Publicado 23/03/2023 13:14
Rio - A bebê de 1 ano e 7 meses que teve o dedo mindinho amputado por erro médico no Pronto-Socorro de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, teve alta nesta quinta-feira (23) após mais de uma semana internada. A pequena Lara saiu da unidade animada ao ver a rua e ainda fez pose para ser fotografada. Apesar do alívio, a família conta que vive uma mistura de sentimentos entre preocupação e revolta com o ocorrido.
A mãe, Bruna Oliveira da Silva, 26 anos, disse que está traumatizada depois de ter visto o dedo da filha ser amputado.
A mãe, Bruna Oliveira da Silva, 26 anos, disse que está traumatizada depois de ter visto o dedo da filha ser amputado.
"Estou bem aliviada por ela sair do hospital mas ainda estou muito traumatizada, estou fazendo tratamento psicológico porque fiquei muito abalada. Eu lembro que na hora a Lara não estava agitada, ela estava chorando, o que é normal para uma criança. Eu estava segurando ela na maca e dei a mão para enfermeira tirar o acesso, depois eu só ouvi ela chorando e gritando 'dedo, dedo', em seguida vi muito sangue e comecei a passar mal, não tive reação. Dava pra desenrolar (a atadura) sem usar a tesoura", explicou.
O pai, Tiago Lemos de Souza, lamentou o caso e pediu por Justiça. “Quero Justiça! Agora temos que seguir em frente e espero que a gente possa ser feliz porque ainda estamos muito tristes e abalados. Nossa filha veio cuidar de uma coisa na testa, uma criança que nasceu perfeita, e está saindo aqui sem o dedo”, disse.
O pai, Tiago Lemos de Souza, lamentou o caso e pediu por Justiça. “Quero Justiça! Agora temos que seguir em frente e espero que a gente possa ser feliz porque ainda estamos muito tristes e abalados. Nossa filha veio cuidar de uma coisa na testa, uma criança que nasceu perfeita, e está saindo aqui sem o dedo”, disse.
A avó que esteve na porta do hospital um pouco antes da neta receber alta explicou que foi até a secretaria de saúde do município nesta quarta (22) em busca de respostas. Ela conta que todas as consultas necessárias já foram agendadas e que o posto de saúde mais perto vai fazer o curativo da neta todos os dias.
“Ontem eu estive na secretaria de saúde porque a prefeitura não me procurou pra nada. Eles tiveram aqui e ouviram a versão do hospital mas não me procuraram, e ontem fui lá com meu filho e a secretária falou que veio aqui (no hospital) e que o medicamento que ela estava tomando era certinho, que agora ela vai ser tratada em casa. Ela disse também que a Lara está com todas as consultas agendadas. Só que minha neta perdeu o dedo e ganhou uma consulta? Beleza, se eu fosse agendar ia levar dois três meses, mas é só isso que podem fazer?”, questionou.
De acordo com a prefeitura do município, o acidente foi causado por uma técnica de enfermagem, que está afastada do cargo e responde a sindicância. "A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de São Gonçalo informa que a criança continuará sendo assistida por equipe da Atenção Básica em uma unidade de saúde da família", disse em nota.
Bruna Oliveira esteve na 72ªDP (São Gonçalo) nesta quarta-feira (22) para prestar depoimento. O caso é investigado pela Polícia Civil. Em depoimento, a enfermeira alegou que a criança se mexeu na hora de cortar a atadura e por isso ela acabou cortando o dedo dela.
Revoltada, a avó disse que a neta é apenas uma criança e que isso não é justificativa. “A Bruna (mãe da bebê) disse que lá na delegacia a enfermeira falou que ela se mexeu e por isso amputou o dedo dela, uma criança de 1 ano se mexeu? Sério? A Bruna veio de lá muito abalada, se sentindo muito triste, não sabe o que fazer, porque tudo que a gente for fazer tem que ser pela gente, nós fomos orientados a colocar na Justiça e vamos fazer isso, mas nós deixaríamos qualquer coisa pelo dedo dela no lugar”, disse.
Relembre o caso
A família disse ao DIA que a pequena Lara deu entrada na unidade de saúde, no último dia 10, para tratar uma picada de inseto inflamada no rosto. Durante o atendimento, foi necessária a internação e colocação de um acesso intravenoso para tratamento com antibióticos. Para evitar que a menina mexesse no curativo, a médica responsável pediu que suas mãos fossem enfaixadas.
"Ela já estava para ter alta. A técnica foi cortar a atadura que estava envolta na mão da Lara, porque ela estava com acesso para tomar antibiótico. Quando ela foi tirar, entrou com a tesoura e cortou o dedo dela inteiro. Nós achamos que ela tinha picotado, mas ela arrancou o dedo todo. As pessoas até diziam que a Lara estava chorando e gritando muito. Depois disso, a mãe foi tirada da sala e levada para a espera", afirmou a avó da menina, Adriana Lemos.
Ao perceber o sangue, a equipe médica foi acionada e a mãe retirada do local, sem saber a gravidade do que tinha acontecido, conta a avó. A menina então foi levada ao centro cirúrgico, onde teve parte do dedo mindinho amputado
"A enfermeira falou que foi um 'piquezinho', um cortezinho no dedo. Ontem eu fiquei de 10h às 17h tentando ver o que tinha acontecido mesmo, mas a médica falou que não poderia abrir, porque infeccionaria. Ela disse que tinha que esperar o cirurgião. Falou para aguardar, mas eu disse que ia abrir, porque trabalho com a área de saúde", lembrou.
"Ela já estava para ter alta. A técnica foi cortar a atadura que estava envolta na mão da Lara, porque ela estava com acesso para tomar antibiótico. Quando ela foi tirar, entrou com a tesoura e cortou o dedo dela inteiro. Nós achamos que ela tinha picotado, mas ela arrancou o dedo todo. As pessoas até diziam que a Lara estava chorando e gritando muito. Depois disso, a mãe foi tirada da sala e levada para a espera", afirmou a avó da menina, Adriana Lemos.
Ao perceber o sangue, a equipe médica foi acionada e a mãe retirada do local, sem saber a gravidade do que tinha acontecido, conta a avó. A menina então foi levada ao centro cirúrgico, onde teve parte do dedo mindinho amputado
"A enfermeira falou que foi um 'piquezinho', um cortezinho no dedo. Ontem eu fiquei de 10h às 17h tentando ver o que tinha acontecido mesmo, mas a médica falou que não poderia abrir, porque infeccionaria. Ela disse que tinha que esperar o cirurgião. Falou para aguardar, mas eu disse que ia abrir, porque trabalho com a área de saúde", lembrou.
Segundo a familiar, a equipe "parecia querer esconder" o incidente. "Não me deixavam tirar foto. Diziam que não podia tirar foto, que tinha uma lei. Esconderam até a última hora. A mãe pensava que era um cortezinho, quando abriu a gente viu que era quase metade do dedo. Parecia que queriam esconder. Levaram até para um quarto separado. Até disse que não entendia o porquê. Foi aí que disseram que estavam fazendo aquilo porque tinha acontecido um erro médico", reforçou.
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