A enfermeira Isabella Barbosa Meirelles (de branco) no velório da mãe Alair Barbosa Meireles no Cemitério São João BatistaMarcos Porto/ Agência O DIA
Publicado 19/04/2023 12:23 | Atualizado 19/04/2023 15:47
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Rio - O corpo da enfermeira aposentada Alair Barbosa Meireles, de 72 anos, que morreu após ser agredida durante um assalto em Copacabana, na Zona Sul, foi velado e enterrado na tarde desta quarta-feira (19) no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Na terça-feira (18), a Polícia Civil identificou o suspeito de cometer a agressão e a Justiça do Rio determinou a apreensão do adolescente, que está sendo procurado. 
Após o enterro, a filha Isabella Barbosa afirmou que não tem revolta porque está sentindo muita tristeza. Ela acrescentou que pretende honrar o nome da mãe e pede para que a polícia encontre o autor do crime.
"A gente nunca está preparado para uma morte tão repentina e principalmente de uma crueldade absurda. Eu não sei como é que a gente vai conseguir suportar. Minha mãe realmente era uma pessoa amada, extremamente generosa. Era uma pessoa desprendida das coisas materiais. A gente fica angustiada. É uma pessoa que não merecia ter passado por isso", lamentou.
A enfermeira disse ainda que gostaria que fosse rediscutida a diminuição da maioridade penal. "Espero realmente que a gente consiga identificar e punir quem fez isso com a minha mãe. Voltar a discutir a redução da maioridade penal se for confirmado que foi esse rapaz que é menor de idade que a agrediu", disse.
Alair morreu após ser vítima de um roubo na Rua Paula Freitas, na altura do Posto 3 da Praia de Copacabana, na tarde do último domingo (16), enquanto passeava com duas amigas. Ela estava a caminho de um quiosque com música ao vivo que costumava frequentar aos fins de semana. Ao ser surpreendida por um jovem, dona Lalá, como era carinhosamente chamada, segurou o cordão, por reflexo, e foi derrubada. A queda lhe causou um traumatismo craniano e hemorragia cerebral. A vítima chegou a ser encaminhada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul, onde passou por cirurgia, mas não resistiu.
No velório, a ex-colega de trabalho Luiza Almeida classificou a morte como trágica. Luiza afirmou que se sente insegura no Rio de Janeiro e cobrou justiça pela vítima. A amiga conta que só caminha em Copacabana com a cópia do documento e carteira do plano de saúde. Enfermeira aposentada do Hospital de Ipanema, ela diz que o crime foi a gota d'água para que decidisse deixar a cidade. 
"Ninguém merece morrer com medo e por uma banalidade de um 'assassinozinho' que está acostumado a levar qualquer coisa que brilhe. Antes de sair de casa você tem que passar a mão, olhar, ter um detector de metal. O Rio de Janeiro virou isso. Você perde uma pessoa super importante e fica por isso mesmo. Não dá pra aceitar", desabafou.
Filha de Alair, a enfermeira Isabela Barbosa Meireles conta que a mãe era "extremamente saudável" e que gostava de aproveitar a vida e viajar. A vítima é descrita como caridosa. Segundo a filha, Alair sentia medo da violência do Rio de Janeiro e não andava com cartão de débito ou aplicativo de banco na rua. A família tinha o plano de deixar a cidade quando Isabella e o marido se aposentassem. Alair deixa duas filhas e dois netos.
O adolescente de 17 anos suspeito do crime chegou a ser agredido por banhistas. Policiais do 19º BPM (Copacabana) o encaminharam para a 12ª DP (Copacabana), mas ele não foi reconhecido e por isso foi liberado. De acordo com a Polícia Civil, os militares afirmaram que não presenciaram o fato e que as testemunhas não quiserem comparecer na delegacia. Além disso, duas pessoas que estavam com a vítima disseram que não tinham condições de reconhecê-lo como autor do furto. No entanto, o suspeito foi identificado na terça-feira e o mandado foi expedido em seguida.
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