Publicado 02/05/2023 16:00
Rio - O ator Bernardo Dugin registrou uma queixa, nesta segunda-feira (1º), contra um padre por homofobia, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. O crime teria acontecido durante uma missa de sétimo dia de um parente do artista no Colégio Nossa Senhora das Dores no domingo (30).
De acordo com Bernardo, o sacerdote propagou um discurso de ódio contra as pessoas homossexuais, dizendo que o "demônio está entrando na casa das pessoas de diferente formas para destruir as famílias na representação da união de pessoas do mesmo sexo, homem com homem, mulher com mulher e etc...", conforme apontou o ator no boletim de ocorrência.
Dugin relatou, em um vídeo no Instagram, que estava no local junto com o namorado, o pai, a mãe, as avós, o irmão, a cunhada e os sobrinhos, de 8, 10 e 13 anos. Segundo o ator, ele não registrou o caso no domingo (30) porque preferiu ficar em silêncio em respeito à perda da sua família, mas confessou que levantou em silêncio e se retirou, o que não teria impedido o padre de continuar dizendo falas homofóbicas.
"Padre, ontem o senhor teve o meu silêncio porque, em respeito à perda da minha família, eu me levantei e me retirei da missa. Mesmo assim, depois que eu saí o senhor continuou dizendo que quem se incomodou com o seu discurso que essa era a verdade. Bom, agora o senhor vai ter que responder na Justiça o crime que o senhor cometeu com essas palavras porque elas ferem não só a mim e a minha família. Elas ferem a muitas pessoas todos os dias no Brasil. Isso fere a saúde mental das pessoas, a saúde física e você sabe o que acontece com esse tipo de discurso de ódio lá na ponta, que é a depressão, que é a não aceitação, que é o suicídio, que é a morte. É como se o senhor padre tivesse apontado uma arma para mim e disparado o gatilho. E padre, o demônio tá na representação do ódio, não tá na representação do amor", disse Bernardo, que participou de novelas no streaming como Todas as Flores (Globoplay) e na TV aberta como Éramos Seis (Globo) e Gênesis (Record).
O que dizem os envolvidos
Também nas redes sociais, o Colégio Nossa Senhora das Dores se pronunciou nesta terça-feira (2) sobre o assunto. A unidade destacou que contribui com a educação de crianças e jovens a partir de uma pedagogia humanista há 130 anos, aliando excelência acadêmica e valores cristãos.
"Comungamos com a perspectiva do Papa Francisco sobre o Evangelho verdadeiro de Jesus: amar e respeitar, sem distinção, todas as pessoas como irmãos. Isso supõe total respeito e acolhimento às diferenças e recusa obstinada a toda e qualquer forma de discriminação", informou em nota.
O colégio ressaltou que repudia, veementemente, todo discurso de ódio e incitação à violência de qualquer natureza esclareceu que a indicação dos sacerdotes para as liturgias na unidade é de inteira responsabilidade da Diocese de Nova Friburgo. "Lamentamos, profundamente, o ocorrido na homilia do dia 30/4, que feriu muitas pessoas e somos solidários às suas dores", completou a escola.
Procurada, a Diocese, por meio de seu Bispo Dom Luiz Antônio Lopes Ricci, disse, nesta terça-feira (2), que lamenta profundamente o ocorrido com o ator Bernardo Dugin. Pedimos perdão às pessoas que se sentiram ofendidas e reafirmamos aquilo que é recorrente nas orientações do Bispo para os padres e leigos: misericórdia, respeito, diálogo, tolerância e reconciliação", escreveu em comunicado.
Já a Polícia Civil informou que os agentes da 151ª DP (Nova Friburgo) instauraram um inquérito para apurar o crime de homofobia. O padre prestará depoimento nos próximos dias e as investigações seguem em andamento.
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