A família de Ronald alega que não havia tiroteio na hora em que ele foi baleado no Fonseca, em NiteróiPedro Ivo
Publicado 12/05/2023 10:37
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Rio - A família de Ronald da Silva Santos, 22 anos, baleado nas costas em São Lourenço, Niterói, na Região Metropolitana, na tarde de quinta-feira (11), alega que o disparo partiu da Polícia Militar e que não houve confronto com criminosos na região. O jovem está internado em estado grave no Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, na mesma cidade, onde parentes compareceram na manhã desta sexta-feira (12).

Segundo a mãe da vítima, a gari Juliana da Silva Santos, o jovem, que é evangélico, não tem passagens pela polícia e nem envolvimento com o tráfico. No momento dos disparos, ele estava a caminho de um futebol com o irmão e amigos, e ainda tentou proteger duas crianças ao ouvir os tiros.
"Não houve troca de tiros, só tiveram três tiros, que eles (os policiais) deram, inclusive os PMs estavam na escadaria atiraram de cima para baixo", disse.


A tia de Ronald, a também gari Aldacir da Conceição dos Santos, 49 anos, informou ainda que por ter um bom coração, logo após ser atingido, ele falou para um dos agentes que o perdoava pelo tiro.

"Ele ainda falou pro PM: 'Eu te perdoo por você ter me dado um tiro'. Os policiais sabiam que ele estava baleado, tem foto de um agente do lado dele caído no chão, eles não deixaram ninguém socorrer, um vizinho que botou peito e colocou o meu sobrinho dentro do carro, pra trazer ele pro Hospital Azevedo Lima, porque nem socorro eles deram", disse.

Em nota, a corporação informou que equipes do 12º BPM (Niterói) realizavam patrulhamento pela Rua Silveira da Mota quando foram atacadas a tiros e houve confronto. "Cessados os disparos, os policiais apreenderam uma pistola, um rádio comunicador e drogas. Em seguida, os militares foram informados que populares socorreram uma vítima ao Hospital Estadual Azevedo Lima", disse em comunicado.
A PM também afirmou que o comando do batalhão instaurou um procedimento apuratório para analisar as circunstâncias do fato.

"Isso é uma coisa horrível que a gente vive vendo na televisão, é jovem sendo baleado, jovem sendo morto, e todas as vezes, eles (os policiais) falam que são atacados a tiros e nunca dão, e agora? Ontem foi o que? Não teve troca de tiros, eles chegaram atirando", criticou a tia.

Jovem correu para salvar crianças

A mãe de Ronald explicou que o caso aconteceu por volta das 16h, e o filho foi atingido enquanto corria para tentar salvar duas crianças que jogavam bola no meio da rua.

"Eu estava em casa, ele e o irmão tinham descido pra jogar bola junto com os amigos da igreja quando escutaram o primeiro tiro. Nisso, o irmão correu para casa de um colega e se escondeu, mas o Ronald foi pra baixo pegar as crianças que estavam na rua pra jogar dentro do bar e foi nessa que ele ouviu mais dois disparos e o terceiro o atingiu nas costas. Ele correu para proteger as crianças", explicou a mãe.

Juliana relatou que Ronald frequenta a igreja desde pequeno e reforça que ele nunca se envolveu com o tráfico. "Ele é um garoto muito bom, prestativo, evangélico, cuida do som e dos slides da igreja, desde dos 7/8 anos que a minha irmã leva ele pra dentro da igreja. O hospital ontem estava lotado de gente, tanto de amigos, quanto de evangélicos, não tinha nem espaço pra andar aqui, para ver o quanto ele é querido. Agora eu peço a Deus pra ele sair dessa situação", disse.
Ainda de acordo com a mãe, o filho passou por cirurgia e teve uma lesão na coluna. "Tiveram que drenar o pulmão porque teve hemorragia, e o intestino foi perfurado. Ele está entubado, sedado", lamentou.

Ela também pediu por Justiça e disse acreditar na recuperação de Ronald. "Eu espero a melhora dele, porque aprendi que o choro dura uma noite mas a alegria vem ao amanhecer. Acredito na Justiça do homem porque temos que acreditar, e acredito na Justiça de Deus, porque essa não falha, mas isso tem que parar, quantas vezes eles (policiais) são recebidos a tiros? eles nunca dão tiros? Se não pegasse nele, pegaria nas crianças", disse.

Procurada, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 76ª DP (Niterói). "Os agentes estão ouvindo testemunhas e em busca de imagens de câmeras instaladas na região e que tenham registrado a ação. Diligências estão em andamento para esclarecer os fatos", explicou em nota.
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