Samuel da Silva, de 9 anos, morreu de pneumonia após receber alta de complexo pediátrico em CaxiasArquivo Pessoal
Publicado 13/03/2023 14:45 | Atualizado 13/03/2023 15:20
Rio – O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu, nesta segunda-feira (13), uma sindicância para apurar se houve negligência médica na morte do menino Samuel da Silva Fernandes, de 9 anos, após receber alta do complexo pediátrico formado pela UPA Dr. Walter Garcia Borges e pelo Hospital Infantil Ismélia da Silveira (UPA-Hiis), em Caxias, na Baixada Fluminense. "O Cremerj informa que, tendo tomado conhecimento do ocorrido narrado pela imprensa, o Conselho abriu uma sindicância para apurar os fatos", afirmou em nota.
A família de Samuel aponta que houve negligência por parte da médica que lhe atendeu. O menino, que tinha síndrome de down, deu entrada às 4h39 da madrugada de quinta-feira (9) no complexo hospitalar. Segundo a mãe, Mariceia da Silva, ele estava com febre, pouca tosse e pouca diarreia. A pediatra o atendeu, pediu um raio-x e diagnosticou uma pneumonia. No entanto, ela receitou um antibiótico em comprimido e liberou a família. Em casa, o quadro do menino agravou e ele morreu naquela noite ao retornar à unidade de saúde.
Mariceia conta que o filho chegou a perder o movimento das pernas naquela quinta-feira, após retornar do hospital. "Achei que era fraqueza porque não estava conseguindo comer direito", lamenta a mãe. "Quando voltamos ele foi direto para a sala vermelha. Morreu apertando minha mão. E a diretora da unidade diz que a médica fez o correto", protesta.
Após o enterro, em Cordovil, no último sábado (11), a família esteve na 59ª DP (Caxias) mas não conseguiu registrar ocorrência. Mariceia conta que os policiais afirmaram que seria necessário um advogado para fazer o registro, já que o procedimento interno do hospital ainda está em curso. Por isso, estão em busca de um profissional para atendê-los. Mariceia da Silva conta que a família quer que a pediatra seja afastada para evitar a morte de outras crianças.
"Até agora a Prefeitura de Caxias não entrou em contato conosco. Estamos aguardando retorno sobre o procedimento aberto. Não conseguimos fazer o registro de ocorrência. Pra eles, é como se não tivesse havido negligência. A diretora do hospital me disse que ela agiu corretamente", relata a mãe de Samuel. A direção foi procurada pela família no sábado para ter acesso ao prontuário médico da criança. Mariceia foi informada de que o documento sairia entre 7 e 10 dias. Segundo a mãe da vítima, o teste de covid-19 e outros exames foram feitos quando Samuel já estava em óbito.
"A médica tinha que ter colocado Samuel no soro. O exame mostrou que um pulmão já estava comprometido. Eu não sabia. Se não, tinha lutado por meus direitos. Eu quero que essa médica que atendeu ele às 4h da manhã e mandou para casa tenha o registro cassado. De maneira nenhuma quero que outras mães passem por isso. Ele poderia estar vivo se recebesse o tratamento correto", critica.

A Secretaria de Saúde de Duque de Caxias abriu um inquérito para apurar se houve negligência, imperícia ou imprudência no caso. Samuel da Silva Fernandes, de 9 anos, estava há dois dias com febre quando deu entrada na UPA. Segundo a unidade de saúde, o menino foi atendido e passou por exame de raio-x, sendo constatado quadro de pneumonia. Ele recebeu alta e foi recomendado tratamento domiciliar.
No mesmo dia, às 19h47, Samuel retornou ao complexo pediátrico em estado mais grave. Ele teria sido prontamente atendido e internado, recebendo cuidados na Sala Vermelha, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu. Em comunicado divulgado pela Secretaria de Saúde de Duque de Caxias, a direção do complexo pediátrico declarou que Samuel "foi prontamente atendido nas duas vezes em que esteve na unidade, conforme registros em seu prontuário de atendimento".
A Secretaria de Saúde do município informou ainda que se colocou "à disposição dos familiares para os esclarecimentos necessários". A pasta afirmou ainda que, caso sejam comprovadas irregularidades em relação ao atendimento, os envolvidos serão responsabilizados e todas as medidas cabíveis serão tomadas.
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