Cíntia Mariano Dias Cabral é acusada pela morte de Fernanda Cabral, 22 anos, e pela tentativa de homicídio de Bruno Carvalho Cléber Mendes/Agência O Dia
Publicado 15/05/2023 12:45 | Atualizado 15/05/2023 12:59
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Rio - O Tribunal de Justiça (TJRJ) retoma, nesta segunda-feira (15), a audiência de instrução e julgamento do caso de Cíntia Mariano Dias Cabral, madrasta acusada pela morte de Fernanda Cabral, 22 anos, e pela tentativa de homicídio de Bruno Carvalho. Conforme as investigações, os dois foram envenenados por chumbinho. A sessão está marcada para às 16h30, na 3ª Vara Criminal da Capital.
Na audiência, serão ouvidas as últimas três testemunhas requeridas pela defesa de Cintia. Em seguida, ela será interrogada. Nas redes sociais, a mãe das vítimas, Jane Carvalho, fez uma série de publicações pedindo por Justiça. “Ninguém vai nos calar, minha princesa”. “Prisão perpétua para Cintia”, disse.
A última sessão ocorreu ainda em abril deste ano. O perito Leonardo Dias Ribeiro, que era diretor do Instituto Médico Legal (IML) no período em que a morte aconteceu, em março do ano passado, disse confiar no laudo que apontou envenenamento. Enquanto a médica Marina Carvalho, plantonista do Hospital Municipal Albert Schweitzer, que atendeu Fernanda, foi questionada pelo Ministério Público sobre o protocolo de atendimento, e afirmou que o envenenamento foi uma das hipóteses levantadas durante a internação da jovem que durou 13 dias.
No decorrer do processo, a defesa de Cintia Cabral seguiu tentando apontar falhas no processo de requisição de perícia. Os advogados também levantaram dúvidas sobre os sintomas apresentados pela própria Fernanda no momento da entrada na emergência, visto que, naquele momento, o envenenamento havia sido diagnosticado.
Relembre o caso
A morte de Fernanda Carvalho completou um ano no último dia 27 de março. Na época do crime, ela morreu após ficar 12 dias internada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. A jovem deu entrada na unidade no dia 15 do mesmo mês depois de passar mal na casa do pai, onde a madrasta também morava. Na ocasião, ela caiu no chão do banheiro da residência e apresentou dificuldades para respirar, além disso, estava com a língua enrolada e a boca coberta por espuma. Já na unidade hospitalar, ela não teve um diagnóstico definido e, por conta disso, não respondeu ao tratamento e acabou não resistindo.
Dois meses depois, o irmão de Fernanda, Bruno Carvalho, de 16 anos na época, também sofreu com os mesmos sintomas de envenenamento após almoçar na casa do pai e da madrasta. Ele chegou a ser internado, mas conseguiu sobreviver. Com a similaridade dos casos, a Polícia Civil instaurou um inquérito que terminou no indiciamento de Cintia Mariano pelo homicídio de Fernanda e pela tentativa de homicídio de Bruno. Segundo a 33ª DP (Realengo), ela teria colocado chumbinho na comida dos irmãos no dia 15 de março e 15 de maio, respectivamente.
As investigações tiveram acesso ao celular de Cíntia e uma perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE-RJ) apontou que não foi encontrado conteúdo diretamente ligado ao crime, mas diversas mensagens foram apagadas, o que justifica as últimas pesquisas de Cíntia na internet, que digitou "como apagar mensagens de Whatsapp" nas buscas. Em conversas com os filhos, foi possível perceber a preocupação deles com o comportamento da mãe.
Em um diálogo no WhatsApp no dia 16 de maio, às 12h03, Cíntia fala com seu irmão Wesley sobre o envenenamento de Bruno: "Bruno almoçou aqui e foi envenenado. Uma desgraça tá acontecendo aqui " e Wesley responde: "Mas como assim? Se ele comeu aí, onde ele está?". Em outra conversa, a filha de Cíntia, Carla Mariano Rodrigues, perguntou se a mãe lembrava de tudo que elas passaram com a separação: "Meu Deus, mãe. Você lembra de tudo que passamos? Na separação de vocês? Como a gente não vai desconfiar de você?". Na conversa, é possível ver várias mensagens que foram enviadas por Carla apagadas.
O laudo complementar de necropsia realizado no cadáver exumado de Fernanda atestou que a causa de sua morte foi intoxicação exógena, provocada por envenenamento. Mesmo que o exame toxicológico não tenha sido capaz de identificar as substâncias, o documento do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP) comprova que a eliminação do organismo de chumbinho é rápida.
No laudo de exame complementar de pesquisa indeterminada de substância tóxica em amostra biológica apresentou evidências de compostos carbofuran e terbufós no material gástrico de Bruno. Esse documento comprovou que o pesticida, chumbinho, estava presente no organismo do estudante.
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