Publicado 20/04/2023 14:16
Rio - Um policial militar foi flagrado agredindo os pais de uma criança de 3 anos no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O caso ocorreu no último dia 8, mas foi registrado na 16ª DP (Barra) nesta quarta-feira (19). Em imagens registradas por testemunhas, é possível ver o momento em que o agente dá tapas, socos e chutes no casal.
Em depoimento à DP, obtido pelo DIA, Francisco Borges e Viviane Magalhães relataram que levaram o filho à unidade após a criança cair de uma escada e sentir muita dor na perna. No hospital, o menino precisou fazer um raio-x e os pais entregaram o resultado a profissionais de saúde que estavam de plantão. No entanto, o exame teria sumido e os médicos alegaram que a criança teria de passar por uma cirurgia, o que foi negado pelos pais. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nega que o registro tenha desaparecido.
Conforme o boletim de ocorrência, Francisco procurou o médico que atendeu o filho para entregar o raio-x e não o encontrou, deixando o exame com enfermeiros. Questionados pelo clínico, os profissionais negaram ter recebido o exame, o que gerou uma discussão entre os envolvidos.
Após a confusão, o pai informou que levaria o filho a outra unidade. Nesse momento, com a criança no colo, Francisco foi abordado pelo PM Leonardo Pinto de Aguiar, que estava de serviço no Lourenço Jorge.
"Sem qualquer diálogo e já proferindo palavras de ordem grosseiras, com abordagem agressiva aos noticiantes, sobretudo, inicialmente, ao pai do paciente. Infelizmente, o policial, em total despreparo emocional, iniciou uma série de agressões verbais ao pai, como filho no colo, momento em que entregou a criança para mãe e começou a ser agredido fisicamente pelo policial, sendo inclusive, retirada a sua camisa em meio aos socos e chutes perpetrados pelo agente", diz um trecho do registro de ocorrência.
Nas filmagens, ainda é possível ver o momento em que Viviane tenta separar a briga, mas leva um tapa no rosto, um puxão de cabelo e é jogada no chão. Durante a confusão, uma funcionária ainda tentou impedir que as imagens fossem gravadas.
Com o fim das agressões e a chegada dos outros policiais, Francisco foi levado à 16ª DP para prestar depoimento. Na sequência, Leonardo apareceu na delegacia, deu ordem de prisão contra a vítima, e a algemou. O PM ainda teria alegado desacato e ameaça para justificar sua conduta. Francisco e Viviane o acusaram de constrangimento abusivo e lesão corporal provocada por socos, tapas e pontapés.
Em nota, a Polícia Civil informou que as vítimas foram ouvidas e encaminhadas para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). "O autor foi identificado e o caso será enviado à Justiça Militar, que dará prosseguimento à investigação", disse a instituição, em nota.
Já a Polícia Militar informou que a Corregedoria Geral da Corporação, através da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), instaurou um procedimento apuratório interno sobre o caso.
O que diz o hospital
O Hospital Municipal Lourenço Jorge afirmou, em nota, que não tem gestão sobre o policial militar, que não atua na unidade e acompanhava um paciente custodiado quando se envolveu na situação. Confira a íntegra:
"A direção da unidade repudia qualquer ato de violência e está à disposição da autoridade policial para auxiliar no que for solicitado na apuração dos fatos. A direção esclarece que a criança estava sendo atendida e que não procede que o raio-x tenha sido perdido. O paciente tinha indicação de internação para cirurgia ortopédica, diagnóstico não aceito pelos pais, que iniciaram discussão com os profissionais.
O menino foi internado naquela noite (08/04) e, na manhã seguinte, com termo de consentimento assinado pela parente que o acompanhava na unidade, foi sedado e submetido ao procedimento de redução da fratura de fêmur. Trata-se de procedimento realizado sob sedação, para posicionamento do osso fraturado. Posteriormente é feita a imobilização, para estabilização do osso até a calcificação. O paciente recebeu alta e, depois de 15 dias, deve retornar para ser reavaliado, quando os médicos decidirão se será necessário um segundo procedimento, com cirurgia aberta."
O menino foi internado naquela noite (08/04) e, na manhã seguinte, com termo de consentimento assinado pela parente que o acompanhava na unidade, foi sedado e submetido ao procedimento de redução da fratura de fêmur. Trata-se de procedimento realizado sob sedação, para posicionamento do osso fraturado. Posteriormente é feita a imobilização, para estabilização do osso até a calcificação. O paciente recebeu alta e, depois de 15 dias, deve retornar para ser reavaliado, quando os médicos decidirão se será necessário um segundo procedimento, com cirurgia aberta."
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