Montes de areia em frente à Rua Santa Clara, na Praia de Copacabana, onde havia língua negraReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Publicado 10/04/2023 18:19 | Atualizado 10/04/2023 19:52
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Rio – Turistas e moradores do Rio tiveram uma surpresa indesejada no feriado de Páscoa ao frequentarem a Praia de Copacabana, na Zona Sul da cidade. Após as fortes chuvas que atingiram o município (o Rio chegou a ficar dois dias em estágio de mobilização), vários locais da praia tiveram pontos com água suja na areia causados por poluição por esgoto.
Na tarde desta segunda-feira (10), as lagoas formadas pelas águas sujas de detritos já haviam escoado. No trecho da Rua Santa Clara, por exemplo, bastante atingida pela sujeira, restaram apenas montes de areia.
Em entrevista ao DIA, o biólogo Mário Moscatelli, nascido e criado em Copacabana, contou que o problema é histórico, fruto de pouca ou nenhuma atenção que o tema gerava nas autoridades e na empresa estatal responsável. A grande expectativa, disse ele, é com o trabalho na nova concessionária de identificar e neutralizar os lançamentos de esgoto clandestino. "Dá trabalho, leva tempo, mas tem como fazer", afirmou.
Segundo o biólogo, enquanto estas conexões clandestinas de esgoto não forem devidamente neutralizadas, a situação continuará. "A questão das chamadas 'línguas negras' na Praia de Copacabana vem da pouca importância que este assunto teve nos últimos 40, 50 anos, onde o principal ativo econômico ambiental da cidade foi muito maltratado. No entanto, nos últimos dois anos, uma série de ações para identificar conexão clandestinas, que devem ser milhares, tem sido efetuada. Portanto, infelizmente, produto de décadas de descaso que foram continuamente denunciados, mas que não surtiram nenhum efeito, essa situação continuará por um bom tempo".
Além disso, ainda de acordo com Moscatelli, mesmo com elas devidamente neutralizadas, após as chuvas mais intensas, as águas pluviais irão para a praia contaminadas pelas sujeiras do bairro de Copacabana. A solução, conforme o biólogo, teria de ser acompanhada pela lavagem das ruas.
"O que nos resta é executar de forma permanente a localização e neutralização de conexão clandestina para reduzir ao máximo o lançamento de esgoto nos períodos de chuva e buscar alguma solução para que as ruas do bairro não fiquem tão sujas como observamos. Tudo isso também acontece por conta de um comportamento não muito civilizado de parte da população", ressaltou.
Moscatelli indicou que a parceria entre a sociedade e a concessionária é ideal para combater o problema: "Se não houver uma ‘cumplicidade do bem’ entre sociedade, poder público e empresa privada, a tarefa de sanear as redes de águas pluviais será mais longa. Se cada um ajudar dentro de sua competência, a tarefa será efetuada com maior presteza", apontou o biólogo.
A Secretaria Municipal de Ambiente e Clima afirmou que vem trabalhando junto às concessionárias responsáveis pelo abastecimento de água e tratamento de esgotamento sanitário da cidade para coibir a presença de ligações clandestinas de esgoto com ações de fiscalização permanentes da Patrulha Ambiental.
Já a concessionária Águas do Rio informou em nota que, devido às chuvas intensas durante a Semana Santa, houve escoamento das águas pluviais até a praia de Copacabana. "Resíduos da rua, fragmentos de asfalto e borracha de pneus, além do remanescente de esgoto sanitário retido nas galerias foram arrastados pelas chuvas para a praia, provocando a coloração escura e o mau cheiro", informa um trecho do documento.
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