Aldir Blanc ganha jardim na Tijuca, bairro em que viveu por 40 anos

Rio - A Prefeitura do Rio inaugurou, nesta quinta-feira (4), o Jardim Aldir Blanc, uma homenagem ao compositor que viveu na Tijuca por 40 anos. Situado na esquina da Avenida Maracanã com a Rua Marechal Trompowski, o espaço tem com uma escultura que representa o artista.

Viúva de Aldir, Mary Lúcia de Sá Freira fez um discurso emocionado, relembrando a trajetória do marido. Ao lado dos filhos, netos e bisnetos, ela lamentou o fato de que as vítimas da covid-19 não puderam ter velório e enterro com público para evitar a disseminação do vírus. Com isso, a homenagem representa uma despedida.

"O Aldir merece essa homenagem por toda a sua obra. É muito emocionante e representativo para todos nós da família. É significativo fazer esta homenagem hoje, com uma grande festa, como se fosse uma despedida, que nem nós e nem milhares de famílias brasileiras pudemos fazer", destacou Mary.

A ação da Secretaria Municipal de Conservação, da Fundação Parques e Jardins e da Subprefeitura da Grande Tijuca foi realizada no dia em que se completam 3 anos da morte do autor de sucessos como "O bêbado e a equilibrista" e "Dois pra lá, dois pra cá".

"Aldir é um grande poeta do Rio de Janeiro, uma figura muito representativa, que morreu de covid naquele momento em que a cultura mais sofreu no Brasil. Fazer essa homenagem é justo, porque deixa viva a memória do Aldir. Como representante dos cariocas, o que posso dizer para a família e os amigos é muito obrigado pelo Aldir ter vivido aqui como um grande carioca e ter feito tanto por essa cidade e por esse país", disse o prefeito Eduardo Paes.

Assinado pelo artista Mello Menezes, o monumento instalado no jardim é composto por um totem em concreto e remete a folhas, onde estão a figura de Aldir Blanc e uma placa com texto assinado pelo jornalista Luís Pimentel. A obra, executada sob supervisão da Gerência de Monumentos e Chafarizes, teve um custo de R$ 168 mil. Outros serviços foram realizados no entorno, como manutenção, reparo do guarda-corpo e concretagem da área onde foi instalada a escultura. 

"Aldir foi um dos maiores cronistas e compositores brasileiros, que viveu grande parte da sua vida na Rua Garibaldi. Era o maior frequentador do extinto e saudoso Bar da Dona Maria, aqui na esquina. Então, nada mais justo do que fazer uma homenagem dando o nome de Jardim Aldir Blanc, na beira do Rio Maracanã, que ele tanto cantou", comentou o subprefeito da Grande Tijuca, Felipe Quintans.

Ao final do evento, os amigos Moacyr Luz e Moyseis Marques apresentaram a canção inédita "4 de Maio", para celebrar o parceiro Aldir Blanc. Durante a música, familiares e pessoas próximas jogaram pétalas de rosas brancas junto ao monumento e no leito do Rio Maracanã.

"O Aldir era plural, um cara com uma obra maravilhosa, que foi feita para o Rio de Janeiro. Era uma pessoa extraordinária, muito dedicada ao trabalho. Morei 23 anos nesta rua com ele, cada pedaço deste asfalto da Tijuca é um pouco do Aldir Blanc", contou Moacyr Luz.

Letrista, compositor, cronista e médico, Aldir Blanc é considerado um dos grandes nomes da música brasileira. Em 50 anos de atividade, foi autor de mais de 600 canções e teve inúmeros parceiros de composições em sua carreira, como João Bosco, Guinga, Moacyr Luz, Cristovão Bastos, Maurício Tapajós e Carlos Lyra. Blanc também escreveu colunas em publicações como os jornais 'O Dia', 'O Globo', 'Jornal do Brasil' e 'Pasquim' e a revista 'Bundas'.