dos animais, contudo duas foram roubadas.

De acordo com o biólogo, novos acidentes começaram a ocorrer. Os mais recorrentes são envolvendo cães sem coleira, que atacam as capivaras e elas reagem. Muitas vezes os tutores tentam separar a briga entre o seu animal e a capivara, e acabam levando uma dentada do bicho, indo parar no hospital. Mário lembra que capivaras são mansas e só atacam quando são atacadas. Ele lembra também que é proibido andar na rua com cachorros sem coleira ou guia de condução.

"Quem está matando as capivaras está infringindo lei, que é inafiançável. No Carnaval, diversos turistas estavam tirando foto com as capivaras, que não atacaram ninguém. Se não ataca o animal, ele não faz nada com ninguém. Cachorro solto é ilegal em via pública, de qualquer raça", desabafou o biólogo.

O ambientalista tenta agora, junto com a Prefeitura do Rio, a instalação de cercas de proteção nos trechos mais baixos onde tem intimidade entre passante e animais, para evitar provocações aos animais silvestres, a instalação das placas informativas da presença dos bichos, e também campanha educativa. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente ainda não respondeu a solicitação.
O ambientalista disse ainda que os relatos passados por vendedores da área são de que pessoas à noite estão caçando as capivaras com cães. os protetores falarão com a Polícia Civil para apurar e tomar as devidas providências.
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